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EUA abatem avião militar sírio

19 de junho de 2017

Pentágono confirma derrubada de aeronave do regime e afirma que ela atacou forças moderadas apoiadas pelos americanos. Incidente acirra ainda mais as tensões no país árabe. Rússia denuncia "ato de agressão".

Um avião militar americano do tipo F/A-18E Super Hornet, similar ao que abateu a aeronave síria
Um avião militar americano do tipo F/A-18E Super Hornet, similar ao que abateu a aeronave síriaFoto: Getty Images/U.S. Navy/Christopher Gaines

As tensões entre as diversas forças que atuam na Síria se acirraram ainda mais após um caça americano abater neste domingo (18/06), na província de Raqqa, um avião militar sírio que, segundo informações do Pentágono, havia bombardeado forças apoiadas pelos Estados Unidos que lutam contra o grupo extremista "Estado Islâmico" (EI) no norte do país árabe.

"Um avião sírio SU-22 lançou bombas perto de combatentes das Forças Democráticas Sírias (FDS) ao sul de Tabqa e, nos termos das nossas regras de engajamento e de legítima defesa dentro da coalizão, foi imediatamente abatido por um avião americano F/A-18E Super Hornet", afirmou em comunicado o comando da coalizão internacional que combate o EI na Síria e no Iraque.

Até então, os EUA não haviam derrubado nenhuma aeronave militar síria, segundo o Pentágono. Apesar de os americanos terem prometido desde o início das operações da coalizão internacional que protegeriam as milícias que os apoiam no combate ao EI, esta foi a primeira ocorrência de um combate aéreo direto envolvendo aviões dos EUA e da Síria. 

Segundo a coalizão, ao atacar as FDS na cidade de Jaaydin, ao sul de Tabqa, as forças do regime sírio feriram alguns combatentes e causaram a retirada das FDS da cidade. O regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, afirmou que a aeronave abatida pela coalizão realizava uma missão de combate a milícias do EI na região.

A coalizão assegurou que não pretende "combater o regime sírio, as forças russas ou as que os apoiam", mas ressaltou que "não hesitará em defender a coalizão ou os seus parceiros perante qualquer ameaça". "As ações hostis das forças pró-regime contra a coalizão e seus aliados na Síria, que realizam operações legítimas contra o EI, não serão toleradas", alertou.

A organização Observatório Sírio de Direitos Humanos, que monitora o conflito no país árabe, afirmou que, após o incidente, ocorreram pela primeira vez combates entre as tropas pró-Assad e as FDS nas proximidades de Raqqa. Considerada o último bastião urbano do EI, a cidade é palco de combates intensos que, segundo a ONU, resultaram numa "estarrecedora perda de vidas".

O ministro russo do Exterior, Serguei Lavrov, pediu que os EUA respeitem a integridade territorial da Síria e se abstenham de ações unilaterais contra as forças de Damasco.

Serguei Ryabkov, vice-ministro russo do Exterior, criticou os EUA, afirmando que a ação americana deverá apenas "ajudar os terroristas que os próprios americanos tentam combater". "O que foi isso se não um ato de agressão?", questionou. A Rússia, juntamente com o Irã, é uma das principais apoiadoras do regime de Assad.

As FDS, uma aliança entre árabes e curdos apoiada pelos EUA, acusa o governo sírio de bombardear nos últimos dias suas posições ao sudeste de Raqqa e ameaçou retaliar caso as agressões continuem. "As forças do regime [...] realizam ataques em larga escala utilizando aviões, artilharias e tanques", afirmou um porta-voz do grupo.

RC/ap/rtr/lusa

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