Estados Unidos têm recorde de casos diários de coronavírus
24 de outubro de 2020
Pela primeira vez desde o começo da pandemia, país teve mais de 80 mil infecções em 24 horas. Estudo prevê que até 500 mil pessoas possam morrer de covid-19 até fevereiro nos EUA.
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Os Estados Unidos ultrapassaram nesta sexta-feira (23/10) a marca de 80 mil casos diários de coronavírus pela primeira vez desde o começo da pandemia. De acordo com dados da Universidade Johns Hopkins, foram registradas 83.757 novas infecções em 24 horas – cerca de 12 mil a mais do que no dia anterior.
As autoridades, porém, ressaltam que os números são apenas parcialmente comparáveis aos da primavera no hemisfério norte, pois, agora, mais testes estão sendo realizados – e, portanto, mais infecções são descobertas.
Os EUA são o país mais afetado pela pandemia no mundo, com quase 8,5 milhões de infecções, cerca de um quinto do total mundial. O país registra quase 224 mil mortes oficiais em razão do coronavírus, mas acredita-se que o número possa ser ainda maior. Além disso, a pandemia também pode ser a causa indireta da morte de milhares de pessoas, segundo relatório do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) divulgado nesta semana. De acordo com o estudo, desde o início da pandemia de covid-19, o país já teve 300 mil mortes a mais do que o habitual,em comparação com anos anteriores.
Autoridades de saúde dizem que o aumento no número de casos de coronavírus se deve à reabertura de escolas e faculdades. Além disso, os contágios foram impulsionados por pequenas reuniões - muitas vezes eventos familiares – que disseminam o coronavírus e os levam para dentro das casas.
Em Maryland, o governador, Larry Hogan, afirmou nesta semana que as reuniões familiares são a principal fonte de transmissão no estado, seguida das festas em casa.
O número de casos nos Estados Unidos está aumentando rapidamente, sobretudo nos estados do Meio-Oeste e da região das Montanhas Rochosas. Wisconsin abriu um hospital de campanha. Dakota do Norte, que até recentemente tinha relativamente poucos casos, agora tem o maior número per capita do país. Em todo o oeste rural, estados como Alasca, Wyoming e Montana, que haviam escapado do pior da pandemia, agora vêem os casos dispararem. Pelo menos 34 estados relataram mais novos casos de covid-19 na última semana do que anterior, de acordo com dados da Johns Hopkins.
E, de acordo com especialistas, a tendência é que as infecções continuem aumentando. "Nós facilmente atingiremos seis dígitos [por dia] em termos de número de casos", disse Michael Osterholm, diretor do Centro de Pesquisa e Política de Doenças Infecciosas da Universidade de Minnesota, à CNN. "E as mortes vão aumentar vertiginosamente nas próximas três a quatro semanas", completou.
Normalmente, há um atraso de algumas semanas entre o crescimento do número de casos e o aumento de óbitos.
Meio milhão de mortes até fevereiro
Um estudo do Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde da Universidade de Washington (IHME, na sigla em inglês) estima que até 500 mil pessoas possam morrer nos Estados Unidos de covid-19 até o final de fevereiro. No entanto, segundo os pesquisadores, 130 mil vidas poderiam ser salvas se todos aderissem ao uso de máscara.
O estudo afirma que, com poucas opções eficazes de tratamento e nenhuma vacina ainda disponível, a covid-19 é "um desafio contínuo de saúde pública durante o inverno" nos EUA.
"Estamos caminhando para uma disparada substancial no outono e inverno", disse o diretor do IHME, Chris Murray, que co-liderou a pesquisa.
Segundo ele, as projeções, assim como as evidências atuais de taxas de infecção e de mortes crescentes, mostram que não há base para "a ideia de que a pandemia está indo embora".
O estudo do IHME prevê que estados grandes e populosos, como Califórnia, Texas e Flórida, enfrentarão níveis particularmente altos da doença, com várias mortes e alta demanda por recursos hospitalares.
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Tema político
Atualmente, a obrigatoriedade do uso de máscaras nos Estados Unidos varia amplamente. Enquanto alguns estados, como Nova York, têm regras rígidas sobre quando usar máscaras, outros não têm requisitos. A questão tornou-se política e é um dos principais temas da campanha eleitoral para a Casa Branca às vésperas do pleito de 3 de novembro.
Muitos apoiadores do presidente Donald Trump, candidato à reeleição pelo partido republicano, seguiram as dicas dele, que muitas vezes é visto sem máscara e questiona repetidamente sua utilidade. Trump chegou a afirmar erroneamente que 85% das pessoas que usam máscara contraem covid-19. Mesmo após ser infectado pelo coronavírus, ele seguiu minimizando a doença e reunindo centenas de pessoas em seus eventos de campanha.
Por outro lado, o candidato democrata, Joe Biden, vice-presidente no governo de Barack Obama, incentiva o uso da proteção e praticamente nunca é visto sem ela. Biden tem dedicado os últimos dias de campanha a criticar a reação de Trump à pandemia e afirmar que muitas vidas poderiam ter sido salvas se uma outra abordagem tivesse sido adotada.
O republicano afirmou que definitivamente não quer mais bloqueios. "O remédio não pode ser pior do que o próprio problema", disse o presidente. Biden, por sua vez, destacou que pretende seguir normas de segurança e manter lojas, escolas e outros estabelecimentos abertos quando for seguro.
O democrata acusou Trump de não fazer nada para combater a pandemia e de alegar falsamente que ela acabaria logo. "Qualquer pessoa responsável por tantas mortes não deve permanecer presidente dos Estados Unidos da América", disse Biden.
Sob a acusação de não assumir a responsabilidade pela crise, Trump respondeu: "Assumo total responsabilidade. Não é minha culpa que ele tenha chegado aqui. Não é culpa de Joe. É culpa da China".
Ele disse que os americanos "estão aprendendo a viver" com o coronavírus, já que não há outra escolha. Biden retrucou: "você diz que as pessoas estão aprendendo a viver com isso, as pessoas estão aprendendo a morrer com isso".
A pandemia impulsionou os americanos a votarem antecipadamente, para não terem de comparecer às seções eleitorais em 3 de novembro e evitarem aglomerações. Mais de 42 milhões de pessoas já registraram seus votos, um número recorde.
LE/rtr/ots
Celebridades e políticos que testaram positivo para covid-19
Várias estrelas de cinema contraíram o coronavírus. A doença varreu a elite política global e afetou também os melhores atletas.
Foto: Joshua Roberts/Reuters
Emmanuel Macron
O presidente da França foi diagnosticado com o coronavírus dias depois de uma cúpula dos líderes da União Europeia, o que levou várias autoridades do bloco a adotarem o isolamento. Nos dias que antecederam o resultado, ele se reuniu também com lideranças políticas da França e membros de seu gabinete. Seus assessores disseram que ele mantém estilo de vida saudável e se exercita regularmente.
Foto: Lewis Joly/AP Photo/picture alliance
Donald Trump
Após menosprezar a doença durante meses, o presidente dos Estados Unidos confirmou que ele e a primeira-dama, Melania Trump, estavam infectados com o coronavírus em plena reta final de sua campanha à reeleição. Trump raramente aparecia em público usando máscaras de proteção e ignorou em diversas ocasiões os alertas das autoridades de saúde.
Foto: picture-alliance/CNP/A. Drago
Andrzej Duda
O presidente da Polônia, Andrzej Duda, testou positivo para o coronavírus, anunciou um porta-voz no dia 24 de outubro. Dias antes, ele esteve em um fórum de investimento na Estônia, onde se encontrou com o presidente búlgaro, Rumen Radev, que entrou em isolamento profilático depois de ter contato com alguém infectado em seu país de origem. No entanto, não foi confirmado como Duda se contaminou.
Foto: Photoshot/picture-alliance
Andrea Bocelli
O tenor italiano Andrea Bocelli testou positivo para o novo coronavírus em março. Ele relatou que teve apenas febre leve, e no mês seguinte, já fez uma apresentação na Catedral de Milão, vazia devido às regras de restrição.
Foto: Getty Images/S.Legato
Robert Pattinson
O ator, de 34 anos, mais conhecido por estrelar como o vampiro Edward Cullen na saga cinematográfica "Twilight", testou positivo para covid-19, obrigando a produção de "The Batman" a uma pausa apenas três dias depois de ter retomado trabalhos. Pattinson, que também foi Cedric Diggory na adaptação cinematográfica de "Harry Potter e o cálice de fogo", sucede Ben Affleck como o Homem Morcego.
Foto: picture-alliance/dpa/Sputnik/E. Chesnokova
Dwayne 'The Rock' Johnson
O lutador que virou estrela de cinema se tornou uma das mais recentes celebridades a contraírem covid-19. Em um vídeo no Instagram, Johnson revelou que ele, sua esposa e duas filhas testaram positivo — acrescentando que ele teve "uma experiência difícil" com os sintomas. Ele também pediu às pessoas que parem de "politizar" a pandemia e "usem máscara".
Foto: picture-alliance/AP Photo/R. Shotwell
Neymar
O craque brasileiro é um dos três jogadores do PSG a contraírem o vírus, informou a agência de notícias AFP em 2 de setembro. Acredita-se que o surto no clube esteja relacionado a uma viagem de férias que o time fez à ilha espanhola de Ibiza. Posteriormente, Neymar postou uma foto no Instagram com seu filho, que também supostamente testou positivo: "Obrigado pelas mensagens. Estamos todos bem".
Foto: Getty Images/AFP/D. Ramos
Silvio Berlusconi
O ex-premiê italiano de 83 anos testou positivo para o vírus e estaria assintomático, segundo anúncio de seu médico em 2 de setembro. Dois dos filhos de Berlusconi e sua namorada de 30 anos também testaram positivo. O ex-premiê testou positivo depois de passar férias na costa da Sardenha, onde os ricos e famosos da Itália costumam desdenhar das políticas de restrição.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Vojinovic
Usain Bolt
A lenda do atletismo Usain Bolt testou positivo poucos dias depois de realizar uma festa para comemorar seu 34º aniversário no final de agosto. O detentor do recorde para os 100 e 200 metros rasos disse que entrou em quarentena, mas que não estava exibindo sintomas. Vídeos da festa de aniversário ao ar livre de Bolt mostraram convidados sem máscaras durante a celebração.
Foto: Reuters/M. Childs
Antonio Banderas
O ator espanhol teve uma surpresa indesejável em seu 60º aniversário em meados de agosto, depois de um teste positivo para o coronavírus. Banderas disse que passou seu aniversário isolado e que estava "mais cansado do que de costume", mas "esperando se recuperar o mais rápido possível".
Foto: picture-alliance/Captital Pictures
Jair Bolsonaro
O presidente brasileiro, que repetidamente minimizou a gravidade da pandemia, contraiu o vírus em julho. Ele foi criticado por ignorar as medidas de segurança recomendadas por especialistas em saúde antes e depois de seu diagnóstico, incluindo apertar as mãos e abraçar apoiadores na multidão. Sua mulher, Michelle, e os filhos Jair Renan e Flávio também testaram positivo.
Foto: picture-alliance/dpa/E. Peres
Tom Hanks
O ator Tom Hanks e sua mulher, a atriz e cantora Rita Wilson, foram algumas das primeiras celebridades a anunciar que contraíram o vírus. O casal testou positivo para a covid-19 em meados de março, quando estava na Austrália. Depois de se recuperar e retornar aos Estados Unidos, Hanks defendeu que as pessoas façam sua parte para retardar a propagação da doença.
Foto: picture-alliance/AP/Invision/J. Strauss
Sophie Gregoire Trudeau
Sophie Gregoire Trudeau, mulher do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, testou positivo para coronavírus depois de retornar do Reino Unido em meados de março. O marido dela anunciou ter se isolado na residência oficial, mesmo sem apresentar sintomas da enfermidade.
Foto: Reuters/P. Doyle
Boris Johnson
No final de março, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, contraiu o coronavírus que o levou ao hospital por vários dias. Johnson passou uma semana em um hospital em Londres e três noites na UTI, onde recebeu oxigênio e foi observado 24 horas por dia. Ele teve alta em meados de abril, e os funcionários do hospital receberam o crédito de ter salvado sua vida.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Dawson
Ambrose Dlamini
O primeiro-ministro de Essuatíni (antiga Suazilândia), Ambrose Dlamini, contraiu o coronavírus e morreu em decorrência da covid-19, em dezembro de 2020. Ele tinha 52 anos e chegou a ser internado em um hospital da África do Sul, mas não resistiu.
Foto: RODGER BOSCH/AFP
Hamilton Mourão
O vice-presidente, Hamilton Mourão, anunciou no final de dezembro de 2020 que havia testado positivo para a covid-19. Ele ficou 12 dias em isolamento no Palácio do Jaburu, em Brasília. Antes de receber o diagnóstico, o vice-presidente teve dor no corpo, dor de cabeça e febre que não passou de 38 graus. Em março de 2021, ele recebeu a primeira dose da Coronavac.
Foto: Sergio Lima/AFP
Larry King
O lendário apresentador de TV americano Larry King morreu em janeiro de 2021, em decorrência da covid-19. Ele tinha 87 anos e comandava um tradicional programa de entrevistas na CNN há mais de duas décadas.
Foto: Radovan Stoklasa/REUTERS
Alberto Fernández
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, de 62 anos, anunciou no começo de abril de 2021 que contraiu o coronavírus. Segundo a Unidade Médica Presidencial, ele não teve sintomas, graças à imunização pela vacina russa Sputnik V, recebida dois meses antes.