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PISA e PIRLS

29 de novembro de 2007

Comparação entre sistemas educacionais das nações da OCDE coloca a Alemanha acima da média européia. Alunos do país saem-se bem em estudo sobre alfabetização, mas classe social é fator mais decisivo que em outros países.

Entre os países da OCDE, Alemanha está em 13° lugarFoto: AP

Depois da leitura e da matemática, os finlandeses agora também mostraram que são os melhores em física. Este foi o resultado do último estudo PISA (Programme for International Student Assessment) da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que analisou desta vez o desempenho escolar em ciências naturais. Os alemães se recuperaram em relação ao estudo equivalente anterior, se posicionando no 13° lugar do ranking, acima da média dos outros países da OCDE.

O segundo e terceiro lugares são ocupados por Hong Kong e pelo Canadá. Embora o estudo só venha a ser apresentado oficialmente na próxima terça-feira (4/12), os resultados foram previamente publicados por uma revista espanhola na última quarta-feira (28/11).

O PISA, baseado em testes aplicados no ano de 2006 em alunos de 57 países, que representam juntos mais de 90% da economia mundial, é o único estudo comparativo do nível de conhecimento dos jovens de diversos países em seus últimos anos escolares. Em 2000, o PISA avaliou principalmente o quesito leitura; em 2003, matemática; e em 2006, ciências naturais.

Impossibilidade de comparar

Estudo inclui também o BrasilFoto: dpa

Representantes da OCDE lembram a impossibilidade de uma comparação direta na área de ciências naturais entre os resultados anteriores e os atuais, uma vez que a amplitude e a estrutura dos testes aplicados mudaram sensivelmente. O secretário-geral da instituição, Angel Gurría, acredita que o estudo possa servir como orientação para os governos dos países tomarem posições em termos de política de ensino.

"Na concorrência da economia global, uma boa formação é fator decisivo em todas as sociedades", diz Gurría, ao lembrar que o PISA é muito mais do que um simples ranking entre os sistemas educacionais e sim uma bússula de orientação acerca das deficiências e pontos fortes dos países.

Euforia excessiva

Filhos de imigrantes tendem a ser enviados para escolas que não permitem ingresso posterior numa universidadeFoto: AP

Especialistas na Alemanha alertam para o perigo de que se caia numa espécie de "euforia excessiva" devido às melhores posições alemãs no ranking. Afinal, no país, os níveis de escolaridade são tão dependentes da origem socioeconômica como em nenhum outro país industrializado, lembra Marianne Demmer, vice-presidente do Sindicato da Educação e Ciência (GEW).

O PIRLS (Progress in International Reading Literacy Study), divulgado na última quarta-feira (28/11), mostra, por exemplo, como os alunos oriundos de classes sociais mais ricas e melhor escolarizadas são colocados em instituições de ensino que permitem posteriormente o ingresso numa universidade, mesmo quando não possuem notas suficientes para tal. Enquanto muitos filhos de famílias pobres ou de imigrantes acabam, mesmo quando recebem boas recomendações da escola primária, destinados a receber formações menos sólidas.

Destino decidido precocemente

Menina de nove anos: leitura avaliada por estudoFoto: picture-alliance/ dpa

A Alemanha já recebeu das Nações Unidas a acusação de que seu sistema de ensino é discriminatório, por definir o futuro dos alunos – se vão receber formações sólidas, que permitem o ingresso nas universidades, ou se terão que freqüentar escolas profissionalizantes – antes que estes completem os 12 anos de idade.

O PIRLS analisou o nível de alfabetização e a capacidade de leitura de 7900 crianças em 397 escolas do país. "As escolas alemãs estão fazendo sua tarefa de casa. Melhoramos nítida e substancialmente", disse Wilfried Bos, que coordenou o estudo na Alemanha. A Itália, a Hungria e a Suécia, que ocuparam os primeiros lugares no estudo anterior, caíram para oitavo, nono e décimo lugares, respectivamente. (sv)

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