"Estado Islâmico" volta a destruir monumentos em Palmira
20 de janeiro de 2017
Jihadistas destroem Tetrápilo e fachada do Teatro Romano, que estão entre os mais famosos monumentos da cidade histórica. Grupo retomou controle de Palmira em dezembro.
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O "Estado Islâmico" (EI) destruiu um dos mais famosos monumentos da antiga cidade histórica de Palmira, o Tetrápilo, assim como a fachada do Teatro Romano, afirmou nesta sexta-feira (20/01) o chefe de Antiguidades da Síria, Maamoun Abdulkarim. A destruição foi qualificada pela Unesco como um "novo crime de guerra e uma imensa perda para o povo sírio e a humanidade".
O Tetrápilo, que marca uma ligeira curva ao longo da grande colunata de Palmira, consiste em uma plataforma quadrangular de pedra com quatro colunas agrupadas em cada um de seus cantos. Imagens de satélite enviadas por Abdulkarim à agência de notícias Reuters mostram o local severamente destruído, com apenas quatro das 16 colunas ainda de pé e em meio aos escombros. Segundo Abdulkarim, os estragos aconteceram entre os dias 26 de dezembro e 10 de janeiro.
As imagens também mostraram extensos danos ao Teatro Romano, onde colunas jazem desmoronadas sobre o palco. Em maio do ano passado, logo após Palmira ser recuperada do EI pela primeira vez, o mesmo teatro havia sido utilizado para a apresentação de uma orquestra russa.
Esta é a segunda vez desde o início da guerra na Síria, há seis anos, que o grupo jihadista controla a cidade de Palmira. A primeira começou em 2015, quando o EI tomou conta da cidade por dez meses. Em março do ano passado, forças governamentais e aliados russos conseguiram expulsar a milícia da cidade, mas em dezembro o local foi capturado novamente.
No início de dezembro, as milícias do "Estado Islâmico" surpreenderam ao retomar Palmira, um dos mais importantes centros culturais da antiguidade clássica, classificada pela Unesco como patrimônio da Humanidade. O "Estado Islâmico" havia ocupado Palmira de maio de 2015 até março de 2016, quando foi expulso pelas forças sírias, apoiadas por tropas russas.
IP/rtr/afp/lusa
Os tesouros arqueológicos de Palmira
Ruínas dessa antiga cidade são testemunhas de tempos de glória e uma importante herança cultural. Elas estão ameaçadas pela guerra civil na Síria e pela presença do "Estado Islâmico".
Foto: picture-alliance/dpa/Scholz
Ruínas de um passado glorioso
No meio do deserto da Síria ficam as ruínas da antiga cidade de Palmira, que em tempos passados floresceu graças ao comércio. Por centenas de anos, caravanas de comerciantes passaram pela cidade, seguindo a chamada Rota da Seda, que ia até a China. Quando os tempos áureos viraram história, as areias do deserto acabaram tomando conta a cidade.
Foto: Fotolia/bbbar
Templo de Bel
Esta construção foi erguida para um grande deus mesopotâmio. No primeiro século depois de Cristo, os habitantes de Palmira construíram um tempo em estilo romano para a divindade Bel. O custo da obra teria sido arcado pelos romanos, em agradecimento pela adesão da cidade ao Império Romano. As paredes do templo carregam marcas de balas, resultado da guerra civil na Síria.
Foto: picture-alliance/blickwinkel/F. Neukirchen
Caminho das preciosidades
Esta avenida marcada por colunas tem quase um quilômetro de extensão e foi construída no século 2. Na entrada está o Arco de Adriano, erguido em homenagem ao imperador romano. O estilo greco-romano estava na moda na época, com alguns arabescos orientais. Pela estrada eram transportados temperos, perfumes, pedras preciosas e outros tesouros.
Foto: Louai Beshara/AFP/Getty Images
Monumento em estilo romano
Este tetrápilo fica num cruzamento de ruas. São quatro nichos cobertos, cada um deles formado por quatro colunas de granito rosa, extraído das pedreiras da cidade egípcia de Assuã. Antigamente, os nichos abrigavam estátuas. Quase todas as colunas foram reconstituídas. Apenas uma é original.
Foto: Fotolia/waj
Deus do vento
O deus do vento se chamava Baal-Shamin. De fato, o templo dele foi menos deteriorado pelas tempestades de areia do que os templos fúnebres localizados no outro extremo da avenida das colunas. Acredita-se que o templo tenha sido construído pelos fenícios, que posteriormente ocuparam a região. Não se sabe ao certo, porém, quando exatamente ele foi construído.
Foto: picture-alliance/dpa/Scholz
Dramas orientais
Palmira tinha muitas características de uma cidade greco-romana: as colunas, as termas e também o anfiteatro. No palco dele, que era a fachada de um palácio, eram encenados dramas orientais. As peças, escritas em aramaico, se perderam. O teatro também era usado como palco de lutas de gladiadores e de animais.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Marczok
Fórum da classe alta
Estas colunas da ágora, o espaço público central da cidade, ostentavam 200 estátuas que homenageavam as figuras mais poderosas da elite de Palmira. Na parte sudoeste da ágora estão as ruínas de uma construção que possivelmente serviu para as reuniões do conselho da cidade. Dele faziam parte as mais influentes famílias de comerciantes, aquelas que definiam os rumos de Palmira.
Foto: picture-alliance/Robert Harding World Imagery/C. Rennie
Túmulos luxuosos
Do lado de fora da cidade há vários mausoléus. Famílias importantes construíam torres altas, com espaço para os mortos de várias gerações. As últimas moradas de alguns representantes dessas famílias são sarcófagos ricamente ornamentados. Há ainda diversos sepulcros subterrâneos, adornados com afrescos. As sepulturas são um testemunho do cotidiano e das riquezas dos tempos áureos.
Foto: Imago/A. Schmidhuber
Ameaçada pela guerra
No século 3, Palmira se tornou uma base militar. A queda da rainha Zenóbia deu origem a uma reviravolta no poder. Os tempos áureos ficaram para trás, o brilho da cidade começou a ser apagado pela areia. Desde 2001, as ruínas sofrem as consequências da guerra civil na Síria. A nova ameaça são os jihadistas do "Estado Islâmico".