Estudantes franceses de arqueologia encontram fóssil que pode ser 100 mil anos mais velho do que o Homem de Tautavel, uma subespécie do Homo erectus. Descoberta pode dar pistas sobre linhagem hereditária dos neandertais.
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Estudantes franceses de arqueologia descobriram, em Tautavel, na França, um dente humano de cerca de 560 mil anos. Pesquisadores classificaram, nesta terça-feira (28/07), o fóssil como uma "grande descoberta" que pode completar o quebra-cabeça sobre a linhagem neandertal. O fóssil foi nomeado Arago 149.
"Essa é uma grande descoberta, porque encontramos muito poucos fósseis humanos deste período na Europa", disse a paleoantropóloga Amelie Viallet. "Um grande dente adulto – não podemos afirmar se ele era de um homem ou de uma mulher – foi descoberto durante escavações de solos que sabemos ter entre 550 mil e 580 mil anos de idade, porque usamos diferentes métodos de datação."
O dente foi encontrado pela estudante Camille Jacquey, de 16 anos, que estava trabalhando como voluntária junto com o colega Valentin Loescher na Caverna de Arago, um já famoso sítio arqueológico nos Pireneus franceses, no sul do país. Na região foi descoberto o Homem de Tautavel, uma subespécie do Homo erectus que teria vivido há 450 mil anos. Ou seja, o dente humano encontrado precede o Homem de Tautavel em cerca de 100 mil anos.
"Esta é uma peça do quebra-cabeça que faltava para ajudar a responder à pergunta crucial: o Homem de Neandertal, de 120 mil anos atrás, provém de uma linha única?", explica Viallet.
O geoarqueólogo Christian Perrenoud, que trabalha no sítio arqueológico de Tautavel, também comemorou a descoberta do dente, mas afirmou que ainda há muito a ser explorado no local. "Estamos bastante confiantes de que o sítio tem muito mais para revelar", disse.
Perrenoud, no entanto, afirmou ser improvável que o esqueleto do proprietário do dente seja encontrado, pois enterros não eram realizados na época, mas a equipe de escavação esperar encontrar outros ossos.
"Restos humanos de entre 500 mil e 800 mil anos são mais do que escassos na Europa, atualmente. E este dente preenche um pouco a lacuna", explicou Perrenoud.
A Caverna de Arago tem sido uma "mina de ouro" para arqueólogos ao longo dos últimos 50 anos. Neste tempo, eles desenterraram mais de 600 mil objetos de interesse.
Em 2011, pesquisadores na caverna descobriram um dente de leite, sugerindo que o Homo heidelbergensis – provável ancestral do Homo sapiens na África e dos neandertais na Europa – teve uma vida familiar na caverna.
PV/rtr/ots
Stonehenge ‘oculto’ é revelado
Descobriu-se que a formação pré-histórica no sul da Inglaterra é só a ponta do iceberg. Pesquisadores usaram tecnologia de mapeamento digital para revelar descobertas significativas por baixo do monumento.
Foto: SAUL LOEB/AFP/Getty Images
Uma nova luz sobre Stonehenge
“Ainda não se trata de uma nova descoberta sobre o Stonehenge, mas de um passo fundamental na forma como o entendemos”, disse Vincent Gaffney, professor da Universidade de Birmingham, que liderou o estudo de quatro anos sobre a formação rochosa. O resultado é um mapa digital delineando as antigas formações recém-descobertas – todas enterradas debaixo do sítio arqueológico de Stonehenge.
Foto: picture-alliance/dpa
"Terra incognita"
Por muitos anos, Stonehenge tem intrigado os cientistas e a maior parte da área ao seu redor permanece “terra incognita”, como apontou o professor Gaffney. Durante o estudo, o time da Universidade de Birmingham, em parceria com o Instituto Ludwig Boltzmann de Viena, descobriu 17 outros monumentos previamente desconhecidos que poderiam ser tão antigos quanto o próprio Stonehenge.
Foto: University of Birmingham
Enxergando o invisível
O que se parece com células vistas sob um microscópio são na verdade mapas digitais de monumentos rituais recentemente descobertos ao redor da área do Stonehenge. Os pesquisadores utilizaram magnetômetros, matrizes de radares de penetração no solo e sensores de indução eletromagnética, além de pesquisas de resistência da terra e varreduras terrestres com laser 3D para mapear a localização.
Foto: University of Birmingham
Tecnologia a serviço da História
Este projeto de quatro anos é o maior do gênero já feito até então. Na foto, um pesquisador utiliza um magnetômetro, instrumento que possibilitou uma representação espacial sem precedentes do mundo subterrâneo.
Foto: University of Birmingham
Super henge
Entre as descobertas em Durrington Walls, local habitado há cerca de 4,5 mil anos, está o chamado “super henge”. Trata-se de um enorme monumento ritual com mais de 1,5 quilômetro de circunferência. Especialistas acreditam que ele pode ter sido alinhado com até 60 pedras de três metros de altura, semelhantes ao Stonehenge. Algumas delas ainda podem estar intactas sob a terra.
Foto: University of Birmingham
Restos de madeira
Uma imensa construção antiga de madeira foi descoberta e mapeada em detalhes. Acredita-se que tenha sido utilizada para cerimônias fúnebres no passado, inclusive para o sepultamento dos mortos, e que provavelmente era recoberta por terra.
Foto: University of Birmingham
Cultos fúneberes antigos
A construção fúnebre de madeira, cujo esboço visto de cima é representado nesta imagem, é provavelmente mais antiga que Stonehenge, que os especialistas estimam ter sido erguido entre 3000 e 2000 a.C.
Foto: University of Birmingham
Pesquisa não-invasiva
"Desenvolver métodos não-invasivos para documentar nossa herança cultural é um dos grandes desafios do nosso tempo”, disse Wolfgang Neubauer, diretor do Instituto Ludwig Boltzmann, acrescentando que apenas a mais moderna tecnologia permite isso. Na foto, um pesquisador usa um radar de penetração no solo.
Foto: University of Birmingham
11 milênios em um único lugar
As imagens também revelam poços subterrâneos pré-históricos, centenas de sepulturas e assentamentos da Idade do Bronze, Idade do Ferro e época romana. Os dados fornecem aos pesquisadores novas interpretações sobre a área circundante, que abrange um período de mais de 11 mil anos. O trabalho de campo durou 120 dias, distribuídos ao longo de quatro anos.
Foto: Matt Cardy/Getty Images
Mistério antigo
O presidente Barack Obama visitou Stonehenge em 5 de setembro de 2014. Acredita-se que o monumento tenha sido erguido durante o período Neolítico e a Idade do Bronze, provavelmente com funções fúnebres ou religiosas. Mais do que isso, é difícil dizer, devido à ausência de documentos escritos. O que levou a uma série de teorias relacionadas as misteriosas pedras – algumas de caráter sobrenatural.