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EUA acusam Cuba de tráfico humano com Mais Médicos

21 de junho de 2019

Washington afirma que Havana trafica pessoas através de convênios para envio de médicos ao exterior, incluindo a parceria com o programa brasileiro. Relatório coloca país em lista negra, junto a China e Arábia Saudita.

Pessoas andam carrinhos de aeroporto com bagagens
Médicos cubanos embarcam em Brasília após retirada de Cuba do Mais MédicosFoto: picture-alliance/dpa/E. Peres

Os Estados Unidos colocaram Cuba em sua lista negra de tráfico de pessoas e citam o programa brasileiro Mais Médicos como um dos motivos da medida.

Em um informe anual, apresentado nesta quinta-feira (20/06), o governo de Donald Trump acusou Havana de traficar pessoas através de convênios para envio de médicos a outros países, incluindo a parceria com o Mais Médicos, encerrada em novembro do ano passado.

O relatório afirma que Cuba se retirou do programa após os pedidos do então presidente eleito Jair Bolsonaro para "melhorar o tratamento e as condições de emprego dos profissionais de saúde cubanos depois de denúncias de coerção, não pagamento de salários, retenção de passaportes e restrições de movimento".

Cuba, que está na mira dos EUA desde a chegada de Trump ao poder, em 2017, é acusada no informe de forçar médicos a fazerem parte de suas missões internacionais, que são parte de um programa que nos últimos anos vinha gerando importantes ingressos a Havana através de contratos com dezenas de países.

Além de questionar as missões médicas, o documento, apresentado pelo secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, diz que o governo do país caribenho "não criminalizou todas as formas de trabalho forçado ou tráfico sexual de jovens de 16 e 17 anos".

Com isso, Cuba passou do nível 2 para o nível 3, o mais alto da lista sobre tráfico humano. Nesta posição, estão países que os EUA consideram que não cumprem os padrões mínimos de proteção a vítimas do tráfico de pessoas, como China, Coreia do Norte, Rússia, Venezuela. A Arábia Saudita também passou a ocupar o nível 3 neste mais recente relatório, por violações dos direitos trabalhistas de trabalhadores estrangeiros.

Países que entram na "lista negra", por estarem classificados no pior nível, são sujeitos a restrições dos Estados Unidos em termos de assistência econômica e retirada de apoio do Fundo Monetário Internacional ou outros organismos de ajuda ao desenvolvimento.

O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, rejeitou a medida com um texto divulgado no Twitter, acompanhado por uma foto de um médico atendendo crianças de colo em Moçambique. "Isto é o que as ideias conservadores que imperam nos EUA confundem com o tráfico de pessoas. Denunciamos esta acusação imoral, mentirosa e perversa".

O ministro do Exterior cubano, Bruno Rodríguez, classificou, também no Twitter, a inclusão na lista de "outra calúnia para justificar novas medidas de hostilidade" contra o país.

MD/afp/ots

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