"Estado Islâmico" explode torres milenares em Palmira
4 de setembro de 2015
Jihadistas prosseguem campanha de destruição da cidade histórica, considerada patrimônio da humanidade pela Unesco. São poucos os monumentos que continuam de pé no local.
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Extremistas do "Estado Islâmico" (EI) explodiram várias das torres funerárias da cidade histórica de Palmira, informou nesta sexta-feira (04/09) o diretor do departamento de antiguidades e museus de Damasco, Maamoun Abdulkarim.
Com o último atentado, o EI prossegue sua campanha de destruição da cidade capturada em maio, considerada patrimônio da humanidade pela Unesco, além de outras locais históricos nos territórios sob seu controle na Síria e no Iraque.
Abdulkarim afirmou que entre as sete torres funerárias destruídas estavam as três mais preservadas e mais valorizadas do local, incluindo a Torre de Elahbel.
"Recebemos relatos há dez dias, mas apenas agora pudemos confirmar as notícias", contou. "Obtivemos imagens de satélite da organização Iniciativa do Legado da Síria, sediada nos Estados Unidos, datadas do dia 2 de setembro."
A Unesco considera as torres como os "mais antigos e mais distintos" monumentos funerários de Palmira. "Os edifícios de arenito de vários andares pertencia às famílias mais ricas", afirma a entidade.
Abdulkarim conta que a Torre de Jambalik, do ano 83 A.C, também foi destruída, juntamente com a Torre de Ketout, de 44 A.C., famosa pelas cenas pintadas em suas paredes.
Ele diz que as torres eram símbolos da força econômica de Palmira no século 1, quando o oásis no deserto dominava as rotas de comércio entre o leste e o oeste. Alguns monumentos em Palmira ainda estão intactos, como o Templo de Nabu e o anfiteatro que chegou a ser utilizado pelo EI como cenário da execução de 25 soldados sírios.
No ultimo domingo, os terroristas explodiram o Templo de Bel, de dois séculos de existência. Pouco antes, o templo de Baal-Shamin também havia sido alvo da campanha de destruição dos jihadistas.
Em meados de agosto, os jihadistas do EI executaram Khaled al-Assad, que exerceu por 50 anos o cargo de chefe de arqueologia de Palmira, por ter escondidos tesouros culturais dos extremistas.
A Unesco considera a destruição do patrimônio de Palmira "um crime intolerável contra a civilização".
RC/ap/afp
Os tesouros arqueológicos de Palmira
Ruínas dessa antiga cidade são testemunhas de tempos de glória e uma importante herança cultural. Elas estão ameaçadas pela guerra civil na Síria e pela presença do "Estado Islâmico".
Foto: picture-alliance/dpa/Scholz
Ruínas de um passado glorioso
No meio do deserto da Síria ficam as ruínas da antiga cidade de Palmira, que em tempos passados floresceu graças ao comércio. Por centenas de anos, caravanas de comerciantes passaram pela cidade, seguindo a chamada Rota da Seda, que ia até a China. Quando os tempos áureos viraram história, as areias do deserto acabaram tomando conta a cidade.
Foto: Fotolia/bbbar
Templo de Bel
Esta construção foi erguida para um grande deus mesopotâmio. No primeiro século depois de Cristo, os habitantes de Palmira construíram um tempo em estilo romano para a divindade Bel. O custo da obra teria sido arcado pelos romanos, em agradecimento pela adesão da cidade ao Império Romano. As paredes do templo carregam marcas de balas, resultado da guerra civil na Síria.
Foto: picture-alliance/blickwinkel/F. Neukirchen
Caminho das preciosidades
Esta avenida marcada por colunas tem quase um quilômetro de extensão e foi construída no século 2. Na entrada está o Arco de Adriano, erguido em homenagem ao imperador romano. O estilo greco-romano estava na moda na época, com alguns arabescos orientais. Pela estrada eram transportados temperos, perfumes, pedras preciosas e outros tesouros.
Foto: Louai Beshara/AFP/Getty Images
Monumento em estilo romano
Este tetrápilo fica num cruzamento de ruas. São quatro nichos cobertos, cada um deles formado por quatro colunas de granito rosa, extraído das pedreiras da cidade egípcia de Assuã. Antigamente, os nichos abrigavam estátuas. Quase todas as colunas foram reconstituídas. Apenas uma é original.
Foto: Fotolia/waj
Deus do vento
O deus do vento se chamava Baal-Shamin. De fato, o templo dele foi menos deteriorado pelas tempestades de areia do que os templos fúnebres localizados no outro extremo da avenida das colunas. Acredita-se que o templo tenha sido construído pelos fenícios, que posteriormente ocuparam a região. Não se sabe ao certo, porém, quando exatamente ele foi construído.
Foto: picture-alliance/dpa/Scholz
Dramas orientais
Palmira tinha muitas características de uma cidade greco-romana: as colunas, as termas e também o anfiteatro. No palco dele, que era a fachada de um palácio, eram encenados dramas orientais. As peças, escritas em aramaico, se perderam. O teatro também era usado como palco de lutas de gladiadores e de animais.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Marczok
Fórum da classe alta
Estas colunas da ágora, o espaço público central da cidade, ostentavam 200 estátuas que homenageavam as figuras mais poderosas da elite de Palmira. Na parte sudoeste da ágora estão as ruínas de uma construção que possivelmente serviu para as reuniões do conselho da cidade. Dele faziam parte as mais influentes famílias de comerciantes, aquelas que definiam os rumos de Palmira.
Foto: picture-alliance/Robert Harding World Imagery/C. Rennie
Túmulos luxuosos
Do lado de fora da cidade há vários mausoléus. Famílias importantes construíam torres altas, com espaço para os mortos de várias gerações. As últimas moradas de alguns representantes dessas famílias são sarcófagos ricamente ornamentados. Há ainda diversos sepulcros subterrâneos, adornados com afrescos. As sepulturas são um testemunho do cotidiano e das riquezas dos tempos áureos.
Foto: Imago/A. Schmidhuber
Ameaçada pela guerra
No século 3, Palmira se tornou uma base militar. A queda da rainha Zenóbia deu origem a uma reviravolta no poder. Os tempos áureos ficaram para trás, o brilho da cidade começou a ser apagado pela areia. Desde 2001, as ruínas sofrem as consequências da guerra civil na Síria. A nova ameaça são os jihadistas do "Estado Islâmico".