Investigadores americanos tratam mensagem com cautela e dizem que ainda não há indício de ligação entre autor do massacre e organização jihadista. Atirador jurou lealdade ao EI antes da matança.
Anúncio
Massacre em boate gay choca EUA
01:05
O "Estado Islâmico" reivindicou a autoria do ataque deste domingo (12/06) em Orlando, na Flórida, que deixou ao menos 50 mortos e foi o massacre a tiros mais mortal da histórica americana. Investigadores, no entanto, tratam a mensagem com cautela, embora reconheçam que o atirador possa ter se inspirado na organização extremista.
O comunicado foi divulgado em inglês e árabe através da agência de notícias Amaq, que é ligada aos jihadistas. O "Estado Islâmico" costuma reivindicar com rapidez atentados ocorridos no Ocidente, mesmo os realizados pelos chamados "lobos solitários" – que operam sem coordenação com células da organização.
"O ataque armado contra uma boate gay na cidade de Orlando no Estado americano da Flórida, que deixou mais de 100 pessoas mortas ou feridas, foi realizado por um combatente do Estado Islâmico", diz o texto divulgado.
O atirador foi identificado como Omar Siddiqui Mateen, cidadão americano de ascendência afegã que vivia em Port St. Lucie, também na Flórida. Nascido em Nova York, o jovem de 29 anos trabalhava como segurança privado e era vigiado pelo FBI desde 2013.
Os primeiros detalhes sobre o atirador sugerem um homem instável, violento, homofóbico e simpatizante do "Estado Islâmico". Mateen teria ligado para o número de emergência da polícia de Orlando antes do massacre para jurar lealdado ao líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi.
Agentes do Departamento de Segurança Nacional, porém, disseram a membros do Congresso numa reunião de emergência que, embora ele tenha se inspirado nos jihadistas, não há qualquer indício de que tenha sido treinado ou instruído pelo "Estado Islâmico".
O casal que matou 14 pessoas em dezembro, na cidade californiana de San Bernardino, também jurou lealdade ao "Estado Islâmico", mas investigadores descartaram que os dois tenham tido qualquer contato com os jihadistas.
Armado com um rifle e uma pistola, Mateen abriu fogo na casa noturna Pulse, matou 50 pessoas, feriu outras 53 e fez reféns por cerca de três horas, antes de ser morto pela polícia.
O presidente Barack Obama classificou o massacre como um ato de ódio e terror e um ataque contra todos os americanos. Ele aproveitou o discurso deste domingo para reforçar a necessidade de debate sobre o porte de armas nos EUA, instando os americanos a pensar se este é o país onde querem estar.
"Nós sabemos o suficiente para dizer que foi um ato de terror e um ato de ódio", discursou Obama na Casa Branca, referindo-se ao massacre a tiros como "o mais mortal da história americana". "É uma lembrança soberana de que ataques contra qualquer americano, independentemente de raça, etnia, religião e orientação sexual, é um ataque contra todos nós."
RPR/rtr/ap
O massacre de Orlando
Os Estados Unidos viveram o maior massacre a tiros de sua história: um homem armado abriu fogo em uma casa noturna na Flórida deixando dezenas de mortos e feridos, antes de ser morto pela polícia.
Foto: picture-alliance/AP Images/B. Self
No fim da noite
O tiroteio na casa noturna Pulse, em Orlando, começou por volta das 2h (horário local), pouco antes de o clube fechar. "Todos estavam bebendo o último drinque", conta um sobrevivente. O atirador abriu fogo e matou ao menos 50 pessoas. Mais de 50 outras ficaram feridas.
Foto: picture-alliance/AP Photo/P. M. Ebenhack
Reféns por três horas
O homem armado com um rifle e uma pistola abriu fogo contra os frequentadores do clube noturno Pulse, na área central da cidade, e fez reféns por cerca de três horas. A polícia decidiu entrar no local e chegou a trocar tiros com o atirador, que foi morto. Não se sabe quantos dos reféns foram mortos na troca de tiros.
Foto: picture-alliance/AP Photo/P. M. Ebenhack
Ação da Swat
Agentes da Swat, forças especiais da polícia americana, entraram na Pulse por volta das 5h (horário local) e mataram o homem.
Foto: picture-alliance/AP Photo/P. M. Ebenhack
Estado de emergência
O maior massacre da história dos Estados Unidos fez a Flórida e a cidade de Orlando declararem estado de emergência. A Casa Branca informou que o presidente americano, Barack Obama, está acompanhando as investigações junto ao FBI.
Foto: Reuters/K. Kolczynski
"Você reza para não levar um tiro"
"Pensei, isso é sério? Então só me agachei. E disse 'por favor, por favor, quero conseguir sair daqui'. E quando eu fui, vi pessoas baleadas. Vi sangue. Você reza para não levar um tiro", contou Christopher Hansen, que estava na área VIP da boate quando o homem armado com um rifle e uma pistola começou o massacre. Na foto, parente de vítima é consolado em frente à casa noturna.
Foto: Reuters/S. Nesius
Tiros ininterruptos
"Pessoas na pista de dança e no bar se deitaram no chão e alguns de nós que estávamos no bar e perto da saída conseguimos sair e correr", lembra Ricardo Almodovar. Segundo o portorriquenho, os tiros foram disparados sem interrupção por cerca de um minuto.
Foto: picture-alliance/AP Photo/P. M. Ebenhack
Obama lamenta
O presidente americano afirmou que o maior massacre a tiros da história dos EUA foi um ataque contra todos os americanos e voltou tocar na questão do porte de armas, um discurso repetido em mesmo tom por Hillary Clinton.
Foto: Getty Images/A. Wong
Ruas isoladas
Mais de 12 horas após o ataque, as ruas em torno da discoteca continuavam isoladas. O incidente é investigado pelo FBI (a polícia federal americana) como um ato de terrorismo. Os primeiros detalhes sobre o atirador sugerem um homem instável, violento, homofóbico e simpatizante do "Estado Islâmico".
Foto: picture-alliance/AP Photo/C. O'Meara
Doação de sangue
Americanos fizeram fila em Orlando para doar sangue, após um apelo feito pelas autoridades locais. Pelo menos 53 pessoas ficaram feridas no ataque, muitas delas em estado grave.