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"Estado Islâmico" domina província estratégica na Síria

24 de agosto de 2014

Após intensos embates em Al Raqqa, no nordeste sírio, extremistas ocupam base militar que era último bastião do governo em Damasco na região. Catar nega apoio financeiro a grupo radical.

Foto: Reuters

Combatentes do grupo extremista sunita "Estado Islâmico" (EI) tomaram neste domingo (24/08) uma base aérea Al Tabqa, no nordeste da Síria, eliminando o último bastião do governo na província de Al Raqqa, dominada pelos jihadistas.

Há dias, os extremistas deram início a uma ofensiva para dominar a estratégica área do aeroporto militar, que contém uma das mais significativas instalações militares do governo sírio, com vários aviões de guerra, helicópteros, tanques, artilharia e munição.

Após inúmeras tentativas frustradas, o EI conseguiu invadir Al Tabqa neste domingo, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos. Dezenas de soldados morreram na ação.

"Com isso, Al Raqqa é a primeira província onde o governo sírio perdeu totalmente o controle", afirmou o diretor do Observatório, Rami Abdel Rahman. A informação também foi confirmada pela organização Comitês de Coordenação Local e pela agência de notícias estatal síria Sana.

Desde junho, o "Estado Islâmico" vem ganhando força e tomando o controle de teritórios no norte e oeste do Iraque, onde os radicais proclamaram um califado. As ações na província síria de Al Raqqa começaram no início de junho e já vitimaram 100 combatentes do EI e 25 soldados sírios.

Jihadista comemora vitória sobre tropas sírias nas proximidades do aeroporto de Al RaqqaFoto: Reuters

Catar nega ajuda financeira

O ministro do Exterior do Catar, Khalid Bin Mohamed al Attiyah, rechaçou as acusações de que o emirado estaria financiando o "Estado Islâmico". Ele garantiu que seu país não financia nem pretende financiar grupos extremistas "de maneira alguma", ressaltando que "abomina" os métodos violentos de grupos extremistas e condena o "assassinato bárbaro" do jornalista americano James Foley.

Attyiah afirmou ser necessária uma ação "determinada e coletiva" para acabar com a violência do EI no Iraque e na Síria. Segundo ele, é preciso fechar a fonte de financiamento de grupos extremistas nesses países.

O Catar financia diversos grupos rebeldes que lutam na Síria pelo fim do regime do presidente Bashar al Assad. O EI também enfrenta as tropas de Damasco em várias regiões da Síria, mas tem entrado em conflito com outros grupos rebeldes no país.

Há poucos dias, o ministro alemão de Desenvolvimento, Gerd Müller, sugeriu, durante uma entrevista ao canal de televisão ZDF, que o emirado árabe poderia estar apoiando os jihadistas. A declaração, porém, logo foi amenizada pela diplomacia de Berlim.

O Catar também é acusado de apoiar o grupo fundamentalista palestino Hamas, considerado organização terrorista por Israel e pelo Ocidente. O país do Golfo Pérsico ofereceu exílio ao líder do grupo Khaled Mashaal, e é um dos padrinhos financeiros da Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas. O Catar nega ter dado ajuda financeira aos extremistas palestinos e tem procurado intermediar uma trégua entre o grupo e Israel.

Refém alemão liberado

De acordo com o jornal alemão Welt am Sonntag, um alemão de 27 anos que havia sido refém do "Estado Islâmico" por quase um ano foi solto em junho passado, após uma negociação envolvendo o governo da Alemanha e o grupo sunita. A libertação seria sido acordada diante de uma "compensação substancial".

Segundo a reportagem, a Polícia Federal, o Departamento de Crise do Ministério do Exterior e o serviço alemão de inteligência estiveram envolvidos com o caso durante meses. O Ministério do Exterior não negou nem desmentiu a informação.

O jornal conta que o jovem alemão foi sequestrado por extremistas no ano passado na Síria, onde queria prestar ajuda humanitária. A família do rapaz teria recebido um vídeo com imagens dele e com exigência de resgate em dinheiro.

MSB/afp/ap

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