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"Estamos confinados nas nossas cabines"

William Yang cn
12 de fevereiro de 2020

No Japão, um navio com mais de 3,7 mil pessoas está em quarentena há vários dias devido a coronavírus, que já infectou mais de 130 a bordo. Em entrevista à DW, passageira dá detalhes sobre a rotina no cruzeiro.

Navio Diamond Princess no Porto de Yokohama, próximo a Tóquio
Quarentena no Diamond Princess deve ir até 19 de fevereiroFoto: picture-alliance/Xinhua/Du Xiaoyi

Autoridades japonesas reportaram nesta terça-feira (11/02) mais 39 novos casos de coronavírus a bordo do navio de cruzeiro Diamond Princess, que está em quarentena no porto de Yokohama, próximo a Tóquio, desde a semana passada.

Com os novos casos, o número de infecções a bordo passou de 170. O ministro da Saúde japonês, Katsunobu Kato, disse que o governo considera fazer exames para identificar o vírus nos 3.711 passageiros e tripulantes do Diamond Princess.

Neste caso, eles deveriam permanecer na embarcação até que os resultados dos testes ficassem prontos. As autoridades já estão lutando para entregar medicamentos solicitados por mais de 600 passageiros. O navio deve permanecer em quarentena até 19 de fevereiro.

Cheryl Molesky é uma das passageiras do Diamond Princess. Ela conversou com a DW sobre como tem sido a quarentena a bordo do navio.

DW: Qual é a situação agora a bordo do Diamond Princess?

Cheryl Molesky: Estamos confinados nas nossas cabines. Só podemos sair para a área externa por 90 minutos por dia. Mas preferimos ficar nos nossos quartos. As refeições são entregues nas cabines num horário específico todos os dias.

Como você descreve a atmosfera no navio?

As pessoas estão ansiosas. Nossos vizinhos do outro lado do corredor diziam no início que tinham fome porque a comida não era entregue no horário. O homem da cabine ao lado da nossa tem diabete e está preocupado com seus medicamentos. Outros tentam se manter animados.

Os passageiros foram aconselhados a deixar suas cabines de maneira ordenada e a manter 2 metros de distância de outras pessoas. Temos que usar máscaras e luvas. Quando é hora de deixar os quartos, o capitão precisa repetir os protocolos.

O que disseram aos passageiros após o início do surto?

Chegamos a Yokohama antes do planejado e nos disseram naquele momento que passaríamos pela alfândega mais rápido. Não recebemos muita informação, somente que um homem ficou doente e desembarcou em Hong Kong.

Fomos examinados por autoridades japonesas, e ficou claro que chegamos mais cedo a Yokohama para que pudéssemos ser examinados. Recebemos um questionário para responder, cada passageiro passou por uma entrevista, e nossa temperatura foi medida.

As autoridades forneceram suprimentos médicos aos passageiros, como máscaras e desinfetantes?

Eles nos deram luvas de borracha, máscaras de proteção e um termômetro, além de lenços de papel e detergente. Desde o início da quarentena, parece um confinamento, mas temos uma varanda na nossa cabine e um pouco mais de espaço para nos exercitarmos. Os passageiros que estão em quartos internos, porém, não têm luz do dia nem espaço para exercícios ou alongamento.

Não tem sido muito difícil para nós, mas estamos preocupados em conseguir medicamentos e com a possibilidade de ficarmos doentes. O capitão faz vários anúncios todos os dias, e sentimos que eles foram muito francos sobre os últimos acontecimentos.

O que você acha do surto de coronavírus?

Você precisaria ser louco para não tomar algumas precauções e cuidado. No entanto, acho que não se pode viver com medo. Preciso dizer que essa experiência tem sido mais confortável do que poderia ser, pois recebemos muito apoio e ajuda do governo japonês e da operadora de cruzeiros.

Deveríamos viajar de férias pelo Japão. Mas até agora não sabemos se isso será possível após a quarentena ou se teremos que voltar para casa imediatamente. Também não sabemos o que vai acontecer nos próximos nove dias em que temos que ficar no navio.

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