Estudo sugere consumir carne vermelha somente a cada 15 dias
23 de março de 2023
Pesquisa de universidade austríaca aponta que mudança nos hábitos alimentares, por meio da redução do consumo de itens de origem animal, pode ajudar a combater a mudança climática.
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A luta contra as mudanças climáticas de forma compatível com a saúde humana deveria levar a sociedade a reduzir o consumo de alimentos de origem animal – a exemplo da ingestão de carne vermelha apenas a cada 15 dias –, segundo um estudo elaborado pela Universidade de Ciências Econômicas e Empresariais de Viena (WU) em parceria com o Fundo Mundial pela Natureza (WWF, na sigla em inglês).
Sob o título Pirâmide Alimentar 2.0, a pesquisa foi divulgada por meio de um comunicado na última terça-feira (21/03) e enfatiza uma mudança urgente nos hábitos alimentares para conter o aquecimento global, propondo, assim, uma nova dieta.
Os pesquisadores propuseram "uma dieta saudável e equilibrada com o menor impacto possível sobre o meio ambiente", destacou Pegah Bayaty, integrante do WWF Áustria. Para isso, "a principal medida é uma forte redução nos alimentos de origem animal".
Concretamente falando, a sugestão levaria todos os carnívoros a ingerirem no máximo uma porção de carne vermelha a cada duas semanas, uma porção de carne branca – com baixo teor de gordura – por semana, não mais que dois ovos a cada sete dias e apenas uma porção de produtos lácteos por dia.
"As consequências de nosso alto consumo de carne são óbvias: emissão de gases de efeito estufa, perda de biodiversidade, alta necessidade do uso do solo e de pesticidas e fertilizantes", adverte Bayaty.
Mais vegetais
Em decorrência dessa chamada nova dieta, os cientistas recomendam aumentar a proporção de cereais, batatas, legumes, frutas secas e óleos vegetais em particular.
No caso de produtos como café, chá e cacau, que consomem muitos recursos para ser produzidos, a indicação é de um limite de uma ou duas xícaras por dia.
O impacto da produção de alimentos
De acordo com Martin Bruckner, membro do Instituto de Economia Ecológica da WU e coautor do estudo, apenas a redução do consumo de alimentos de origem animal pode "assegurar uma dieta sustentável e, assim, evitar o desequilíbrio do planeta".
Mais de um terço dos gases de efeito estufa, nocivos ao clima, é oriundo do setor de alimentos.
Pesquisas apontam que 70% da perda de biodiversidade terrestre e 80% do desmatamento ocorrem devido aos setores de alimentos, transporte, estoques e resíduos.
gb/ek (Efe, ots)
Como as mudanças climáticas impactaram 2022
Calor, seca, incêndios, tempestades extremas, inundações – mais uma vez, o ano foi marcado por muitos eventos climáticos direta ou indiretamente influenciados pelas mudanças climáticas. Uma retrospectiva em fotos.
Foto: Thomas Coex/AFP
Na Europa, 2022 foi mais quente e seco do que nunca (agosto)
Calor extremo e a pior seca em 500 anos marcaram o verão na Europa. Na Espanha, mais de 500 pessoas morreram na onda de calor mais forte já registrada no país, com temperaturas acima de 45º C. No Reino Unido, o termômetro bateu 40º C pela primeira vez. Partes do continente nunca estiveram tão secas nos últimos mil anos, e muitas regiões racionaram água.
Foto: Thomas Coex/AFP
Graves incêndios devastaram a Europa (julho)
De Portugal, Espanha e França, no oeste, passando pela Itália até a Grécia e Chipre, no leste, e a Sibéria, no norte, florestas estiveram em chamas em todo o continente em 2022. Os incêndios queimaram cerca de 660 mil hectares somente até meados do ano, um recorde desde o início dos registros, em 2006.
Chuvas de monção extremas caíram sobre o Paquistão. Cerca de um terço do país ficou debaixo d'água, 33 milhões de pessoas perderam suas casas, mais de 1.100 morreram e as doenças estão se espalhando. Chuvas extremamente fortes também atingiram o Afeganistão. Milhares de hectares de terra foram destruídos. A fome no país está piorando.
Foto: Stringer/REUTERS
Calor, seca e tufões afetaram a Ásia (agosto e setembro)
Antes das enchentes, o Afeganistão e o Paquistão, assim como a Índia, tiveram calor extremo e seca. A China passou por sua seca mais extrema em 60 anos e seu pior calor já registrado. No outono, 12 tufões assolaram a China. Coreia do Sul, Filipinas, Japão e Bangladesh também sofreram com fortes tempestades, que estão se tornando cada vez mais fortes devido às mudanças climáticas.
Foto: Mark Schiefelbein/AP Photo/picture alliance
Na África, consequências dramáticas
O clima no continente africano está esquentando mais rápido do que a média global. Por isso, a África é particularmente afetada por mudanças nas chuvas, secas, tormentas e inundações. Na Somália, a seca de 2022 foi a pior em 40 anos. Um milhão de pessoas tiveram que deixar suas casas. Na foto, um alagamento no Senegal em julho.
Foto: ZOHRA BENSEMRA/REUTERS
Fuga e fome nos países africanos
Estiagens e inundações tornam difícil a criação de gado ou a agricultura em cada vez mais regiões do continente africano. Como resultado, mais de 20 milhões de pessoas correm risco de morrer de fome, principalmente na Etiópia, na Somália e no Quênia.
Foto: Dong Jianghui/dpa/XinHua/picture alliance
América do Norte: Incêndios e inundações
No final do verão no Hemisfério Norte, incêndios graves ocorreram nos estados americanos da Califórnia, Nevada e Arizona, em particular. Uma cúpula de calor se formou em todos os três estados, com temperaturas chegando a 40º C. No início do verão, fortes chuvas haviam causado grandes alagamentos no Parque Nacional de Yellowstone e no estado de Kentucky.
Foto: DAVID SWANSON/REUTERS
América e Caribe: ciclones violentos
Em setembro, o furacão Ian causou grande devastação no estado americano da Flórida. As autoridades falaram de "danos em escala histórica". O Ian já havia passado por Cuba, onde causou interrupção no fornecimento de eletricidade por vários dias. O ciclone tropical Fiona se moveu até a costa leste do Canadá depois de causar graves danos inicialmente na América Latina.
Foto: Giorgio Viera/AFP/Getty Images
Tempestades tropicais devastam América Central
Não apenas o Fiona assombrou a América Central. Em outubro, o furacão Julia trouxe devastação severa a Colômbia, Venezuela, Nicarágua, Honduras e El Salvador. Devido ao aquecimento global, as superfícies dos oceanos estão esquentando, o que torna os furacões mais fortes.
Foto: Matias Delacroix/AP Photo/picture alliance
Seca extrema na América do Sul
Há uma seca persistente em quase todo o continente sul-americano. No Chile, por exemplo, isso ocorre desde 2007. Desde então, a água dos córregos e rios em muitas regiões diminuiu entre 50% a mais de 90%. Em regiões do México, quase não chove há vários anos consecutivos. Argentina, Brasil, Uruguai, Bolívia, Panamá e partes do Equador e da Colômbia também sofrem com a seca.
Foto: IVAN ALVARADO/REUTERS
Alagamentos na Austrália e Nova Zelândia
Na Austrália, fortes chuvas em 2022 causaram graves inundações várias vezes. De janeiro a março, choveu tanto na costa leste quanto na Alemanha durante todo o ano. A Nova Zelândia também foi afetada. O responsável é o fenômeno climático La Niña, que é amplificado pelas mudanças climáticas, pois a atmosfera mais quente absorve mais água e as chuvas aumentam.