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Estudo sugere que desigualdade de gênero afeta casamentos

13 de janeiro de 2024

Pesquisa publicada na revista "Psychological Science" aponta que mulheres tendem a perder atração emocional pelo parceiro mais facilmente, e divisão das tarefas domésticas e dos cuidados com filhos podem explicar isso.

Um homem e uma mulher se beijam enquanto escondem o rosto com um buquê de rosas.
Após três anos de relacionamento, mulheres tendem a perder atração por parceiros mais frequentemente que homensFoto: Hahne/Beautiful Sports/IMAGO

Com o passar dos anos, mulheres em casamentos heterossexuais tendem a perder atração emocional mais rápido pelos seus parceiros do que homens na mesma situação – e a divisão injusta das tarefas domésticas e do cuidado com as crianças pode ajudar a entender por que isso acontece.

A conclusão é de um estudo recente, publicado na revista especializada Psychological Science e de autoria do economista comportamental Saurabh Bhargava, da Carnegie Mellon University em Pittsburgh, nos Estados Unidos.

A pesquisa, realizada com 3.867 adultos americanos com entre dois e 20 anos de casamento, constatou que mulheres com mais de três anos de relacionamento informaram sentir amor ou paixão pelos seus parceiros com uma frequência 55% menor que mulheres em relacionamentos mais recentes. Já entre os homens, esse índice foi bem menor: 9%.

Mulheres se apaixonam e desapaixonam de forma mais intensa

Ao longo de dez dias e em intervalos de 30 minutos, participantes registraram com quem eles estavam e como se sentiam. Os dados foram complementados por um questionário mais longo sobre o tipo de amor que sentiam e por quem.

Embora mulheres fossem mais propensas que homens a declarar sentimentos amorosos nos estágios iniciais de um relacionamento, esse quadro não durava muito, com as mulheres registrando um declínio muito mais acentuado desses sentimentos em comparação com seus parceiros masculinos.

No caso daquelas que relataram sentimentos iniciais especialmente intensos, a queda no afeto em relação aos parceiros caiu quase 80% ao longo dos anos, enquanto que nos homens a queda foi de 30%.

Entretanto, após cerca de sete anos de casamento, mulheres e homens registraram aproximadamente a mesma probabilidade de relatar continuar atraídos pelo parceiro.

Divisão das tarefas domésticas

Embora o declínio do afeto possa ser explicado, em parte, pelo próprio fato de que mulheres tendiam a se apaixonar mais intensamente que homens no início do relacionamento – nestes casos, elas relataram ter sentimentos amorosos quase o dobro de vezes –, Bhargava também sugere que o "desencantamento" das mulheres pode estar relacionado à percepção delas de que as tarefas domésticas e o cuidado com as crianças não é dividido de forma justa no casamento.

Em relacionamentos longevos, elas acabavam assumindo a maior parte do trabalho em casa. Já os homens passavam mais tempo relaxando.

A queixa das mulheres sobre a divisão das tarefas domésticas não é algo novo. No Brasil, um levantamento de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que mulheres dedicavam 9,6 horas por semana a mais do que os homens aos cuidados da casa ou de entes queridos.

Bhargava também aponta que, diferentemente das mulheres, homens são mais propensos a sentir amor por suas parceiras quando estão com as crianças.

Desigualdade e libido

Outro estudo de 2022, publicado no Archives of Sexual Behaviour, apontou que a divisão desigual das tarefas do lar em um relacionamento heterossexual está relacionada à queda de desejo sexual nas mulheres.

"Desempenhar uma grande parte das tarefas do lar foi associado a significativamente menos desejo sexual por um parceiro", consta do estudo.

Os resultados, segundo os autores, sugerem que o fenômeno está relacionado tanto à percepção do parceiro como alguém "dependente" quanto de que a divisão do trabalho doméstico é "injusta".

"A baixa libido em mulheres é um sintoma de um problema maior – a heteronormatividade –, que cria desigualdades na divisão do trabalho doméstico, entre outras coisas."

ra (ots)

 

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