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EUA abrem "novo capítulo" com Cuba, diz Obama

1 de julho de 2015

Reabertura das embaixadas é passo mais concreto no processo de reaproximação entre os dois países. Presidente americano pressiona Congresso a acabar com embargo, e Castro pede fim de programas "subversivos" na ilha.

Foto: Reuters/J. Ernst

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta quarta-feira (01/07) que o acordo com Cuba para a reabertura das embaixadas em Havana e Washington é “um passo histórico” e um “novo capítulo” nas relações com a América Latina.

"Um ano atrás poderia parecer impossível que os Estados Unidos um dia voltariam a hastear nossa bandeira sobre uma embaixada em Havana", disse Obama, em discurso no jardim da Casa Branca. "É um passo histórico em nossos esforços para normalizar as relações com o governo e o povo cubano e iniciar um novo capítulo com nossos vizinhos nas Américas."

A reabertura das embaixadas é o passo mais concreto no impulso, tornado público em dezembro após meses de negociações secretas, para um degelo nas relações entre EUA e Cuba. Nesta quarta-feira, Obama voltou a pressionar o Congresso, controlado pelos republicanos, a acabar com o embargo à ilha caribenha, em vigor desde 1962.

"Já passou do tempo de percebermos que essa abordagem não funciona. Não funcionou nos últimos 50 anos: afasta os EUA do futuro de Cuba e apenas torna pior a vida do povo cubano", afirmou o presidente americano. “No fim deste verão, o secretário John Kerry vai a Havana oficialmente para orgulhosamente içar a bandeira americana sobre nossa embaixada mais uma vez.”

Nesta quarta-feira, foram divulgadas cartas de Obama e do presidente cubano, Raúl Castro, ambas com data do dia 30 de junho. Em seu texto, o americano diz que os EUA foram incentivados pelos sinais de que ambos os países querem desenvolver uma relação cooperativa.

"Ao tomar essa decisão, os Estados Unidos estão animados pela intenção recíproca de desenvolver relações de respeito e cooperação entre nossos dois povos e governos", escreveu Obama.

Já Raúl Castro confirmou, em carta endereçada a Obama, a abertura de missões diplomáticas permanentes a partir de 20 de julho. Ao mesmo tempo, o governo cubano emitiu uma nota dizendo que os EUA deveriam encerrar o embargo econômico, as transmissões de rádio e televisão no país e os programas "subversivos" dentro de Cuba.

A nota informou que tais medidas são necessárias para que os países desfrutem de relações normais, uma vez que os laços diplomáticos, agora, estão sendo restaurados.

Reciprocidade cubana

A televisão estatal cubana transmitiu todo pronunciamento do presidente dos Estados Unidos sobre o novo acordo entre os dois países. Castro disse que está “satisfeito” com o acordo de reforço das relações diplomáticas.

No entanto, em comunicado lido pela televisão estatal, o governo cubano afirmou que a reabertura das embaixadas é somente um primeiro passo em um “processo longo e complexo em direção à normalização dos laços bilaterais.”

Carta de Obama a Raúl Castro é entregue por emissário diplomático americano em HavanaFoto: Reuters/E. de la Osa

Pairam demandas críticas entre os dois países a serem resolvidas. Além do fim do embargo, as restrições de negócios e viagens e sanções a empresas nacionais ou estrangeiras que investem em Cuba também são pontos complicados.

Há também questões políticas relevantes em aberto, como o fechamento da base naval americana em Guantánamo, a suspensão das emissões de rádio e TV para Cuba, como mencionado por Castro, e o veto de Washington à participação cubana em organizações multilaterais.

“No dia 20 de julho, será realizada a abertura da Embaixada Cubana em Washington, que contará com a presença de uma delegação do país, presidida pelo ministro do Exterior de Cuba, Bruno Rodríguez”, informou Havana em comunicado.

Os Estados Unidos romperam relações com Cuba em 1961. Os dois países têm como representações diplomáticas desde 1974 “seções de interesses”.

Republicanos criticam

O senador republicano Ted Cruz, um cubano-americano pré-candidato à presidência em 2016, criticou Obama pelo reatamento dos laços diplomáticos com Cuba. Ele disse que os “Estados Unidos se renderam incondicionalmente” aos Castro. Cruz chama o regime cubano de “um dos mais violentamente antiamericanos do planeta".

Visita de senadores americanos a CubaFoto: picture-alliance/dpa/A. Ernesto

O senador texano ameaça bloquear qualquer nomeação para a embaixada em Havana. Ele disse que vai trabalhar para embargar os fundos para a construção da embaixada, a não ser que Obama possa mostrar que fez algum progresso em reduzir a “miséria do povo cubano”.

O democrata Bob Menendez, outro crítico ferrenho ao diálogo de Obama com Castro, condenou o governo pelos seus planos de abrir uma embaixada em Havana. Ele disse que o governo cubano é o único no Hemisfério Ocidental escolhido por Obama para restabelecer relações "que não é eleito pelos seus cidadãos”. Ele acrescentou que a mensagem é que “a democracia e os direitos humanos ocupam posição secundária em uma iniciativa de legado.”

Já o senador democrata Bill Nelson foi cauteloso ao saudar os planos de abertura de embaixada em Cuba. “Eu ainda não tenho confiança em Castro, mas temos que fazer aquele regime se abrir, parar com os abusos aos direitos humanos e dar aos cidadãos cubanos liberdades básicas. Eu acho que a reabertura da embaixada é um passo necessário no longo processo visando atingir esses objetivos”, declarou.

MP/afp/rtr/ap

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