"Estado Islâmico" explode Templo de Bel em Palmira
31 de agosto de 2015
Uma semana após a confirmação da destruição templo de Baal-Shamin pelos jihadistas, ONG denuncia ataque ao mais importante marco histórico da cidade síria. Milícia terrorista ainda não confirmou atentado.
Anúncio
Extremistas do "Estado Islâmico" (EI) destruíram neste domingo (30/08) parte do Templo de Bel, na cidade síria de Palmira. Segundo a organização Observatório Sírio dos Direitos Humanos, com sede em Londres, os jihadistas colocaram explosivos no templo, danificando, ao menos parcialmente, a construção de cerca de 2 mil anos, considerada a mais importante da cidade histórica.
Este seria o segundo ataque realizado pelo EI em Palmira nos últimos dias, uma semana após a confirmação da destruição do templo de Baal-Shamin pelos extremistas.
Mohamed Hassan al-Homsi, um ativista em Palmira, confirmou a destruição parcial do templo de Bel. "Este era o mais importante templo para os turistas e para a população de Palmira. Eles costumavam realizar festivais no local", lamentou o ativista, que utiliza um pseudônimo.
Um morador da cidade identificado como Nasser al-Thaer afirmou que o cenário no local é de "destruição total", e que apenas a parede externa que cerca o templo ainda permanece em pé.
O diretor de antiguidades da Síria, Maamoun Abdelkarim, disse que não podia confirmar a destruição do tempo. "Sempre surgem rumores sobre as ruínas, então temos que tomar cuidado com notícias como essa", alertou. Até o momento o EI não disponibilizou imagens do ataque.
Palmira, cidade declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, é um oásis bem preservado, localizado a 210 quilômetros da capital, Damasco. Antes do início dos conflitos no país, a cidade recebia mais de 150 mil turistas todos os anos.
RC/ap/afp
Os tesouros arqueológicos de Palmira
Ruínas dessa antiga cidade são testemunhas de tempos de glória e uma importante herança cultural. Elas estão ameaçadas pela guerra civil na Síria e pela presença do "Estado Islâmico".
Foto: picture-alliance/dpa/Scholz
Ruínas de um passado glorioso
No meio do deserto da Síria ficam as ruínas da antiga cidade de Palmira, que em tempos passados floresceu graças ao comércio. Por centenas de anos, caravanas de comerciantes passaram pela cidade, seguindo a chamada Rota da Seda, que ia até a China. Quando os tempos áureos viraram história, as areias do deserto acabaram tomando conta a cidade.
Foto: Fotolia/bbbar
Templo de Bel
Esta construção foi erguida para um grande deus mesopotâmio. No primeiro século depois de Cristo, os habitantes de Palmira construíram um tempo em estilo romano para a divindade Bel. O custo da obra teria sido arcado pelos romanos, em agradecimento pela adesão da cidade ao Império Romano. As paredes do templo carregam marcas de balas, resultado da guerra civil na Síria.
Foto: picture-alliance/blickwinkel/F. Neukirchen
Caminho das preciosidades
Esta avenida marcada por colunas tem quase um quilômetro de extensão e foi construída no século 2. Na entrada está o Arco de Adriano, erguido em homenagem ao imperador romano. O estilo greco-romano estava na moda na época, com alguns arabescos orientais. Pela estrada eram transportados temperos, perfumes, pedras preciosas e outros tesouros.
Foto: Louai Beshara/AFP/Getty Images
Monumento em estilo romano
Este tetrápilo fica num cruzamento de ruas. São quatro nichos cobertos, cada um deles formado por quatro colunas de granito rosa, extraído das pedreiras da cidade egípcia de Assuã. Antigamente, os nichos abrigavam estátuas. Quase todas as colunas foram reconstituídas. Apenas uma é original.
Foto: Fotolia/waj
Deus do vento
O deus do vento se chamava Baal-Shamin. De fato, o templo dele foi menos deteriorado pelas tempestades de areia do que os templos fúnebres localizados no outro extremo da avenida das colunas. Acredita-se que o templo tenha sido construído pelos fenícios, que posteriormente ocuparam a região. Não se sabe ao certo, porém, quando exatamente ele foi construído.
Foto: picture-alliance/dpa/Scholz
Dramas orientais
Palmira tinha muitas características de uma cidade greco-romana: as colunas, as termas e também o anfiteatro. No palco dele, que era a fachada de um palácio, eram encenados dramas orientais. As peças, escritas em aramaico, se perderam. O teatro também era usado como palco de lutas de gladiadores e de animais.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Marczok
Fórum da classe alta
Estas colunas da ágora, o espaço público central da cidade, ostentavam 200 estátuas que homenageavam as figuras mais poderosas da elite de Palmira. Na parte sudoeste da ágora estão as ruínas de uma construção que possivelmente serviu para as reuniões do conselho da cidade. Dele faziam parte as mais influentes famílias de comerciantes, aquelas que definiam os rumos de Palmira.
Foto: picture-alliance/Robert Harding World Imagery/C. Rennie
Túmulos luxuosos
Do lado de fora da cidade há vários mausoléus. Famílias importantes construíam torres altas, com espaço para os mortos de várias gerações. As últimas moradas de alguns representantes dessas famílias são sarcófagos ricamente ornamentados. Há ainda diversos sepulcros subterrâneos, adornados com afrescos. As sepulturas são um testemunho do cotidiano e das riquezas dos tempos áureos.
Foto: Imago/A. Schmidhuber
Ameaçada pela guerra
No século 3, Palmira se tornou uma base militar. A queda da rainha Zenóbia deu origem a uma reviravolta no poder. Os tempos áureos ficaram para trás, o brilho da cidade começou a ser apagado pela areia. Desde 2001, as ruínas sofrem as consequências da guerra civil na Síria. A nova ameaça são os jihadistas do "Estado Islâmico".