Ativistas dizem que grupo terrorista controla boa parte da cidade histórica, oito meses após ter sido expulso do local pelos militares sírios. EUA confirmam morte de importante líder jihadista na Síria.
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O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) afirmou neste sábado (10/12) que "Estado Islâmico" (EI) controla novamente boa parte da cidade histórica de Palmira, na província de Homs, cerca de oito meses depois de ter sido expulso do local pelos militares sírios.
Os jihadistas avançaram pelos arredores do hospital de Palmira, na periferia noroeste da cidade que é considerada Patrimônio Mundial da Humanidade, após controlar o distrito Al-Ameriya, no norte.
Além disso, conseguiram dominar o monte Al-Tar, próximo à cidadela antiga, localizada nos arredores, que foi alvo do lançamento de projéteis e dos disparos de armas automáticas dos extremistas.
A organização não governamental sediada em Londres acrescentou que era possível ouvir o barulho da explosão de um carro-bomba do EI na região dos silos do sul e do aeroporto de Palmira.
Os combates prosseguem no sul da cidade e nos arredores da região de Al-Dua e do aeroporto de Palmira, a oeste, enquanto aviões de guerra bombardearam as áreas de Al-Ameriya e Basatín, no leste.
Enquanto isso, prosseguem os confrontos entre os jihadistas e os soldados do governo sírio em outras partes do leste de Homs, onde o EI iniciou uma ofensiva há dois dias e conquistou o monte Al Hial, os silos de Palmira, a fortaleza antiga de Al-Halabat e os campos de petróleo e gás de Yazal, Yahar e Al-Mahar.
Anteriormente, o Observatório tinha informado que um avião de guerra sírio tinha caído nos arredores da jazida de petróleo de Yazal por motivos que ainda se desconhecem. Além disso, não se sabe o paradeiro de sua tripulação.
Em maio de 2015, o EI desenvolveu uma ofensiva no leste de Homs na qual tomou Palmira, cujas ruínas são Patrimônio Mundial da Unesco e que esteve sob o jugo dos jihadistas durante dez meses, até que as forças armadas sírias recuperaram seu controle com o apoio da aviação russa no último dia 27 de março.
Morte de líder do EI
A coalização liderada pelos EUA confirmou a morte de um importante líder do EI na Síria. Segundo o porta-voz Ben Sakrisson, do Pentágono, "aviões da coalizão atacaram e mataram o tunisiano Boubaker al-Hakim em Raqqa, na Síria" em 26 de novembro.
"Al-Hakim era um líder do EI e terrorista de longa data, com fortes laços com elementos jihaldistas franceses e tunisianos", afirmou Sakrisson, acrescentando que Al-Hakim é também suspeito de envolvimento em ataques extremistas contra a liderança política da Tunísia.
"Sua eliminação prejudica a capacidade do EI de realizar novos ataques no Ocidente e priva o EI de um extremista veterano com grandes vínculos" e, ainda, "de uma figura-chave com grande envolvimento histórico e atual na facilitação de operações externas e prejudica sua capacidade de realizar ataques terroristas em todo o mundo", diz o comunicado.
No sábado, a aliança árabe-curda apoiada pelos EUA anunciou a "segunda fase" de sua campanha por Raqqa, o bastião sírio do EI, enquanto Washington afirma que enviará mais 200 soldados para apoiar a ofensiva.
A batalha por Raqqa coincide com uma vasta ofensiva apoiada pelos EUA para retomar a segunda maior cidade iraquiana, Mossul, das mãos os jihadistas.
Raqqa e Mossul são os últimos centros urbanos sob controle do EI após os jihadistas sofrerem uma série de perdas de territórios em ambos os países no ano passado.
FC/efe/afp/rtr
Os tesouros arqueológicos de Palmira
Ruínas dessa antiga cidade são testemunhas de tempos de glória e uma importante herança cultural. Elas estão ameaçadas pela guerra civil na Síria e pela presença do "Estado Islâmico".
Foto: picture-alliance/dpa/Scholz
Ruínas de um passado glorioso
No meio do deserto da Síria ficam as ruínas da antiga cidade de Palmira, que em tempos passados floresceu graças ao comércio. Por centenas de anos, caravanas de comerciantes passaram pela cidade, seguindo a chamada Rota da Seda, que ia até a China. Quando os tempos áureos viraram história, as areias do deserto acabaram tomando conta a cidade.
Foto: Fotolia/bbbar
Templo de Bel
Esta construção foi erguida para um grande deus mesopotâmio. No primeiro século depois de Cristo, os habitantes de Palmira construíram um tempo em estilo romano para a divindade Bel. O custo da obra teria sido arcado pelos romanos, em agradecimento pela adesão da cidade ao Império Romano. As paredes do templo carregam marcas de balas, resultado da guerra civil na Síria.
Foto: picture-alliance/blickwinkel/F. Neukirchen
Caminho das preciosidades
Esta avenida marcada por colunas tem quase um quilômetro de extensão e foi construída no século 2. Na entrada está o Arco de Adriano, erguido em homenagem ao imperador romano. O estilo greco-romano estava na moda na época, com alguns arabescos orientais. Pela estrada eram transportados temperos, perfumes, pedras preciosas e outros tesouros.
Foto: Louai Beshara/AFP/Getty Images
Monumento em estilo romano
Este tetrápilo fica num cruzamento de ruas. São quatro nichos cobertos, cada um deles formado por quatro colunas de granito rosa, extraído das pedreiras da cidade egípcia de Assuã. Antigamente, os nichos abrigavam estátuas. Quase todas as colunas foram reconstituídas. Apenas uma é original.
Foto: Fotolia/waj
Deus do vento
O deus do vento se chamava Baal-Shamin. De fato, o templo dele foi menos deteriorado pelas tempestades de areia do que os templos fúnebres localizados no outro extremo da avenida das colunas. Acredita-se que o templo tenha sido construído pelos fenícios, que posteriormente ocuparam a região. Não se sabe ao certo, porém, quando exatamente ele foi construído.
Foto: picture-alliance/dpa/Scholz
Dramas orientais
Palmira tinha muitas características de uma cidade greco-romana: as colunas, as termas e também o anfiteatro. No palco dele, que era a fachada de um palácio, eram encenados dramas orientais. As peças, escritas em aramaico, se perderam. O teatro também era usado como palco de lutas de gladiadores e de animais.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Marczok
Fórum da classe alta
Estas colunas da ágora, o espaço público central da cidade, ostentavam 200 estátuas que homenageavam as figuras mais poderosas da elite de Palmira. Na parte sudoeste da ágora estão as ruínas de uma construção que possivelmente serviu para as reuniões do conselho da cidade. Dele faziam parte as mais influentes famílias de comerciantes, aquelas que definiam os rumos de Palmira.
Foto: picture-alliance/Robert Harding World Imagery/C. Rennie
Túmulos luxuosos
Do lado de fora da cidade há vários mausoléus. Famílias importantes construíam torres altas, com espaço para os mortos de várias gerações. As últimas moradas de alguns representantes dessas famílias são sarcófagos ricamente ornamentados. Há ainda diversos sepulcros subterrâneos, adornados com afrescos. As sepulturas são um testemunho do cotidiano e das riquezas dos tempos áureos.
Foto: Imago/A. Schmidhuber
Ameaçada pela guerra
No século 3, Palmira se tornou uma base militar. A queda da rainha Zenóbia deu origem a uma reviravolta no poder. Os tempos áureos ficaram para trás, o brilho da cidade começou a ser apagado pela areia. Desde 2001, as ruínas sofrem as consequências da guerra civil na Síria. A nova ameaça são os jihadistas do "Estado Islâmico".