Grupo extremista divulga imagens de suposta execução na Síria e ameaça Moscou com ataques. Vídeo mostra homem confessando, em russo, que fazia parte de serviço de inteligência da Rússia.
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Um vídeo divulgado pelo grupo extremista "Estado Islâmico" (EI) nesta quarta-feira (02/12) supostamente mostra a decapitação de um homem que os jihadistas afirmaram ser um espião russo. O executado teria estado na Síria e no Iraque desde o ano passado.
As imagens mostram um homem vestindo um macacão laranja sentado. Em russo, ele dá detalhes de seu aparente recrutamento pelos serviços de inteligência da Rússia e confessa estar espionando o EI. Depois disso, em outro local, aparece um jihadistas que ameaça, também em russo, Moscou e o presidente Vladimir Putin com ataques, antes de decapitar o espião.
De acordo com o serviço de monitoramento Site, o vídeo foi filmado na província de Raqqa, o principal reduto do EI na Síria. Moscou não comentou as imagens, cuja autenticidade ainda não foi confirmada.
Essa é a primeira vez que o grupo terrorista apresenta um refém da Rússia. Moscou não relatou a captura de cidadãos do país pelos jihadistas. Essa também é a primeira suposta execução de um russo desde que o país deu início a bombardeios aéreos contra alvos do EI na Síria, no final de setembro.
Em janeiro, o grupo extremista divulgou um vídeo no qual mostra um menino atirando contra dois homens acusados de serem espiões russos. O grupo terrorista já decapitou reféns de diversos países.
Moscou se tornou um alvo potencial do "Estado Islâmico" depois de iniciar os ataques aéreos contra o grupo. Os jihadistas reivindicaram o ataque a bomba que derrubou um avião russo na península egípcia do Sinai em outubro, matando as 224 pessoas a bordo.
A milícia terrorista disse que tinha inicialmente planejado derrubar um avião pertencente a um país integrante da coalizão internacional liderada pelos EUA, mas que mudou de ideia depois que Moscou começou a sua própria campanha na Síria.
CN/rtr/afp
"Estado Islâmico" tenta apagar história
Militantes do EI estão destruindo artefatos culturais de milhares de anos no Iraque. O estrago foi condenado mundo afora e fez o Iraque pedir ajuda internacional.
Foto: Mohammad Kazemian
Acabando com o patrimônio
Militantes do "Estado Islâmico" (EI) saquearam e destruíram estátuas em museus de Mossul, no norte do Iraque. Acredita-se que as relíquias pertenciam à antiga civilização mesopotâmica. Os jihadistas, que tomaram grande parte do Iraque e da Síria, afirmam que sua interpretação do islã exige que as estátuas e artefatos culturais sejam destruídos. Muitos estudiosos do islã condenam a ação do grupo.
Estas são as ruínas de Hatra, construída há 2 mil anos pelo Império Selêucida, que controlava grande parte do mundo antigo. Segundo relatos, militantes do EI trouxeram escavadeiras para destruir a cidade. "A luta deles é por identidade, querem destruir a região, principalmente o Iraque, e seus patrimônios da humanidade", disse o ministro do Turismo do Iraque, Adel Shirshab.
Os membros do grupo militante também destruíram parte de Nínive, antiga cidade no norte do Iraque, considerada o berço da civilização por muitos arqueólogos ocidentais. "Já era esperado que o EI a destruísse", disse o ministro do Turismo iraquiano aos jornalistas. A ONU classificou a destruição de "crime de guerra".
"O céu não está nas mãos dos iraquianos. Por isso, a comunidade internacional tem que tomar uma atitude", disse o ministro do Turismo do Iraque ao pedir ataques aéreos contra os extremistas do EI. Bagdá afirmou que os militantes do EI estão desafiando "a vontade do mundo e os sentimentos de humanidade".
Os militantes do EI afirmam que as esculturas antigas entram em contradição com sua interpretação radical dos princípios do islã, que proíbem a adoração de estátuas. E quando os jihadistas não as estão destruindo, estão lucrando com elas. Especialistas afirmam que o grupo está faturando no mercado internacional com a venda de estátuas menores, enquanto as maiores são destruídas.
Estudiosos costumam comparar a destruição do patrimônio cultural por parte do EI à demolição dos Budas Gigantes de Bamiyan, pelos talibãs afegãos, em 2001. Hoje, há somente um espaço vazio onde as grandes estátuas ficavam. Entretanto, alguns temem que o estrago causado pelo EI às ruínas da antiga civilização mesopotâmica, pioneira da agricultura e da escrita, possa ser ainda mais devastador.