EUA acusam grupo paramilitar no Sudão de genocídio
8 de janeiro de 2025
Líder das Forças de Apoio Rápido é sancionado por "atrocidades sistemáticas cometidas contra o povo sudanês". Rebeldes têm nos Emirados Árabes Unidos seu maior apoiador, segundo especialista.
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Os Estados Unidos acusaram nesta terça-feira (07/01) o grupo paramilitar sudanês Forças de Apoio Rápido (RSF) de terem cometido genocídio e impuseram sanções ao seu líder, bem como sete empresas e uma pessoa ligada ao grupo.
O secretário de Estado Antony Blinken disse que a determinação se baseou em informações sobre o assassinato sistemático de homens e meninos pelas RSF e o estupro de mulheres e meninas de determinados grupos étnicos.
As RSF e as milícias aliadas têm assassinado sistematicamente homens e rapazes – mesmo crianças – com base em critérios étnicos e têm deliberadamente visado mulheres e meninas de certos grupos étnicos para violação e outras formas de violência sexual brutal, alertou Blinken.
"Essas mesmas milícias [aliadas] têm visado civis em fuga, assassinando pessoas inocentes que escapam ao conflito e impedindo que os restantes civis tenham acesso a bens essenciais. Com base nessa informação, concluí agora que os membros das RSF e das milícias aliadas cometeram genocídio no Sudão", indicou.
"Os Estados Unidos estão empenhados em responsabilizar os culpados", disse Blinken, ao anunciar sanções ao líder das RSF, Mohammad Hamdan Daglo, conhecido como Hemedti, por seu "papel em atrocidades sistemáticas cometidas contra o povo sudanês".
Blinken declarou ainda ter concluído em dezembro de 2023 que os membros das Forças Armadas Sudanesas (SAF, na sigla em inglês) e das RSF "tinham cometido crimes de guerra" e que os membros das RSF e das milícias árabes aliadas tinham cometido crimes contra a humanidade e limpeza étnica.
Daglo foi sancionado "por seu envolvimento em graves violações dos direitos humanos em Darfur, ou seja, o estupro em massa de civis por soldados das RSF sob seu controle", e ele e seus familiares estão agora inelegíveis para entrar nos Estados Unidos, disse Blinken.
A Convenção das Nações Unidas para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio, adotada após a Segunda Guerra Mundial, define genocídio como "atos cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso".
Uma designação de genocídio pelo Departamento de Estado dos EUA é rara. A determinação de terça-feira contra as RSF é apenas a nona – incluindo o Holocausto.
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Luta violenta pelo poder
O Sudão está dilacerado pela guerra que eclodiu em abril de 2023 entre o Exército sudanês e as RSF, que iniciaram uma violenta luta pelo poder.
Em entrevista à DW, o analista político Kholood Khair explica que as RSF têm nos Emirados Árabes Unidos seu maior apoiador – uma das empresas sancionadaspelos EUA é de lá –, enquanto o Exército sudanês conta com diferentes aliados, como Rússia, Irã, Egito, Arábia Saudita, Catar e Turquia.
Segundo Khair, esses atores internacionais têm todos um interesse nos fartos recursos naturais do Sudão.
Já houve anteriormente alertas de genocídio para a região ocidental de Darfur, onde os moradores dizem ter sido alvo de combatentes com base em sua etnia.
Com a guerra, dezenas de milhares de pessoas foram mortas e mais de 8 milhões foram deslocadas internamente, na maior crise de deslocamento interno do mundo.
As Nações Unidas afirmam que mais de 30 milhões de pessoas – mais da metade delas crianças – precisam de ajuda no Sudão após 20 meses de guerra.
"O Sudão continua em meio a uma crise humanitária de proporções surpreendentes", disse Edem Wosornu, do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (ENUCAH), ao Conselho de Segurança na sede da ONU em Nova York no início desta semana.
as/ra (AFP, Lusa, DW, dpa)
O mês de janeiro em imagens
Reveja alguns dos principais acontecimentos do mês
Foto: MATTHEW HINTON/AFP
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Foto: Jae C. Hong/AP Photo/picture alliance
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