"Estado Islâmico" destrói mesquita icônica em Mossul
22 de junho de 2017
Em fuga, combatentes do grupo extremista colocam explosivos em mesquita do século 12, afirma governo iraquiano. Jihadistas desmentem e culpam coalizão liderada pelos EUA. No local, líder do EI proclamou "califado".
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Com o avanço da ofensiva iraquiana para libertar Mossul do "Estado Islâmico" (EI), combatentes do grupo terrorista destruíram nesta quarta-feira (21/06) a mesquita Al Nuri, segundo o Ministério da Defesa do Iraque. No local, o líder dos extremistas, Abu Bakr al-Baghdadi, proclamou o "califado" em 29 de junho de 2014.
O porta-voz do Comando de Operações Conjuntas, Yahya Rasul, disse à emissora de televisão curdo-iraquiana Rudaw que os combatentes do EI colocaram explosivos no templo do século 12 durante sua fuga. A mesquita era tida como um prêmio simbólico na luta pelo controle da segunda maior cidade iraquiana.
Numa mensagem publicada na agência de notícias Amaq, ligada ao grupo extremista, após o anúncio do ministério iraquiano, o EI acusou a coalizão internacional, liderada pelos Estados Unidos, de destruir a mesquita num bombardeio. A coalizão nega a acusação e afirma que não realizou ataques aéreos na região no momento da destruição.
Horas antes da destruição, as forças iraquianas anunciaram que estavam prontas para invadir a mesquita, destacada pelo seu minarete inclinado, conhecido como Al Hadba.
As forças de segurança iraquianas divulgaram imagens captadas por câmeras aéreas nas quais se veem as ruínas da mesquita destruída.
Um comandante das forças antiterroristas, Sami Kadem al-Ardi, disse que, após "violentos combates" iniciados nesta madrugada e que se estenderam durante todo o dia, as suas unidades chegaram "a dezenas de metros" do acesso da mesquita.
Os extremistas estão encurralados pelas forças iraquianas nas últimas ruas que ocupam naquele que foi o seu principal bastião no Iraque, depois que na segunda-feira passada foi anunciada a fase final da ofensiva de Mossul.
A campanha de Mossul começou em outubro do ano passado e levou mais de 850 mil pessoas a abandonarem suas casas. Em janeiro conseguiu libertar os bairros ao leste do rio Tigre e, desde fevereiro, as tropas iraquianas estão combatendo os terroristas no oeste da cidade, que antes da ocupação do EI, em 2014, chegou a ter cerca de 2 milhões de habitantes.
CN/efe/ap/afp
A guerra particular das mulheres contra o "Estado Islâmico"
Em meados de 2014, a organização jihadista EI invadiu os territórios dos yazidis no norte do Iraque. Centenas de mulheres foram sequestradas, violentadas, escravizadas. Agora elas lutam contra os terroristas.
Foto: Reuters/A. Jadallah
Localizando o inimigo
Perto da cidade de Mossul, no Iraque, a combatente curda Haseba Nauzad examina de binóculo a linha de front que separa o território curdo daquele controlado pela organização terrorista "Estado Islâmico" (EI). Em cooperação com o Exército iraquiano, os curdos ganham cada vez mais terreno contra os jihadistas.
Foto: Reuters/A. Jadallah
Vanguarda da resistência
Inimigo localizado, é hora de atirar. Juntamente com a camarada yazidi Asema Dahir (3ª da dir.) e outras combatentes, Haseba mira os terroristas do EI. Como as ofensivas aéreas não bastam para derrotar os jihadistas, as yazidis e curdas formam a linha de frente no combate de solo.
Foto: Reuters/A. Jadallah
Visão desimpedida
Haseba Nauzad prende os cabelos num rabo de cavalo: para mirar com exatidão, nada pode atrapalhar a visão. Para os ocidentais pouco mais do que um capricho da moda, o "military look" reflete uma sofrida realidade tanto aqui no Iraque como na Síria.
Foto: Reuters/A. Jadallah
Companheiro fiel e símbolo de outros tempos
Asema Dahir faz uma pausa no combate. O ursinho de pelúcia vermelho que leva no braço é um símbolo de uma passado pacífico, encerrado abruptamente em meados 2014 com o ataque do EI. Para muitas mulheres yazidis começou aí uma época de sofrimento e de ruptura com tudo o que lhes era mais caro.
Foto: Reuters/A. Jadallah
Imagem eloquente
O "Estado Islâmico" não teve piedade nem com os mais fracos. Implacavelmente perseguidos pelos fundamentalistas, em meados de 2014 centenas de milhares tiveram que procurar abrigo. Na época, esta foto de um ancião e suas acompanhantes deu a volta ao mundo como símbolo do sofrimento dos yazidis.
Foto: Reuters
Trauma de uma adolescente
Esta jovem yazidi não quis mostrar o rosto. Logo após a chegada do EI, ela foi forçada a se casar, aos 15 anos, com um militante do grupo. Dois meses mais tarde conseguiu escapar e agora vive novamente com a família. E relata horrores quase indizíveis.
Foto: picture-alliance/AP Photo/D. Bennett
Depois da batalha
Meses a fio, os jihadistas do EI também sitiaram a cidade de Kobane, no norte da Síria, bem na fronteira com a Turquia. Lá os curdos ofereceram resistência desesperada, até conseguir vencer os terroristas com a ajuda da Força Aérea americana. Para trás ficou um mar de ruínas.
Foto: Getty Images/AFP/Y. Akgul
União que faz a força
O EI ataca a todos que não compartilhem sua ideologia. Ele aposta numa tática divisiva, tentando instigar as diferentes confissões religiosas e etnias umas contra as outras. Nem sempre funciona: há muito, curdas e yazidis tornaram-se aliadas – o que já representa uma vitória simbólica contra os jihadistas.
Foto: Reuters/A. Jadallah
Não à escravidão
Do ponto de vista militar, o "Estado Islâmico" ainda não está vencido, continuando a deter o controle sobre vastas regiões na Síria e no Iraque. As curdas e yazidis seguirão combatendo-o, e de quebra dão uma lição aos fundamentalistas: as mulheres não nasceram para ser escravas.