Estudos superiores: dinheiro faz a diferença
30 de setembro de 2002O primeiro estudo sobre as condições sociais e econômicas de universitários europeus, o Euro Student Report, ainda não foi divulgado. No entanto, uma análise de seus resultados pelo Sistema Alemão de Informação Universitária (H.I.S.) aponta para diferenças consideráveis nos oitos países pesquisados. Elas se manifestam já em questões fundamentais, como a de quem tem acesso aos cursos superiores.
Pouca permeabilidade social
Enquanto na Finlândia mais de dois terços dos jovens vão para uma universidade, na Alemanha, a cota não chega a 31%. Somente a Bélgica e a Áustria ficam atrás, com porcentagens de 30% e 29% respectivamente.
O desempenho da Alemanha e Áustria, bem como da França e Itália, deixa ainda a desejar no que diz respeito às chances que filhos de trabalhadores têm de galgar a escala social por meio de um diploma universitário. Somente a Finlândia e a Irlanda conseguem se sair relativamente bem neste quesito: nos dois países, um quarto dos universitários provêm de camadas sociais menos privilegiadas. Nos demais, a taxa é bem mais baixa.
A Finlândia é exemplar ainda — neste caso ao lado da Holanda — no que diz respeito aos fomentos estatais, que são concedidos a cerca de 90% dos estudantes. Estes, portanto, não dependem do bolso dos pais, nem precisam trabalhar durante os estudos, tendo ainda maior liberdade para dispor do dinheiro. Os italianos e os belgas, por sua vez, quase não podem contar com ajuda do Estado e, quando a recebem, é insuficiente para viver.
"A Finlândia tem o sistema mais moderno", explica à DW-WORLD Klaus Schnitzer, do H.I.S. Lá a ajuda do Estado aos estudantes não depende das condições financeiras dos pais. Na Alemanha, apenas dois em cada dez recebem o chamado Bafög, a bolsa de estudos financiada pelos cofres públicos. Para sua concessão, é levada em consideração a renda familiar.
Ajuda financeira aumenta independência dos jovens
O Euro Student Report deixa claro que os jovens que dependem dos pais para custear seus estudos são menos autônomos. É o que se verifica na Itália, onde os "estudantes são menos flexíveis, menos independentes e aprendem menos idiomas por passar menos tempo no exterior", esclarece Schnitzer.
Já os alemães são muito independentes e demonstram grande mobilidade social, dispondo também de bons conhecimentos de línguas estrangeiras adquiridos no exterior.
O estudo baseia-se em dados levantados na Áustria, Bélgica, Alemanha, Finlândia, Holanda, França, Itália e Irlanda.