Estreia documentário sobre fenômeno Bayern de Munique
Manuel Vering fc
10 de outubro de 2017
Com o Bayern de Munique não há meio termo: alguns o idolatram, outros o odeiam. Filme produzido pela DW explora fenômeno em entrevistas com grandes personagens, como Uli Hoeness, Oliver Kahn e Philipp Lahm.
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Em 1979, quando Uli Hoeness foi obrigado a pendurar as chuteiras por causa de uma lesão e, aos 27 anos, tornou-se o mais jovem dirigente da história da Bundesliga, ele tinha um objetivo claro: "Eu sempre acreditei que era possível conduzir o Bayern de Munique de um pequeno clube para uma marca mundial", afirma Hoeness, numa entrevista concedida no novo estúdio de televisão do clube.
Atrás dele, do outro lado de um grande painel de vidro, treinam estrelas mundiais com um valor de mercado de 580 milhões de euros. Somente neste verão europeu, transferências como as de James Rodriguez, Corentin Tolisso e Kingsley Coman adicionaram mais 120 milhões de euros em valor de mercado ao plantel.
A Bundesliga não basta
Há muito tempo que Bayern de Munique significa supremacia de títulos na Alemanha, bem ao estilo do lema Mia san mia (nós somos nós). A expressão – popular em toda a Baviera – tem origens nas Forças Armadas austríacas e sinaliza superioridade e autoconfiança. E funciona, afirma o ex-goleiro Oliver Kahn. "Isso significa também carregar sobre os ombros a inveja e o ciúme de metade da nação."
O Bayern é um clube arrogante?
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Com 27 títulos na Bundesliga e 18 Copas da Alemanha, há muito que a Alemanha é pequena demais para o Bayern: "Eu daria todos os outros títulos por uma Liga dos Campeões com o Bayern", disse o então treinador do clube, Carlo Ancelotti, no início deste ano.
Camila, de 24 anos, moradora de um subúrbio no Rio de Janeiro, também compartilha dessa paixão. Ela se lembra muito bem de quando se tornou torcedora do Bayern de Munique. "Quando eu vi Oliver Kahn pela primeira vez, há dez anos, me perdi!" E ela prossegue com entusiasmo: "Oliver Kahn é o homem da minha vida, o maior do mundo, não há homem mais maravilhoso do que ele". Seu maior sonho, claro, é conhecer o goleiro que se tornou um dos grandes ídolos do Bayern.
As horas mais difíceis de Kuffour
Além do sucesso mundial da marca, Uli Hoeness valoriza a coesão do clube. "Há muito que não somos mais só um time de futebol, mas, para muitas pessoas, algo como um lar, um substituto para a família." E se há uma pessoa cuja história de vida confirma isso, esta é Samuel Osei Kuffour. Em sua mansão em Acra, capital de Gana, o ex-zagueiro do Bayern relata sua trágica história, em 2003: "Um dos momentos mais difíceis da minha vida foi quando perdi minha filha".
A menina, na época com 15 meses, morreu num acidente em Gana. Logo em seguida, Hoeness e Karl-Heinz Rummenigge foram à casa de Kuffour, nos arredores de Munique, para consolá-lo. "Dentro de duas horas, eles organizaram um jatinho para que eu pudesse voar para Gana", lembra-se Kuffour. "E o avião fretado ficou em Acra até eu conseguir resolver tudo. Isso mostra que essas pessoas estão lá quando você precisa."
Uma história de sucesso internacional
A pedra fundamental do sucesso internacional do Bayern foi lançada por Franz "Bulle" Roth, há 50 anos, com o único e decisivo gol marcado durante a prorrogação na final da então Recopa Europeia, contra o Glasgow Rangers.
E se o Bayern de Munique fosse um animal, qual seria?
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Na época, ele jogou, entre outros, com o "kaiser"Franz Beckenbauer, o lendário goleiro Sepp Maier e o não menos lendário atacante Gerd Müller, um dos maiores jogadores alemães de todos os tempos. Em sua loja de artigos esportivos na pitoresca Bad Wörishofen, na Baviera, Roth, hoje com 71 anos, lembra-se da conquista. Ele conta que colocou o troféu do lado da cama e o ficou admirando. "A noite inteira", garante.
Desde essa primeira conquista, a "Estrela do Sul" ganhou outros 60 títulos nacionais e internacionais, incluindo cinco títulos da Copa dos Campeões. Isso faz do Bayern de Munique um dos clubes esportivos mais bem-sucedidos do mundo – e também um dos maiores: cerca de 300 mil sócios fazem parte da família.
Para comparação, o Real Madrid conta com cerca de 100 mil, e o Barcelona e Manchester United têm cerca de 150 mil sócios. "Começamos com 20 funcionários e 12 milhões de marcos de receita", diz Hoeness. "E, agora, temos 630 milhões de euros de receita e quase mil funcionários."
O fenômeno "Mia san mia"?
Para ilustrar a história do fenômeno Bayern de Munique, os jornalistas Niels Eixler e Manuel Vering, da DW, viajaram 50 mil quilômetros pelo mundo. Na bagagem, além das câmeras, eles levaram perguntas controversas: por que o clube é tão fascinante? Seria o famoso "Mia san mia" um verdadeiro grito de guerra ou apenas um slogan publicitário? Por que o clube tem torcedores tanto no Brasil como em Londres, Nova York, Gana ou Tel Aviv? Quais são seus pontos fracos?
O documentário O fenômeno "Mia san mia", de 85 minutos, estreia nesta terça-feira (10/10) no cinema Kino Babylon, em Berlim. Ele mostra de muito perto os jogadores e os dirigentes do Bayern de Munique, mas também os torcedores em todo o mundo – e como eles ajudaram a concretizar o antigo objetivo de Ulli Hoeness de transformar um pequeno clube numa marca mundial.
As mascotes da Bundesliga
Dois clubes têm animais de verdade como mascotes, os demais, são bichos de pelúcia. Mas um dos clubes que disputam o campeonato alemão tem a mascote inspirada no Brasil. Você já viu este bicho?
Foto: picture alliance/Pressefoto Ulmer/M. Ulmer
O bode Hennes, do Colônia
O bode Hennes é a mascote mais velha da Bundesliga. Em 1950, um circo doou o primeiro Hennes ao Colônia. Claro que ele não existe mais. O atual já é o oitavo. Ele mora no zoológico de Colônia e sempre está presente na lateral do gramado quando a equipe joga em casa.
Foto: picture-alliance/dpa/K.D. Heirler
Emma, do Dortmund
As cores do Borussia Dortmund são amarelo e preto, por isso nada mais natural que uma abelha como mascote. O nome Emma vem do jogador Lothar Emmerich, que de 1960 a 1969 vestiu a camisa do clube 215 vezes e fez 126 gols. Emma tem 2,25 m e calça 66! Ela usa a camisa 9, porque o clube foi fundado em 1909.
Foto: picture alliance/dpa/M. Hitij
Berni, do Bayern de Munique
O urso de pelúcia Berni apoia desde 2004 o time alemão recordista em títulos. Ele sucedeu a Bazi – um garoto de calça de couro, nariz redondo e orelhas de abano. Berni, que tem até uma música própria, conta em seu site no Facebook que seu padrinho é Bastian Schweinsteiger.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Hoppe
Erwin, do Schalke
A mascote do Schalke lembra a tradição mineira da região de Gelsenkirchen, cidade do clube. Erwin foi criado em 1994 e, com seu nariz grande e pequeno boné, representa milhares de torcedores do Schalke.
Foto: picture alliance/augenklick
O leão Brian, do Leverkusen
O sonoro rugido de Brian the Lion é a característica da mascote do Bayer Leverkusen. O animal está no brasão do clube e da cidade de Leverkusen.
Foto: picture alliance/Revierfoto
Wölfi, do Wolfsburg
Wolf significa lobo em alemão, por isso, Wölfi (diminutivo carinhoso) é a mascotinha do Wolfburg desde 1997, quando o clube começou a disputar a primeira divisão do campeoanto alemão. Por ironia, pouco tempo depois, o clube teve um técnico que se chamava Wolfgang Wolf. Este ficou até 2003, mas Wölfi ainda continua na equipe. Ele mede 1,95 m, pesa 85 quilos e calça 49!
Foto: picture alliance/Revierfoto
Füchsle, a raposinha do Freiburg
Fuchs quer dizer raposa em alemão, e Füchsle é o diminutivo carinhoso no dialeto local. Ele está no Freiburg desde 2011, mas como figura de história em quadrinhos ele já existe há mais tempo. Ele usa a camisa 4, porque o clube é de 1904.
Foto: Imago/M. Heuberger
O dinossauro Hermann, do Hamburgo
O Hamburgo é a única equipe que joga na primeira divisão da Bundesliga desde que ela foi criada, em 1963, sem nunca ter caído para a segunda. Por isso, o clube também é chamado de "dinossauro da Bundesliga". A mascote ganhou o nome de Hermann Rieger, massagista do time por mais de 20 anos.
Foto: picture alliance/dpa/A. Scheidemann
O potro Jünter, do Mönchengladbach
A mascote do Borussia Mönchengladbach tem pelo preto, crina branca e 2,10 m de altura. Ele nasceu em 1965, quando o clube ascendeu à primeira divisão. Ele acompanha as partidas no estádio do clube desde 1998. O nome vem do famoso jogador e mais tarde comentarista Günter Netzer, que jogou 297 partidas pela equipe em dez anos, fazendo 108 gols. Jünter é uma forma renana do nome.
Foto: picture alliance/dpa/Revierfoto
A águia Attila, mascote do Frankfurt
Só o Colônia e o Frankfurt têm mascotes vivos. A asas da águia Attila têm uma envergadura de até dois metros. O animal pesa quatro quilos. Attila participa de todos os jogos quando a equipe atua em casa. Ele tem até cartão autografado com sua pegada.
Foto: picture alliance/Sven Simon/W. Schmitt
O dragão Schanzi, do Ingolstadt
O dragão vermelho apoia o Ingolstadt desde 2011. Seu nome vem de "Schanzer", apelido de quem mora na cidade. O número da camisa dele é 4, pois o clube foi fundado em 2004. O dragão de dois metros de altura só não consegue cuspir fogo.
Foto: picture alliance/M.i.S.-Sportpressefoto
Bulli, do RB Leipzig
O clube existe desde 2009. Na realidade, seu nome é RasenBallsport Leipzig, mas a fabricante de bebidas RedBull usa as iniciais para "Rote Bulle" (boi vermelho, em alusão ao símbolo da marca). O nome Bulli foi escolhido pelos torcedores.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Woitas
Hoffi, do Hoffenheim
O alce Hoffi nasceu em 2004 e nunca perdeu uma partida do time em casa. O talismã do ex-goleiro Christian Baumgärtner era um alce, que ficava no banco de reservas. A mascote tem dois metros de altura e pesa 100 quilos.
Foto: picture alliance/augenklick
Herthinho, do Hertha Berlim
O símbolo de Berlim e da equipe da capital alemã é o urso-pardo. Por isso, esse também é sua mascote. Mas no clube dizem que Herthinho é um urso-pardo trazido do Brasil quando o então empresário Dieter Hoeness retornou de um giro pela América do Sul em 1999. Com 2,35 e 128 quilos, é a maior mascote da Bundesliga. Ele já existia quando o brasileiro Marcelo Paraíba jogou no clube, de 2000 a 2006.
Foto: picture-alliance/dpa
Os sem mascotes
Quatro equipes que disputam a temporada 2016/2017 da primeira divisão do campeonato alemão não têm mascotes: Darmstadt, Augsburg, Werder Bremen e Mainz.