Estados alemães criticam lentidão no procedimento de asilo
4 de dezembro de 2015
Segundo agência federal, 300 mil requerimentos estão empilhados. Na Renânia do Norte-Vestfália, por exemplo, um refugiado tem que esperar oito meses para dar entrada no pedido de asilo.
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A Agência Federal de Migração e Refugiados da Alemanha (Bamf, na sigla em alemão) será capaz de lidar com os requerimentos de asilos de refugiados recém-chegados somente a partir de maio, comunicou o novo chefe da agência, Frank-Jürgen Weise, nesta sexta-feira (04/12).
Na melhor das hipóteses, apenas em abril a agência terá um número necessário de encarregados qualificados e treinados. A partir de maio, 80 mil requerimentos de asilo poderão ser analisados por mês. Segundo Weise, até agora, o número de pedidos de asilo entregues na Alemanha aumentou de mil para 1.600 por dia – o que não representa nem a metade de novas chegadas de refugiados.
Ainda segundo o ministro, atualmente há um acúmulo de 300 mil requerimentos empilhados, apesar de a agência ter diminuído em 100 mil o número de pedidos pendentes. Nesta conta, no entanto, não estão incluídos os requerimentos de refugiados que ainda nem deram início aos seus processos.
Os secretários do Interior dos estados alemães criticaram a morosidade do processamento. "Instamos o governo federal insistentemente a uma aceleração dos procedimentos de asilo", pediu o presidente da Conferência de Secretários do Interior, Roger Lewentz, após a conclusão do encontro desta sexta-feira, em Koblenz. Segundo ele, Weise deixou de dar resposta aos estados alemães sobre questões importantes.
O secretário do Interior da Renânia do Norte-Vestfália, Ralf Jäger, exigiu um aceleramento considerável no processamento dos pedidos de asilo. No estado, refugiados estariam tendo que esperar oito meses simplesmente pelo início de seus processos de admissão ou deportação. Neste período, os migrantes estariam condenados a inação, criticou Jäger.
Ele alertou que, no ritmo atual, a Alemanha está caminhando em direção ao montante de 1 milhão de requerimentos de asilo. "Precisamos de um procedimento de asilo mais rápido", exigiu, acrescentando que é tarefa federal garantir um processo ordenado e rápido.
Os secretários do Interior dos estados pediram que a Bamf trabalhasse em dois turnos. Segundo Lewentz, que também é secretário do Interior da Renânia-Palatinado, Weise teria que resolver apenas as questões burocráticas para implementar substituições e representações que aliviariam a agência.
O representante de Mecklenburgo-Pomerânia Ocidental, Lorenz Caffier, lembrou que também as Secretarias de Interior e os municípios estão trabalhando em fins de semana para acomodar refugiados.
Segundo ele, é decepcionante notar que a chanceler federal alemã, Angela Merkel, espera sejam capazes de improvisar para controlar a situação, mas que não haja esforços para dialogar sobre a possibilidade de incluir dois turnos de trabalho na agência federal.
PV/epd/rtr/afp
Iniciativas a favor dos refugiados
Muitos alemães têm acolhido os refugiados e oferecido apoio a eles. Isso inclui também pessoas famosas, como o músico Udo Lindenberg e o ator Til Schweiger.
Foto: picture-alliance/dpa/B. von Jutrczenka
"Aktion Arschloch"
Esta iniciativa criada por um professor de música tentou levar o antigo hino antinazista "Schrei nach Liebe" ("Grito por amor") de volta às paradas. A música havia sido lançada pela banda Die Ärtze em 1993 e, 22 anos depois, de fato voltou às paradas, chegando ao primeiro lugar. Tanto a banda como as lojas online querem doar o valor arrecadado à organização Pro Asyl, que se dedica a refugiados.
Foto: aktion-arschloch.de
"Agora seremos amigos"
O roqueiro Udo Lindenberg fez em Bremen um show para cerca de cem refugiados e voluntários que trabalham nos abrigos. Entre as músicas executadas está uma novidade, a canção "Wir werden jetzt Freunde" (Agora seremos amigos), cuja letra é uma calorosa recepção aos refugiados: "Venha, agora seremos amigos, esta é a tua casa, e ninguém vai te expulsar daqui", canta o velho roqueiro.
Foto: picture-alliance/dpa/W. Kastl
Curso de alemão
O ator Til Schweiger criou uma fundação – com seu próprio nome – para auxiliar os refugiados. Ela conta com diversos apoiadores, como o técnico da seleção alemã, Jogi Löw, o rapper Thomas D e o ator Jan Josef Liefers. Com a fundação, Schweiger quer apoiar um abrigo de refugiados em Osnabrück, por exemplo oferecendo cursos de alemão.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Kalaene
Roupas "Refugees Welcome"
O trio de rap e electropop Deichkind foi à cerimônia de entrega do prêmio de música alemã Echo, em marco, vestindo roupas com a frase "Refugees Welcome" ("Refugiados são bem-vindos"). Camisetas e moletons com a expressão são vendidos na loja online da banda, e os lucros são doados para a organização Pro Asyl.
Foto: Reuters/Michael Sohn
Instrumentos musicais
"Esporte e música são as coisas que as pessoas têm para tornar a sua vida mais alegre", afirmou o compositor Heinz Rudolf Kunze em entrevista ao jornal "Neue Presse". Ele fez um apelo às pessoas para que elas doem instrumentos musicais aos refugiados. "Essas pessoas tão humilhadas não precisam apenas de roupas e alimentos, elas também precisam de algo para se ocupar", afirmou.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Weihs
Marcha para refugiados
A atriz Katja Riemann declarou ao jornal "Welt am Sonntag" que está planejando uma marcha em prol dos refugiados. Ela disse já estar em contato com a Anistia Internacional e a Pro Asyl. "Nós temos de voltar às ruas", ressaltou. "Não devemos deixá-las para os neonazistas ou para o Pegida."
Foto: picture-alliance/dpa/Wagner
"De saco cheio dos nazistas"
"O direito de asilo não é negociável, é um direito humano", afirma a campanha Kein Bock auf Nazis – expressão equivalente a "de saco cheio dos nazistas". A iniciativa conta com o apoio de 24 bandas e músicos alemães. Entre muitos outros estão nomes como Die Toten Hosen, Die Ärzte, Deichkind, Fettes Brot, Jan Delay, Tocotronic e Die Beatsteaks.