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EUA ameaçam sobretaxar produtos da França em até 100%

3 de dezembro de 2019

Medida seria retaliação a imposto digital francês contra empresas de TI americanas, como Google e Facebook. Sanções visam afetar itens com valor total de 2,4 bilhões de dólares. Paris fala em "resposta europeia forte".

Duas garrafas de espumantes mergulhadas em cubos de gelo
Espumantes franceses estão entre as mercadorias a serem sobretaxadas pelos EUAFoto: picture-alliance/imageBroker/P. Seyfferth

Os Estados Unidos ameaçaram nesta segunda-feira (02/11) impor tarifas de até 100% a 2,4 bilhões de dólares em produtos da França como retaliação à imposição de um imposto digital pelo país europeu a grandes companhias tecnológicas americanas, incluindo Google e Facebook.

De acordo com o anúncio, a lista de produtos franceses sujeitos a estas taxas inclui 63 categorias diferentes, como queijos, espumantes, bolsas e cosméticos. O valor comercial total dos produtos é de cerca de 2,4 bilhões de dólares.

"A decisão de hoje envia um sinal claro de que os Estados Unidos tomarão medidas contra regimes fiscais digitais que discriminam ou impõem encargos indevidos às empresas americanas", afirmou o comissário de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer.

A medida foi tomada após a França ter aprovado oficialmente, em julho, o chamado imposto Gafa (acrônimo de Google, Apple, Facebook e Amazon) de 3% sobre o volume de negócios do faturamento das atividades digitais dessas empresas, para obrigá-las a pagar impostos na França sobre os lucros que elas obtêm com usuários provenientes do país.

O ministro da Economia da França, Bruno Le Maire, disse, em entrevistas de rádio, que a sanção é "inaceitável" e enfatizou que seu país "jamais" desistirá do imposto digital, acrescentando que os Estados Unidos "parecem não estar mais interessados em um acordo internacional" sobre o assunto.

"Esse não é o tipo de comportamento que se espera dos Estados Unidos, com respeito a um de seus principais aliados, a França, e a Europa em geral", ressaltou Le Maire. Ele afirmou que entrará em contato com a Comissão Europeia para confirmar que, se as novas taxações entrarem em vigor, haverá uma "resposta europeia forte".

O imposto francês afeta empresas cujas receitas anuais ultrapassam 750 milhões de euros em todo o mundo, o que envolve cerca de 30 empresas, a maioria delas americanas, embora a lista também inclua companhias chinesas, britânicas e alemãs.

Após a entrada em vigor do imposto, o USTR anunciou o início de uma investigação contra a França, alegando que o imposto tinha "injustamente" como alvos as gigantes americanas.

A França tentou sem sucesso levar a União Europeia (UE) a adotar um imposto digital e anunciou que renunciará ao seu próprio imposto quando uma alternativa internacional for implementada.

O presidente dos EUA, Donald Trump, e seu colega francês, Emmanuel Macron, devem se reunir nesta semana em Londres durante a cúpula da Otan. Entre outros temas de discussão está justamente a cobrança do Gafa e a resposta de Washington.

Nesta segunda-feira, Trump acusou Brasil e Argentina de desvalorizarem suas moedas de forma "maciça" e disse que vai voltar a impor tarifas sobre importações de aço e alumínio de ambos os países.

MD/efe/afp/dpa/rtr

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