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Estudo na Espanha constata que café "ainda" é saudável

22 de abril de 2021

Acompanhamento de mais de 1.500 indivíduos ao longo de 18 anos indica que quem toma café tem menor risco de morrer de doenças cardiovasculares e câncer, entre outras causas. Mecanismos envolvidos não são conhecidos.

Mulher de óculos escuros sentada num café
Foto: picture-alliance/robertharding/B. Pipe

Nas últimas décadas, o café tem sido objeto de diversos estudos, os quais têm mostrado que, ingerida regular, mas não diariamente, a bebida pode ser saudável. Ela faz bem, por exemplo, ao fígado, sendo capaz de reduzir o risco de cirrose hepática, ou a formação de cicatrizes no órgão devido à hepatite ou alcoolismo crônico.

No entanto, poucas pesquisas focaram a região do Mar Mediterrâneo, onde se esperaria que vive maioria dos consumidores. "O consumo de café é muito dominante em todo o mundo, e tem sido associado a uma mortalidade total mais baixa, embora a associação não seja inteiramente consistente, e as evidências dos países mediterrâneos ainda seja escarça", consta de um novo artigo científico na revista Nutrients.

Seus autores apresentaram os primeiros resultados estudo de longo prazo de um realizado na Espanha: durante 18 anos, eles acompanharam um grupo de 1.567 indivíduos de 20 anos de idade ou mais. Os dados iniciais provinham do Estudo Nutricional de Valência, realizado em 1994, abrangendo uma ampla gama de alimentos.

A pesquisa sugeriu que beber de uma a seis e meia xícaras de café por dia pode reduzir o risco de câncer, assim como o de mortalidade em geral (all-cause mortality).

Dados de base

Evitando apresentar conclusões definitivas, os autores cautelosamente avisam que "os mecanismos pelos quais o café pode reduzir o risco de morte não são bem conhecidos". No entanto, mencionam o saber existente sobre as propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias de substâncias contidas nele, como polifenóis flavonoides e não flavonoides.

Xícaras de borra de café são comercializadas na Alemanha

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Análises anteriores na Espanha haviam indicado uma associação inversa entre o café e as doenças cardiovasculares, ou seja: quanto mais se consome a bebida, menor o risco de adoecer. Outro estudo realizado na Itália também relacionou um consumo moderado, de três a quatro xícaras diárias, a um menor risco de mortalidade em geral e por fatores cardiovasculares.

Na pesquisa publicada pela Nutrients, a medida das xícaras foi de 50 mililitros para o café expresso e de 125 a 150 mililitros para o de filtro ou instantâneo. O cálculo total incluiu "a soma de café descafeinado e cafeinado". Das 849 mulheres e 718 homens envolvidos no estudo, 1.222 eram consumidores de café, dos quais 48% tomavam até uma xícara por dia, e 52%, mais de uma. Os restantes 345 eram não consumidores.

Mortalidade menor

Nos primeiros seis anos após compilação dos dados iniciais, 85 dos participantes haviam morrido, sendo 31 (36,4%) por doença cardiovascular e 25 (29,4%) de câncer. O quadro se repetiu após 12 e 18 anos, com cerca de 35% de mortalidade cardiovascular e 25 a 30% por câncer.

No fim, houvera um total de 317 óbitos, mas "os consumidores de café mostraram mortalidade mais baixa que os demais", constataram os pesquisadores. Beber até uma xícara por dia foi associada a uma redução de 27% da mortalidade em geral, e mais de uma xícara, a menos 44%. O "efeito protetor" só foi registrado com café cafeinado.

Os resultados coincidem com os de estudos anteriores nos Estados Unidos, outros países da Europa e na Ásia. Embora admitindo que os dados "podem não parecer muito inovadores", os autores frisam tratar-se da primeira pesquisa a avaliar a relação entre o consumo do café o mortalidade geral, cardiovascular e por câncer em adultos maiores de 20 anos num país mediterrâneo.

Em contrapartida, outros estudos indicam que o café pode ter efeitos negativos sobre os sistemas nervoso e cardiovascular.

Zulfikar Abbany Ciência, com interesse especial por inteligência artificial e a relação entre tecnologia e pessoas.
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