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EUA alertam para ameaça iraniana iminente no Iraque

15 de maio de 2019

Washington afirma que seus soldados no Iraque correm riscos "credíveis e iminentes" oriundos de forças apoiadas pelo Irã e ordena que diplomatas deixem país. Aliados dos EUA manifestam preocupação com retórica de guerra.

Soldado americano participa de treinamento de militares iraquianos
Soldado americano participa de treinamento de forças iraquianas: cerca de 5 mil militares dos EUA ainda estão no paísFoto: Getty Images/J. Moore

Os Estados Unidos colocaram seus militares no Iraque e na Síria em nível elevado de alerta nesta terça-feira (14/05) e, um dia depois, ordenaram que parte de seus funcionários diplomáticos no Iraque deixe o país.

O Comando Central dos EUA afirmou que há "ameaças credíveis" e "iminentes" oriundas de forças apoiadas pelo Irã no Iraque. A declaração bate de frente com a de um aliado, o militar britânico Chris Ghika, segundo o qual "a ameaça oriunda de forças apoiadas pelo Irã no Iraque e na Síria não está mais elevada". O Comando Central dos EUA afirmou que essa avaliação não confere com as informações que possui.

O governo do presidente Donald Trump insiste que o Irã representa uma crescente ameaça para os soldados americanos na região e cita como fonte seus serviços de inteligência. Os Estados Unidos têm cerca de 5 mil soldados no Iraque e 2 mil na Síria.

A situação atual no Iraque é um legado da invasão americana de 2003, que teve início com base em informações falsas de inteligência. Até agora, os Estados Unidos não divulgaram evidências para corroborar as afirmações de que o Irã representa uma ameaça crescente aos seus militares.

Aliados dos EUA se mostram preocupados com a retórica de guerra. "Estamos muito preocupados com o risco de um conflito acontecer por acidente, levando a um acirramento que nenhum dos dois lados realmente quer, mas que resultaria em algum tipo de conflito", disse o secretário britânico do Exterior, Jeremy Hunt. "Precisamos de um período de calma para que todos possam entender o que o outro lado está pensando", acrescentou.

Duas pessoas ligadas às forças de segurança do Iraque disseram à agência de notícias Reuters que a visita surpresa do secretário de Estado americano, Mike Pompeo, a Bagdá, no início do mês, ocorreu depois de os serviços de inteligência dos EUA mostrarem milícias xiitas, apoiadas pelo Irã, posicionando mísseis nas proximidades de bases americanas na região.

Em Bagdá, Pompeo pediu a líderes militares iraquianos que mantivessem o controle sobre as milícias. Do contrário, os Estados Unidos agirão sozinhos contra elas, sem coordenar suas ações com o governo em Bagdá.

O primeiro-ministro do Iraque, Adel Abdul Mahdi, declarou nesta terça-feira que os iraquianos não observaram qualquer movimento que represente uma ameaça para qualquer um dos lados. "Dissemos isso aos americanos. O governo iraquiano está cumprindo sua tarefa de proteger todas as partes."

Representantes de duas milícias apoiadas pelo Irã também disseram que não têm planos de atacar forças americanas e, assim como Teerã, afirmaram que tudo não passa de "guerra psicológica" por parte de Washington.

O Iraque se vê no meio da crescente tensão entre Washington e Teerã, cuja influência regional tem crescido nos últimos anos por meio da participação, direta ou indireta, em diversos conflitos.

Ao lado de Lavrov, Pompeo foi categórico: "Nós não estamos atrás de uma guerra com o Irã"Foto: picture-alliance/dpa/Sputnik/E. Lyzlova

O Iraque teria dificuldades para manter o controle sobre as milícias xiitas apoiadas pelo Irã. Formalmente, esses grupos paramilitares fazem parte das forças de segurança do Iraque, mas operam de forma semi-independente.

As tensões entre Washington e Teerã aumentaram no início deste mês, depois de o governo Trump elevar as sanções econômicas à República Islâmica ao acabar com as exceções dadas a países que compram petróleo iraniano.

Além disso, os Estados Unidos anunciaram o envio de um porta-aviões e bombardeiros para o Oriente Médio, numa mensagem ao regime iraniano. O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, disse que o envio é uma resposta a "uma série de indicações e avisos preocupantes" e uma "mensagem clara e inequívoca ao regime iraniano" de que "qualquer ataque aos interesses dos Estados Unidos ou dos seus aliados irá se defrontar com uma força implacável".

Nesta terça-feira, Trump desmentiu uma informação divulgada pelo jornal The New York Times, de que os Estados Unidos estariam planejando enviar até 120 mil soldados para fazer frente ao Irã se este atacar forças americanas. "Se eu faria isso? É claro", disse Trump. "Mas não temos planos para isso. Espero que não tenhamos que planejar isso. Se fizermos isso, mandaremos muito mais soldados do que isso."

Em Sochi, onde se encontrou com o ministro do Exterior da Rússia, Serguei Lavrov, Pompeo disse que o envio de soldados não passa de um boato. Ao lado de Lavrov, ele foi categórico: "Nós não estamos atrás de uma guerra com o Irã."

O governo Trump considera o Irã a maior ameaça à paz na região.

AS/rtr/ap/dpa

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