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ETA anuncia dissolução completa

2 de maio de 2018

Grupo separatista basco comunica extinção "de todas as suas estruturas". Responsável por mais de 850 mortes em quase 40 anos de luta armada, organização afirma que conflito com Espanha e França ainda não foi superado.

Funcionário de limpeza remove grafite com a frase "gora ETA" (vida longa ao ETA, em basco) na província de Navarra
Funcionário de limpeza remove grafite com a frase "gora ETA" (vida longa ao ETA, em basco) na província de NavarraFoto: picture-alliance/dpa/epa/J. Diges

O grupo separatista basco ETA anunciou a "dissolução completa de todas as suas estruturas", numa carta enviada a instituições bascas e grupos da sociedade civil. No documento, datado de 16 de abril, mas que só foi divulgado nesta quarta-feira (02/05) no portal espanhol eldiario.es, o ETA afirmou que reconhece ter fracassado em sua tentativa de solucionar o "conflito político" no País Basco.

O ETA, cujas iniciais significam Euskadi ta Askatasuna (Pátria Basca e Liberdade), matou mais de 850  pessoas durante sua campanha armada pela criação de um Estado basco independente no norte da Espanha e no sul da França. A decisão de dissolver completamente o grupo, segundo trecho da carta do ETA, "não supera o conflito que o País Basco mantém com a Espanha e com a França". 

"O País Basco está agora diante de uma nova oportunidade para finalmente fechar o conflito e construir um futuro coletivo", disse a organização. "Não vamos repetir os erros, não vamos permitir que os problemas apodreçam." Não ficou claro por que a carta tinha sido datada duas semanas antes.

Em resposta ao comunicado, o ministro do Interior da Espanha, Juan Ignacio Zoido, prometeu continuar com a investigação dos crimes não resolvidos atribuídos ao ETA. Zoido afirmou que a polícia "continuará perseguindo os terroristas, onde quer que estejam".

"O ETA não obteve nada quando prometeu parar de matar e não obterá nada com o anúncio daquilo que chamam de dissolução", disse o ministro do Interior a repórteres.

Em 18 de abril, foi revelada a intenção de dissolução do grupo, que colocava como data para o anúncio oficial o primeiro fim de semana de maio, depois que em outubro de 2011 foi anunciada a cessação definitiva de suas ações violentas.

Dois dias depois, num comunicado divulgado pelos jornais espanhóis Gara e Berria, o ETA reconheceu os "danos causados", pelo qual pediu "sinceras desculpas". A organização admitiu ter "responsabilidade direta" no "sofrimento excessivo" de décadas da sociedade basca, com "mortos, feridos, torturados, sequestrados ou forçados a fugir para o exterior", algo que nunca deveria ter "acontecido durante tanto tempo".

O ato oficial de dissolução está previsto para 4 de maio na cidade de Cambo-les-Bains e concluirá com a leitura de uma declaração a cargo de "representantes da comunidade internacional".

Fundado entre 1958 e 1959, em meio à ditadura do general Francisco Franco, como uma organização socialista revolucionária de libertação nacional. O grupo se tornou mais sangrento quando a Espanha passou da ditadura para a democracia no início dos anos 1980 e tinha como alvo não somente membros das forças militares e policiais, mas também políticos, empresários, civis e alguns militantes arrependidos que queriam deixar o ETA.

PV/efe/lusa/ap

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