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EUA acusam Rússia por ataque a comboio humanitário na Síria

20 de setembro de 2016

Americanos afirmam ter certeza de que bombardeio a caminhões da ONU e do Crescente Vermelho foi executado por aviões russos ou sírios. Ao menos 12 pessoas morreram, e Nações Unidas falam em crime de guerra.

Urum al-Kubra
Caminhão atingido por ataque aéreo perto de Urum al-KubraFoto: Reuters/A. Abdullah

Os Estados Unidos responsabilizaram nesta segunda-feira (19/09) a Rússia pelo ataque aéreo a um comboio humanitário na Síria que, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, deixou ao menos 12 mortos.

O porta-voz do Departamento de Estado, John Kirby, disse em comunicado que tanto o governo russo como o regime de Assad "conheciam o destino deste comboio, e, mesmo assim, esses trabalhadores humanitários foram mortos".

"Os Estados Unidos vão tratar deste tema diretamente com a Rússia. Dada esta violação flagrante da cessação de hostilidades, nós vamos pensar nas perspectivas futuras de cooperação com a Rússia", afirmou Kirby.

Um funcionário de alto escalão do governo americano afirmou que os EUA vão repensar sua colaboração com o governo russo, que deve demonstrar se ainda está comprometido com o acordo para um cessar-fogo no país árabe. "O que aconteceu hoje foi um forte golpe em nosso esforço para conseguir a paz na Síria", afirmou o funcionário, que falou com a imprensa sob anonimato.

Ele disse que os EUA têm certeza de que o ataque foi um bombardeio executado pelas forças russas ou pelo regime sírio, o que "coloca muitas dúvidas" sobre se a Rússia pode cumprir sua parte no acordo negociado entre as duas potências. "Temos claros indícios, não apenas os EUA, mas também a ONU e a Cruz Vermelha, de que isso foi um ataque aéreo", afirmou.

Foto: Reuters/A. Abdullah

Crime de guerra

A ONU confirmou que houve um ataque contra um comboio humanitário na região de Urum al-Kubra, no oeste da província de Aleppo, mas disse não saber o número exato das vítimas. Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, ao menos 12 pessoas morreram no bombardeio, a maioria motoristas dos caminhões e um funcionário do Crescente Vermelho da Síria. O envio de comboios com ajuda foi suspenso pela ONU.

Ao menos 18 caminhões de um comboio de ajuda humanitária, organizado pela ONU e pelo Crescente Vermelho, foram atingidos pelo bombardeio, nesta segunda-feira, perto da cidade de Urum al-Kubra, dominada pelos rebeldes, no norte da província de Aleppo. Segundo a ONU, o comboio de 31 caminhões levava mantimentos para 78 mil pessoas que estão isoladas em Urum al-Kubra.

"Nossa indignação com esse ataque é enorme. O comboio foi resultado de um longo processo de permissão e preparação para ajudar civis isolados", disse o enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura. O chefe da ajuda humanitária da ONU, Stephen O'Brien, disse que muitas pessoas foram mortas ou seriamente feridas. "Vou ser bem claro: se esse ataque cruel mirou intencionalmente ajuda humanitária, isso significa crime de guerra", afirmou.

O ataque ocorreu após o regime sírio declarar nesta segunda-feira o fim do cessar-fogo acertado pela Rússia e pelos EUA e que estava em vigência desde a semana passada. Regime e rebeldes acusaram-se mutuamente de violar a trégua.

AS/CN/rtr/efe/lusa/afp

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