Foram registrados cem possíveis casos de síndrome de Guillain-Barré entre 12,5 milhões de imunizados. Apesar de alterar bula, agência americana ressalta que dados são "insuficientes para estabelecer relação causal".
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A Food and Drug Administration (FDA), agência do governo dos Estados Unidos que regulamenta o uso de medicamentos, alertou para um possível vínculo entre a vacina contra a covid-19 da Janssen, braço farmacêutico da Johnson & Johnson, e a síndrome de Guillain-Barré.
Foram detectados 100 possíveis casos do transtorno neurológico entre 12,5 milhões de pessoas que receberam o imunizante, o que corresponde a 0,0007% do total. Deles, 95 foram casos graves, que necessitaram de hospitalização. Uma morte foi registrada.
A FDA acrescentou o alerta à bula da vacina nesta segunda-feira (12/07), mas apontou que os dados são "insuficientes para estabelecer uma relação causal", quer dizer, que comprovem que a vacina seja a responsável direta pelo desenvolvimento dos sintomas.
Em comunicado, a Johnson & Johnson afirmou que vem mantendo conversações com a FDA sobre esse possível efeito adverso e recordou que a possibilidade de desenvolvimento da síndrome é muito baixa, como mostram os dados das autoridades sanitárias americanas.
A notícia representa um novo golpe para o imunizante da J&J, que recebeu autorização para uso emergencial em fevereiro, mas que tem um papel menor na campanha de vacinação dos Estados Unidos contra a covid-19.
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Distúrbio raro
A síndrome de Guillain-Barré é um distúrbio neurológico raro em que o sistema imunológico do corpo afeta as células nervosas, causando inflamação nos nervos, podendo provocar dor, fraqueza muscular e, nos casos mais graves, paralisia. A doença afeta entre 3 mil a 6 mil pessoas a cada ano nos Estados Unidos, e a maioria se recupera.
O novo alerta sobre a vacina destaca que, na maioria das pessoas, os sintomas começaram dentro de 42 dias após a inoculação, embora afirme que "a probabilidade de isso acontecer é muito baixa".
A vacina da Janssen, que é de uma só dose, já sofreu contratempos em abril, quando as autoridades americanas interromperam temporariamente sua distribuição depois que foram registrados seis casos de trombose cerebral em mulheres com menos de 48 anos que haviam recebido o inoculante, das quais uma morreu.
Embora a FDA continue monitorando a segurança da vacina em cooperação com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), a entidade "continua a acreditar que os benefícios conhecidos e potenciais claramente superam os riscos".
Já foram registrados casos de síndrome de Guillain-Barré após a administração de certas vacinas, incluindo aquelas que previnem a gripe sazonal e herpes zoster. Até o momento, nenhum sinal de distúrbio neurológico foi identificado após a inoculação com as vacinas anticovid da Moderna e da Pfizer-BioNTech.
Demanda por vacinas cai nos EUA
A informação chega em um momento em que a demanda por vacinas anticovid está diminuindo nos Estados Unidos, com apenas cerca de 430 mil doses sendo aplicadas por dia. A média máxima de sete dias foi alcançada em abril, com cerca de 3,5 milhões de aplicações.
Os casos de coronavírus estão aumentando novamente nos estados do centro-oeste e sul do país, onde a vacinação não avançou o suficiente, com domínio da variante delta, muito mais contagiosa.
md/ek (Efe, AFP)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
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A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
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Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine