Em reunião com representantes da ONU, chefe da agência americana responsável pelo controle de doenças infecciosas diz que, se medidas certas não forem tomadas, mundo poderá ter 1,4 milhão de casos do vírus até janeiro.
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Após a morte do primeiro paciente diagnosticado com ebola nos EUA, a infecção de uma assistente de enfermagem na Espanha e a suspeita de um novo caso na Macedônia, o diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, Thomas Frieden, afirmou nesta quinta-feira (09/10) que o vírus mortal pode se tornar a próxima aids.
"Temos que trabalhar agora para que isto [o ebola] não se torne a próxima aids", alertou Frieden em encontro com representantes da ONU, do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington. "Eu diria que, nos 30 anos em que venho trabalhando com saúde pública, a única coisa parecida com isso foi a aids. Temos uma longa batalha pela frente."
O CDC prevê que o número de casos de ebola pode subir para 1,4 milhão em janeiro, caso medidas eficazes não sejam tomadas para conter a doença.
Os últimos números divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que o vírus, transmitido através do contato direto com fluidos corporais de um infectado, já matou quase 4 mil pessoas na África Ocidental desde março. Outras 8 mil foram infectadas. Este é o maior surto do ebola já registrado na história.
Novo paciente na Alemanha
Nesta quinta-feira, um cidadão britânico suspeito de ter contraído ebola morreu na Macedônia. A informação foi dada por um funcionário do governo local. A fonte, que falou sob condição de anonimato, disse que um segundo britânico também apresentou sintomas de infecção.
Ele afirmou que os dois estavam hospedados em um hotel na capital Skopje e que os funcionários do estabelecimento e a equipe da ambulância que levou ambos para tratamento foram colocados em isolamento. O hotel foi isolado.
Segundo a médica Jovanka Kostovska, da comissão ministerial de doenças infecciosas da Macedônia, explicou o homem vinha sofrendo com febre, vômitos e sangramento interno, e sua condição piorou rapidamente.
"São todos sintomas do ebola, o que aumenta as suspeitas em relação a esse paciente", disse Kostovska, declarando ainda que amostras de sangue foram enviadas para testes na Alemanha para confirmar a causa da morte.
A Alemanha confirmou, também nesta quinta-feira, que um terceiro paciente infectado pelo vírus chegou ao país para tratamento. O homem, original do Sudão, contraiu o ebola na Libéria, e foi levado à clínica St. Georg em Leipzig, um dos sete centros de saúde na Alemanha com capacidade de tratar pacientes com doenças altamente contagiosas.
Os outros dois pacientes são um funcionário da OMS, que foi tratado em Hamburgo e liberado na semana passada, e um médico de Uganda que continua sendo tratado em Frankfurt.
O caso mais conhecido na Europa até agora é o da assistente de enfermagem Teresa Romero, que foi infectada no hospital madrilenho La Paz Carlos 3º, onde morreram dois missionários com ebola repatriados da África Ocidental. Outras cinco pessoas, inclusive o marido da funcionária, estão sendo monitoradas na capital espanhola.
Maior surto de ebola da história
A África enfrenta a pior epidemia de ebola. Não existem medicamentos ou vacina para conter a doença. Perante surto, a Organização Mundial da Saúde liberou o uso de substâncias experimentais em pacientes infectados.
Foto: Reuters
Conhecido desde 1976
O vírus do ebola foi descoberto em 1976 na República Democrática do Congo por uma equipe de pesquisadores da Bélgica. A doença foi batizada com o nome do rio que passa pelo vilarejo onde ela foi identificada pela primeira vez. Desde então, já houve 15 epidemias nos países africanos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Foto: Reuters
Chances mínimas
Há diversas variações do vírus, e apenas algumas causam a febre hemorrágica. Ainda não há vacina ou medicamentos aprovados para combater o ebola. A doença é fatal na maioria dos casos: a taxa de mortalidade é de 90%. O diagnóstico é feito através de exames laboratoriais.
Foto: AFP/Getty Images
Sintomas
Os sintomas, que aparecem entre 2 e 21 dias após a infecção, são fraqueza, dores de cabeça e musculares, calafrios, falta de apetite, dor de estômago e de garganta, diarreia, vômitos e febre hemorrágica. As principais regiões do corpo afetadas são o aparelho digestivo, o baço e o pulmão.
Foto: picture alliance/AP Photo
Contágio
A transmissão do ebola ocorre apenas através de fluídos corporais, ou seja, deve haver contato direto entre as pessoas ou animais infectados, e também por meio do contato com ambientes contaminados. Ele se propaga, por exemplo, em hospitais, entre enfermeiros e médicos que tratam de pessoas infectadas. Além disso, pode ser transmitido ao se tocar no corpo de pessoas que morreram dessa doença.
Foto: Reuters/Unicef
De animais para humanos
Animais infectados também transmitem a doença. O ebola foi introduzido na população humana através de contato com sangue, secreções, órgãos e fluídos corporais de animais que carregavam o vírus. Morcegos, por exemplo, são hospedeiros do vírus, mas eles não adoecem e podem carregar o ebola consigo até o fim da vida.
Foto: picture-alliance/dpa
Informação é o melhor remédio
Campanhas de esclarecimentos sobre o ebola são fundamentais para conter o avanço da epidemia. A única maneira de evitar uma infecção são medidas preventivas, como melhores condições de higiene nos hospitais, uso de luvas e a quarentena.
Foto: Sia Kambou/AFP/Getty Images
Atual epidemia
Os primeiros casos do atual surto de ebola foram confirmados em março deste ano na Guiné. Desde então, a pior epidemia dessa doença da história já se alastrou por seis países africanos. Casos já foram registrados na Libéria, em Serra Leoa, na Guiné, na Nigéria, na República Democrática do Congo e no Senegal.
Foto: picture-alliance/dpa
Fronteiras fechadas
Os governos de Serra Leoa, Libéria e Nigéria decretaram estado de emergência devido à epidemia. O surto levou alguns países africanos a colocar em quarentena regiões fortemente atingidas pela doença. Além disso, para tentar evitar a propagação da epidemia, países como Guiné, Libéria e Costa do Marfim fecharam suas fronteiras.
Foto: Reuters
Mais de mil mortes
A OMS considerou o atual surto de ebola com o maior e pior da história. Desde março, mais de 3 mil casos da doença já foram confirmados e mais de 1.500 pessoas morrem de ebola. Entretanto, a agência teme que mais de 20 mil pessoas possam ser infectadas até que a epidemia seja controlada.
Foto: DPA
Vida em risco
No atual surto há uma elevada taxa de infecção entre profissionais de saúde que cuidam de pacientes com ebola. Mais de 240 médicos e enfermeiros já foram infectados e mais de 120 morreram. A falta de roupas de proteção e o cansaço após jornadas exaustivas de trabalho são as razões para essas infecções. Alguns deles estão recebendo o tratamento em países europeus e nos Estados Unidos.
Foto: Getty Images/Afp/Seyllou
Medicamentos experimentais
O médico americano Kent Brantly foi tratado nos Estados Unidos com o soro experimental ZMapp. Após três semanas de isolamento ele foi curado. Mas a eficácia desse medicamento é controversa. Um padre espanhol tratado com esse soro não sobreviveu. Perante a gravidade da crise, a OMS aprovou em meados de agosto a utilização de substâncias experimentais contra o ebola.