Análise de frascos de argila achados perto de esqueletos infantis na Alemanha prova que há cerca de 3 mil anos crianças já eram alimentadas com leite animal. Objetos têm formato pequeno, alguns com forma de animais.
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Os bebês da época pré-histórica eram alimentados com leite de animais em frascos de argila com função parecida à das mamadeiras modernas, mostra estudo realizado em artefatos encontrados na Baviera, no sul da Alemanha, e publicado nesta quarta-feira (25/09) na revista científica Nature.
"Esses recipientes bem pequenos nos dão informações preciosas sobre como e com que os bebês eram alimentados, milhares de anos atrás", comenta a autora principal do estudo Julie Dunne, da Universidade de Bristol, no Reino Unido, em nota divulgada pela instituição.
"Recipientes similares, embora raros, aparecem em outras culturas pré-históricas (como Roma e a antiga Grécia) de todo o mundo. Gostaríamos de realizar um estudo geográfico mais amplo e investigar se eles serviam o mesmo propósito", conta a especialista.
Cientistas já haviam comprovado que as garrafinhas pré-históricas já existiam na Europa cerca de 5 mil anos antes de Cristo. Mas ainda não estava claro que líquido era usado nelas. Tampouco se sabia se serviam para alimentar crianças, velhos ou doentes.
Os vasilhames de argila avaliados no estudo, com extremidade que cabe na boca de uma criança, foram descobertos, entre outras regiões, na localidade bávara de Dietfurt im Altmühltal, em locais onde crianças foram enterradas entre 800 e 450 anos antes de Cristo.
Os exemplares achados são suficientemente pequenos para caber na mão de um bebê e têm bico para que mamasse o líquido. Alguns têm forma de animais fictícios, com pés e chifres.
Para esclarecer se realmente se tratavam de mamadeiras ou de recipientes para alimentar doentes, os pesquisadores selecionaram três recipientes, de cinco e dez centímetros, e fizeram análises químicas e isotópicas para identificar e quantificar os resíduos de alimentos encontrados nos recipientes, descobrindo traços de leite de vaca, ovelha e cabra.
A presença desse tipo de objeto em sepulturas infantis e as provas químicas confirmam que os recipientes eram utilizados para alimentar aos bebês com leite animal, como substituto do leite materno ou durante o processo de desmame.
"O leite de cabra é o mais semelhante ao leite humano e era relativamente fácil de obter, já que ovelhas, cabras e bovinos pertencem aos animais domésticos mais comuns. Mas o leite de vaca é menos adequado, pois causa diarreia e problemas digestivos em bebês – isso já era conhecido na época", explica Katharina Rebay-Salisbury, da Academia Austríaca de Ciências, que participou do estudo.
"Criar bebês na pré-história não era uma tarefa fácil, e estamos interessados em pesquisar as práticas culturais da maternidade, que tiveram profundas implicações na sobrevivência dos bebês", lembra a pesquisadora.
Segundo a nota da Universidade de Bristol, antes do estudo publicado pela Nature a única evidência sobre o desmame de seres humanos provinha da análise isotópica dos esqueletos dos bebês, que pode oferecer uma estimativa sobre quando as crianças eram desmamadas, mas não sobre o que costumavam comer ou beber. Por isso, a pesquisa proporciona informação importante sobre as práticas de lactação materna e desmame, assim como sobre a saúde materna-infantil na pré-história.
Segundo os pesquisadores responsáveis, trata-se do primeiro trabalho que utilizou esse método para identificar os alimentos de desmame no passado, o que abre o caminho para futuras pesquisas sobre recipientes de alimentação de outras culturas antigas de todo o mundo.
Há 2 mil anos, Batalha da Floresta de Teutoburgo reprimia expansão romana na Germânia. Vitória surpreendente é tida como marco inicial da nação alemã. Novas escavações devem definir local exato do conflito.
Foto: Fotolia
Embate entre germânicos e romanos
Diversos artefatos foram encontrados em Kalkriese, localidade que se suspeita ter sido o palco da Batalha da Floresta de Teutoburgo, ocorrida em 9 d.C. Uma das descobertas mais espetaculares é uma máscara de ferro de um capacete de cavaleiro romano, reproduzida num modelo em escala gigante no Museu de Kalkriese, no suposto local da batalha.
Foto: VARUSSCHLACHT im Osnabrücker Land/Hermann Pentermann
Trabalho de restauração minucioso
A máscara original do cavaleiro romano revela sinais de pilhagem – a camada de prata foi grosseiramente arrancada. Na foto, a máscara, tida como o artefato mais icônico descoberto em Kalkriese, durante trabalho de restauração.
Foto: VARUSSCHLACHT im Osnabrücker Land/Archäologie
Dardos romanos e pontas de flechas
Este ano, acontecem novas escavações em Kalkriese para determinar se o local foi realmente o palco da Batalha da Floresta de Teutoburgo, durante a qual tribos germânicas venceram tropas romanas numa reviravolta surpreendente. A imagem mostra pontas de dardos romanos ou pilos, assim como pontas de flechas encontradas no local, a cerca de 15 km da cidade de Osnabrück (noroeste alemão).
Foto: VARUSSCHLACHT im Osnabrücker Land/Ingo Plato
Trabalho permanente
O presumido local da batalha em Kalkriese é palco de escavações há cerca de 30 anos. Uma nova busca de artefatos deverá começar no início de setembro. Especialistas esperam descobrir mais sobre que rumos a batalha tomou.
Foto: VARUSSCHLACHT im Osnabrücker Land/Michael Münch
Necessidade de confirmação
Arqueólogos continuam encontrando novas evidências que sugerem que Kalkriese foi realmente o local onde aconteceu a famosa Batalha da Floresta de Teutoburgo, mas ainda não há 100% de certeza.
Foto: VARUSSCHLACHT im Osnabrücker Land/Hermann Pentermann
Vítimas da guerra
O arqueólogo Axel Thiele recupera o esqueleto de uma mula, animal muito usado pelo Exército Romano. Cerca de 18 mil soldados participaram da Batalha da Floresta de Teutoburgo.
Foto: VARUSSCHLACHT im Osnabrücker Land/Thomas Ernsting
Pegada de metal
Centenas de moedas foram descobertas em Kalkriese, empilhadas – sinal de uma desgraça iminente, já que os soldados teriam tentado esconder seus tesouros antes da derrota. A moeda da foto mostra o selo de Quintílio Varo, o comandante romano da Germânia. Até agora, nenhuma das moedas foi identificada com data posterior a 9 d.C. – um sinal de que Kalkriese pode mesmo ter sido o local da batalha.
Foto: VARUSSCHLACHT im Osnabrücker Land/Christian Grovermann
Especialistas questionam história de muro
A muralha de terra da foto faz parte de uma construção de 400 m de comprimento descoberta em Kalkriese. Essa extensão foi restaurada para que visitantes possam ter uma ideia da antiga aparência. Novas descobertas sugerem que a muralha pode ter sido parte de um acampamento romano e não de um germânico, como se pensava anteriormente. A atual escavação deverá revelar mais sobre a sua história.
Foto: VARUSSCHLACHT im Osnabrücker Land/Axel Thiele
Revivendo a história
A cada dois anos, durante um festival que mostra a vida de romanos e germânicos há dois mil anos, há uma reencenação da batalha em Kalkriese. Hoje em dia, é mais fácil encontrar atores representando cavaleiros romanos do que achar atores assumindo os papéis dos germânicos.
Foto: VARUSSCHLACHT im Osnabrücker Land/Heinz Hoppe
Monumento de Hermann
Um gigantesco monumento em homenagem a Armínio, o líder das tribos germânicas que, mais tarde, se tornou conhecido e idealizado com o nome alemão Hermann, foi finalizada em 1875 nas proximidades de Detmold (oeste alemão). A escultura é um testemunho do poder de culto que rodeia a sua figura como suposto libertador da Germânia. A espada, doada pela empresa Krupp, mede sete metros.