Internet na UE
21 de dezembro de 2011 Um recente relatório da União Europeia (UE) constatou que 24% dos habitantes do bloco – mais de 100 milhões de pessoas – nunca esteve online.
O estudo, realizado pelo Eurostat, organismo estatístico da UE, entrevistou pessoas entre 16 e 74 anos e residentes no bloco de 27 países sobre o uso que elas fazem da internet.
"Para muitas pessoas, hoje parece difícil viver sem a internet", afirmou o Eurostat em comunicado. "No entanto, uma parte da população da UE – embora decrescente, mas que não pode ser ignorada – nunca a utilizou."
Os homens são mais propensos a usar a internet de forma regular, de acordo com a pesquisa. Três quartos (75%) dos europeus do sexo masculino afirmaram se conectar à rede de computadores uma vez por semana, comparados a 65% das mulheres.
Desigualdade aumenta
O relatório também sugere que são cada vez maiores as diferenças entre os países ricos do norte e os mais pobres do sul do continente.
A Romênia está no topo da lista dos países onde o uso da internet é reduzido. Lá, 54% dos cidadãos afirmaram nunca terem acessado a rede de computadores. Em seguida vêm países como Bulgária, Grécia, Chipre e Portugal, onde pouco menos da metade da população não tem acesso à internet em casa.
Na outra extremidade da escala, a Suécia exibe a maior taxa de usuários de internet entre a população. Apenas 5% de seus cidadãos disseram que nunca usaram a rede. A camada superior inclui ainda países como Luxemburgo e Dinamarca, com taxas de acesso acima de 90%.
Estruturas sociais diferentes
Especialistas avaliam que os números ressaltam as diferentes necessidades dos cidadãos nos países da UE em meio ao envelhecimento da população. "Não é nenhuma surpresa", escreveu Linnar Viik, ex-diretor de desenvolvimento de produtos da Skype e muitas vezes chamado de "o pai da internet da Estônia", em entrevista por e-mail à Deutsche Welle.
"Se você der uma olhada nas estruturas sociais em diversos países, verá que não há uma necessidade real ou demanda por serviços eletrônicos especialmente em segmentos mais velhos da sociedade. Comunidades locais podem sobreviver muito bem com um estilo de vida do século passado", afirmou.
Ao mesmo tempo, Viik, que hoje é o reitor da Universidade de TI da Estônia, afirma que os novos números mostraram que os usuários da internet "são o novo centro de gravidade da sociedade". Mas acrescentou que o relatório também fornece lições valiosas para a classe política. "Quaisquer que sejam os novos serviços públicos lançados, deve-se ter em mente que um quarto da sociedade nunca usou (e provavelmente nunca vai usar) a internet", observou.
Obstáculos
Outros especialistas também alertam que os números evidenciam os obstáculos na expansão das redes de alta velocidade de banda larga no bloco. A eurodeputada sueca Amelia Andersdotter, a mais jovem integrante do Parlamento Europeu, lembrou que a Comissão Europeia já está investindo 1,2 bilhão de euros em infraestrutura nos próximos cinco anos.
"Mas ainda há muitas carências de implementação a nível dos Estados membros. Em muitos Estados-membros, o que falta é vontade política", escreveu Andersdotter num e-mail à Deutsche Welle.
Ela também sugeriu que a menor penetração da internet nos países do sul da Europa está ligada a níveis inferiores de alfabetização. "Se você considerar países como a Romênia ou a Bulgária, por exemplo, uma parcela relativamente grande da população não termina o ensino secundário", sublinhou Andersdotter. "Enquanto o analfabetismo continuar sendo um problema, obviamente o acesso à internet não será uma prioridade para essas pessoas."
Reino Unido é líder em e-commerce
O relatório detectou que os países com as menores taxas de uso da internet também tendem a ter o menor número de conexões de banda larga fixa e fazem o menor uso do comércio eletrônico.
O Reino Unido, a terceira maior economia da UE, lidera o bloco em encomendas e ofertas de bens e serviços online. Cerca de 82% de seus internautas afirmaram que fizeram compras online durante o ano passado, em comparação com uma média de 58% em toda a UE.
As taxas mais baixas foram, mais uma vez, registradas na Bulgária e na Romênia, onde apenas 13% dos entrevistados dizeram ter encomendado bens ou serviços através da rede mundial de computadores.
Autora: Sonia Phalnikar (md)
Revisão: Alexandre Schossler