EUA: Assad "jamais participará" de processo de paz
17 de março de 2015
Washington nega que secretário de Estado John Kerry tenha sugerido a inclusão do presidente sírio nas negociações com o objetivo de pôr fim à guerra civil na Síria. Assad diz aguardar ações concretas dos EUA.
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Autoridades americanas afirmaram nesta segunda-feira (16/03) que o presidente da Síria, Bashar al-Assad, jamais participará das negociações de paz que visam pôr fim à guerra civil no país.
Durante uma entrevista à emissora CBS no último fim de semana, o secretário de Estado americano John Kerry aparentou sugerir que Washington poderia manter conversações com Assad sobre um possível processo de paz no país. Entretanto, a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki, negou tal possibilidade.
Sempre houve a necessidade de que representantes do regime de Assad fizessem parte do processo, disse Psaki, ressaltando, porém, que a participação do presidente sírio jamais foi cogitada. "Não foi isso que o secretário Kerry quis dizer", afirmou.
"Continuamos a acreditar que não há futuro para Assad na Síria. Estamos tomando todas as medidas possíveis para pôr fim ao seu governo", disse a porta-voz.
Ao mesmo tempo, Assad afirmou aguardar ações concretas dos Estados Unidos. "Ainda ouvimos os comentários e temos que aguardar ações para, então, tomarmos alguma decisão", declarou. O presidente acusa os EUA de "apoiarem o terrorismo" no país ao defender a oposição síria.
Psaki acrescentou que os EUA estão abertos a "quaisquer esforços consistentes quanto ao processo de paz em Genebra" que possam trazer os dois lados de volta à mesa de negociações.
Após duas rodadas de negociações em Genebra terem fracassado, o conflito na Síria parece estar longe do fim. Em quatro anos, a guerra civil deixou mais de 215 mil mortos.
Nesta terça-feira, a Anistia Internacional acusou o governo sírio pela morte de 100 civis, incluindo 14 crianças, numa série de "impiedosos ataques aéreos" na cidade de Raqqa, bastião do "Estado Islâmico" na Síria. Num novo relatório, a organização humanitária denuncia que alguns dos ataques realizados em novembro de 2014 tinham "todas as indicações de serem crimes de guerra".
RC/rtr/afp
Síria: patrimônio histórico destruído na guerra civil
Cerca de 300 locais de interesse histórico já foram danificados, saqueados ou totalmente destruídos na guerra civil da Síria. Uma excursão aos patrimônios culturais ameaçados do país.
Foto: Fotolia/Facundo
Destruição
Em quase quatro anos, a guerra civil síria contabilizou centenas de milhares de mortos e o deslocamento de cerca de dez milhões de pessoas. Análises do Instituto das Nações Unidas para a Formação e Pesquisa (Unitar, em inglês) feitas por satélites mostram a destruição de patrimônios culturais no país. Nesta foto, o centro histórico de Damasco.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Tödt
Mesquita dos Omíadas
A análise revelou que 290 sítios culturais foram fortemente atingidos. Do ano 708, a Mesquita dos Omíadas, em Damasco, teve o mosaico de sua fachada destruído por tiros.
Foto: picture-alliance/blickwinkel/Neukirchen
Imagem de destruição
Especialmente atingida foi a metrópole de Aleppo, que, com 7 mil anos de história de assentamentos, faz parte das cidades mais antigas do mundo. A imagem de satélite à direita mostra a destruição na região próxima à cidadela.
Foto: US Department of State, Humanitarian Information Unit, NextView License (DigitalGlobe)
Antes dos tiros
A Mesquita dos Omíadas, em Aleppo, também foi fortemente danificada. A mesquita, do ano 715, foi reconstruída diversas vezes nos séculos seguintes à sua construção. Especialmente o minarete, do ano de 1092, é considerado uma obra-prima arquitetônica. Aqui, uma foto da mesquita antes de ser destruída.
Foto: picture alliance/Bibliographisches Institut/Prof. Dr. H. Wilhelmy
Troca de acusações
O minarete da Mesquita dos Omíadas foi destruído durante uma batalha, em 2013. Hoje sobrou somente o escombro, já que grande parte da edificação foi gravemente danificada. O governo e os rebeldes acusam-se mutuamente.
Foto: J. Al-Halabi/AFP/Getty Images
Luta implacável
A batalha entre o governo e rebeldes por Aleppo ocorre desde 2012 e faz com que os danos sejam proporcionais ao tempo do confronto. O hotel Carlton, de 150 anos, em frente à cidadela de Aleppo, era famoso, entre outros motivos, por seu interior histórico e bem conservado.
Foto: CC-SA-BY-Preacher lad
Totalmente destruído
Hoje não sobrou nada do hotel. Em maio de 2014 foram acionados explosivos em um túnel localizado embaixo da construção. De 210 prédios históricos analisados pela Unitar em Aleppo, a metade foi danificada e um quinto foi totalmente destruído.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Mercado de "conto de fadas"
Visitantes do mercado de Aleppo se sentiam num conto de fadas das mil e uma noites. O bazar, que permaneceu inalterado desde o século 16, consistia de uma longa rede de vielas totalizando sete quilômetros.
Foto: AP
Perdido para sempre
Em 2012, um incêndio causou danos irreversíveis ao mercado. De acordo com números oficiais, 1.500 das 1.600 lojas no bazar foram danificadas ou destruídas.
Foto: AP
Inconquistável, mas…
Numa fortaleza curda, foi construído durante os séculos 12 e 13 o chamado Forte dos Cavaleiros, um castelo para cavaleiros das Cruzadas. A edificação era conhecida por nunca ter sido conquistada por meio de guerra ou de cerco.
Foto: picture-alliance/AP Photo/D. Vranic
… não indestrutível
O castelo, que se localiza ao leste de Homs e próximo à fronteira com o Líbano, foi submetido novamente à artilharia de fogo e ataques aéreos. A luta deixou o teto e muros destruídos, como também partes da edificação desmoronadas.
Foto: picture-alliance/AP Photo/D. Vranic
Impossível de se reconhecer
Dura Europos foi fundada no ano 300 a.C. como uma colônia militar. Aqui não somente as batalhas, mas também os constantes saques foram responsáveis para que muitas edificações da chamada "Pompeia síria" não sejam mais reconhecíveis.
Foto: picture-alliance/akg-images/Leo G. Linder
Templo destruído
A cidade de Palmira é considerada um dos centros culturais da antiguidade. Lutas, saques e o roubo de pedras afetaram consideravelmente as atrações históricas. De 2 mil anos, o templo de Baal – na foto, antes da guerra civil – perdeu uma de suas colunas.