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EUA acusam oficialmente a China de manipular sua moeda

6 de agosto de 2019

Medida do Tesouro americano vem após forte desvalorização do yuan em relação ao dólar e intensifica as tensões entre as duas maiores economias do mundo. Pequim acusa governo Trump de "unilateralismo e protecionismo".

Pessoa mexe em notas de yuan
Para Tesouro americano, "o propósito da desvalorização da moeda da China é obter vantagens competitivas injustas"Foto: AFP

A moeda chinesa, o yuan, se recupera nesta terça-feira (06/08) de uma baixa recorde, após Pequim aparentemente ter adotado medidas para evitar uma queda ainda maior. Na segunda-feira, o Banco Popular da China permitiu uma forte desvalorização de sua divisa, que rompeu a marca de 7 por dólar pela primeira vez desde 2008, levando os Estados Unidos a declararem a China como país manipulador de sua moeda.

O Departamento do Tesouro americano qualificou, pela primeira vez desde 1994, a China como país "manipulador cambial", o que leva as disputas comerciais entre os dois países para além das tarifas de importação.

De acordo com o Tesouro americano, "o propósito da desvalorização da moeda da China é obter vantagens competitivas injustas no comércio internacional".

O Banco Popular da China (banco central do país) afirmou que a atitude americana "prejudica gravemente a ordem financeira internacional e gera caos nos mercados financeiros", além de "impedir a recuperação da economia e do comércio global".

"A China não usou e não usará a taxa de câmbio como ferramenta para lidar com as disputas comerciais", afirmou a instituição, em um comunicado divulgado em seu portal de internet. O banco chinês disse que o valor de sua moeda é regulado e determinado pelo mercado e pediu ainda que os EUA reconheçam seus erros e evitem o "precipício".

Num editorial publicado nesta terça no jornal oficial do Partido Comunista Chinês, o People's Daily, Pequim acusa os EUA de "deliberadamente destruir a ordem internacional" com "unilateralismo e protecionismo".

A determinação do Tesouro americano e a consequente queda do yuan nesta segunda-feira aumentam o abismo entre as duas maiores economias do mundo e eliminam as esperanças de uma resolução rápida para os conflitos comercias entre as duas nações. As disputas já se espalharam além das tarifas para outros setores, como o de tecnologia.

Analistas alertam que as medidas retaliativas adotadas pelos dois lados poderão aumentar de proporção e afetar, não apenas a confiança nos negócios, mas também o crescimento econômico global.

O agravamento da disputa comercial começou na semana passada, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou novas sobretaxas de 10% nas importações de produtos chineses equivalentes a 300 bilhões de dólares a partir de 1º de setembro. A medida praticamente impõe uma barreira a todos os produtos chineses que chegam ao país.

Como resposta, o Ministério do Comércio da China anunciou nesta segunda-feira que empresas do país suspenderam a compra de produtos agrícolas dos Estados Unidos. Segundo o ministério, o país também não descarta a possibilidade de impor tarifas adicionais aos produtos agrícolas importados dos EUA.

A decisão americana de rotular a China como país manipulador de sua moeda ocorreu menos de três semanas após o Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmar que o valor do yuan estava em linha com a economia chinesa, enquanto o dólar apresentava uma supervalorização de entre 6% e 12%.

As leis americanas estabelecem três critérios para identificar manipulação de moeda corrente entre os principais parceiros comerciais: superávit em balanças correntes materiais globais, superávit comercial significativo para com os EUA e intervenções unilaterais persistentes em mercados de câmbio estrangeiros.

RC/rtr/afp

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