Estudo mostra como cães acompanharam humanos pelo mundo
30 de outubro de 2020
Mais ampla pesquisa com análise de DNA antigo mostra como cachorros, durante 11 mil anos, quase sempre acompanharam os caminhos evolutivos de seus donos.
Anúncio
Grande parte da diversidade nas populações caninas modernas já estava presente quando a última Era do Gelo terminou, há 11 mil anos, como mostra o mais amplo estudo com genoma antigo dos animais, divulgado nesta quinta-feira (29/10). O artigo, publicado na revista Science, mostra como os cães se espalharam pelo mundo – quase sempre seguindo os passos de seus donos.
Cachorros são um dos maiores enigmas da domesticação. Apesar de décadas de estudo, os cientistas ainda não descobriram exatamente quando ou onde eles surgiram, muito menos como ou por que isso aconteceu.
A equipe de pesquisa liderada pelo Instituto Francis Crick deu algumas pistas para solucionar esse mistério. Ela sequenciou os genomas de 27 cães, alguns dos quais viveram há quase 11 mil anos, em toda a Europa, no Oriente Médio e na Sibéria.
Os pesquisadores descobriram que nessa época, bem antes da domesticação de qualquer outro animal, já existiam pelo menos cinco tipos diferentes de cães com ancestrais genéticos distintos.
"Algumas das variações que você vê entre os cães andando pelas ruas hoje em dia tiveram origem na Era do Gelo", diz Pontus Skoglund, do laboratório de Genômica Antiga de Crick, autor sênior do artigo. "Ao final deste período, os cães já estavam espalhados por todo o Hemisfério Norte".
Segundo o pesquisador, isso mostra que a diversidade entre os cachorros surgiu muito antes – é anterior à "agricultura, à Idade da Pedra, ao Paleolítico, ao caçador coletor".
Ancestralidade comum
Quando e onde os cães se diferenciaram dos lobos pela primeira vez é um assunto controverso – análises de dados genéticos indicam uma janela aproximadamente entre 25 e 40 mil anos atrás.
O novo artigo não entra neste debate, mas apoia a ideia de que, ao contrário de outros animais, como os porcos, que parecem ter sido domesticados em vários locais ao longo do tempo, existe uma "origem única" na transição de lobos para cães.
Os cientistas descobriram que todos os cães provavelmente compartilham uma ancestralidade comum "de uma única população antiga, agora extinta de lobos".
Ao extrair e analisar DNA antigo de material esquelético, os pesquisadores foram capazes de ver mudanças evolutivas da forma como elas ocorreram há milhares de anos.
Por exemplo, os cães europeus há cerca de 4 ou 5 mil anos eram altamente diversificados e pareciam ter origem em populações distintas de cães do Oriente Médio e da Sibéria. Mas, com o tempo, esta diversidade foi perdida.
"Embora os cães europeus que vemos hoje venham em uma variedade tão extraordinária de formas e formatos, geneticamente eles derivam apenas de um subconjunto muito estreito que costumava existir", afirma Anders Bergstrom, principal autor do estudo.
Anúncio
Caminhos evolutivos
Os caminhos evolutivos de cães e humanos, por vezes, seguiram rotas semelhantes.
Os humanos, por exemplo, têm mais cópias do que os chimpanzés de um gene que cria uma enzima digestiva chamada amilase salivar, que nos ajuda a quebrar as dietas de amido alto.
Da mesma forma, o estudo demonstrou que os primeiros cães carregavam cópias extras destes genes em comparação aos lobos. A tendência aumentou à medida que suas dietas se adaptavam à vida agrícola.
A conclusão se baseia em pesquisas anteriores que descobriram, por exemplo, que cães de trenó desenvolveram caminhos metabólicos similares aos dos inuítes para permitir que processassem dietas com alto teor de gordura.
O novo trabalho documenta várias vezes quando o movimento humano contribuiu para a expansão dos cães. Ele se baseia em pesquisas anteriores, como uma de 2018 que encontrou os primeiros cães da América do Norte originários de uma raça na Sibéria, mas que quase desapareceram completamente após a chegada dos europeus.
O campo de estudo do DNA antigo revolucionou a compreensão sobre ancestrais humanos, e os pesquisadores tem esperança de que ele possa fazer o mesmo com os cães.
"Compreender a história dos cães nos ensina não apenas sobre a história deles, mas também sobre nossa própria história", afirma Bergstrom.
As principais raças alemãs de cães
Cachorros são muito populares entre os alemães e costumam poder acompanhar o dono por toda parte. Veja as raças alemãs mais queridas no país.
Foto: Eva-Maria Krämer
Pastor-alemão
Em primeiro lugar no ranking do Kennel Club Alemão está a raça pastor-alemão (Deutscher Schäferhund ). Ela se desenvolveu a partir de cães de pastoreio. O pastor-alemão é um cão de grande porte, muito inteligente e forte. Ele é muito leal à família, mas também um excelente cão policial, de guarda e como guia para cegos.
Foto: Eva-Maria Krämer
Dachshund ou teckel
Pelo tamanho, o Dachshund ou teckel (Dackel) é classificado em standard, miniatura e "kaninchen". Como já diz o nome (Dachs = texugo), é um caçador de toca. O olfato apurado e o tamanho o tornam ágil para afugentar as presas nas tocas. A raça já é conhecida desde a Idade Média. Apesar de ter sido criado para a caça, é amigável por natureza, inteligente, companheiro e muito afetuoso.
Foto: Eva-Maria Krämer
Hovawart
O nome desta antiga raça de trabalho vem do alemão medieval: Hova = pátio e Wart = guarda, portanto, guarda do pátio. É um animal muito atento e companheiro. Seu pelo e a constituição física frequentemente o levam a ser confundido com o golden retriever.
Foto: Eva-Maria Krämer
Schnauzer miniatura
O schnauzer miniatura (Zwergschnauzer) é uma raça originária da região de Württemberg e o nome vem da palavra alemã Schnauze, que significa focinho. Antigamente era usado no sul da Alemanha na proteção de estábulos. Suas características são os pelos espessos e longos em volta do focinho e dos olhos.
Foto: Eva-Maria Krämer
Münsterländer
Natural da região em volta da cidade alemã de Münster, o Münsterländer é um cão inteligente e espirituoso, muito atento e obediente. Hoje, esta raça é encontrada especialmente na França, na Suécia e na Noruega, onde os cães são usados principalmente para a caça na floresta.
Foto: Eva-Maria Krämer
Weimeraner
Ele surgiu na corte do grão-duque Karl August de Saxe-Weimar-Eisenach, em Weimar, no leste da Alemanha, no início do século 19. Há duas classificações: pelo curto e longo. O Weimaraner é um cachorro versátil e carinhoso, usado especialmente na caça, devido ao ótimo olfato. Ele também pode ser adestrado para uso em terapias.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library
Dogue alemão
O dogue alemão (Deutsche Dogge) é calmo, dócil quando em família, mas reservado com estranhos. Sua história pode ser rastreada até o século 16. Naquele tempo, foram trazidos do Reino Unido à Alemanha cães fortes e de pernas longas, resultantes do cruzamento entre Mastiff inglês e Wolfhound irlandês. É um dos maiores cães do mundo. Um exemplar famoso é o personagem de desenho animado Scooby-Doo.
Foto: Eva-Maria Krämer
Boxer
O boxer (Deutscher Boxer) é descendente direto do brabant bullenbeisser. No passado, a tarefa dele era ajudar os caçadores segurando a presa. O cachorro desta raça é sociável, corajoso e leal, ao longo da história desempenhou funções como cão militar, de guarda, para detectar drogas e doenças e até mesmo no resgate de pessoas.
Foto: Eva-Maria Krämer
Deutsche Pinscher
Desde o início da criação da raça na Alemanha há 100 anos, o Pinscher quase não mudou. Já desde o século 19 se discute se Pinscher e Schnauzer descendem de Terriers ingleses ou vice-versa. Os cães Pinscher eram criados para acabar com ratos e camundongos. No final do século 19, se tornaram comuns tanto em estábulos como no acompanhamento de carruagens, para abrir caminho.
Foto: picture-alliance/Okapia/R. Köpfle
Braco alemão de pelo curto
A história desta raça (Deutsch Kurzhaar) começa entre os séculos 15 e 17, com os cães de caça de aves na região do Mediterrâneo. Mais tarde, adeptos da caça esportiva na Alemanha cruzaram estes bracos com pointer e foxhound ingleses. Este cão de raça nobre e elegante tem resistência, força física e velocidade, mas ao mesmo tempo é dócil, obediente e ótimo amigo da família.
Foto: Eva-Maria Krämer
Rottweiler
Esta é uma raça que remonta aos cães de guarda e pastoreio trazidos pelas legiões romanas aos territórios ocupados ao norte dos Alpes. Em Rottweil, na Alemanha, que no século 19 era centro de comércio de gado, ocorreu a miscigenação com cães da região. Em 1910, ele foi reconhecido na Alemanha como cão para uso policial e militar. Mas ele também é um cão de companhia, que serve à família.
Foto: Eva-Maria Krämer
Dobermann
Esta raça foi criada no século 19 em Apolda, perto de Weimar, por Friedrich Louis Dobermann. O cobrador de impostos queria uma raça especial par sua proteção pessoal. E, mesclando exemplares de diferentes raças, acabou conseguindo o que buscava, um animal para impor respeito: o Dobermann.