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EUA antecipam veto a entrada de passageiros do Brasil

26 de maio de 2020

Restrição passa a valer às 23h59 desta terça-feira, dois dias antes do anteriormente anunciado. Medida atinge cidadãos não americanos que estiveram em território brasileiro nos últimos 14 dias, salvo algumas exceções.

Aeroporto JFK, em Nova York
"Não quero pessoas vindo para cá e infectando nosso povo", disse Trump na semana passadaFoto: AFP/J. Eisele

O governo dos Estados Unidos decidiu antecipar em dois dias a proibição de entrada no país de estrangeiros que estiveram no Brasil nos últimos 14 dias. A decisão, que passaria a valer a partir das 23h59 da próxima quinta-feira, 28 de maio, entra em vigor às 23h59 desta terça-feira (26/05).

A Casa Branca não informou as razões para adiantar a medida. A restrição atinge todos os cidadãos não americanos que tenham passado pelo território brasileiro, e não só cidadãos brasileiros.

O veto não se aplica, porém, àqueles que tenham residência permanente nos Estados Unidos ou sejam cônjuges, pais ou filhos de cidadãos americanos. Membros de tripulação aérea ou pessoas que viajem a convite do governo dos EUA também estão isentos da proibição.

A medida foi anunciada pelo governo americano no último domingo. Na ocasião, um comunicado da secretária de imprensa da Casa Branca, Kayleigh McEnany, afirmou que a restrição é "decisiva para proteger" os EUA.

"A ação de hoje irá garantir que estrangeiros que estiveram no Brasil não se tornem uma fonte adicional de infecções em nosso país", disse a nota.

Horas antes, no domingo, o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Robert O'Brien, já havia dito a um programa de TV que os EUA deveriam anunciar a medida naquele dia, após o país sul-americano assumir a segunda posição no mundo em casos de coronavírus.

"Esperamos que seja temporário, mas, devido à situação no Brasil, tomaremos todas as medidas necessárias para proteger o povo americano", disse O'Brien.

Na semana passada, o presidente Donald Trump também já havia antecipado que estava considerando impor a proibição. "Não quero pessoas vindo para cá e infectando nosso povo. Também não quero que as pessoas fiquem doentes por lá. Estamos ajudando o Brasil com respiradores... O Brasil está tendo problemas, não há dúvida sobre isso", disse.

Por enquanto, os voos comerciais entre Brasil e Estados Unidos estão mantidos. Mas o presidente também sugeriu, em 28 de abril, que poderia suspender essas viagens.

"O Brasil tem um surto sério, como vocês sabem. Eles também foram em outra direção que outros países da América do Sul, se você olhar os dados, vai ver o que aconteceu infelizmente com o Brasil", disse na ocasião.

Vetos semelhantes de entrada de passageiros já haviam sido impostos a certos estrangeiros vindos da China, Europa, Reino Unido, Irlanda e, em menor grau, Irã. Trump, contudo, ainda não proibiu viajantes da Rússia, que é o terceiro país com maior número de casos.

Até esta segunda-feira, o Brasil somava 374.898 casos confirmados de coronavírus e 23.473 mortos, segundo o Ministério da Saúde. Em número de infecções, o país está atrás dos Estados Unidos, que têm 1,66 milhão de casos, além de 98 mil óbitos em decorrência da covid-19, a doença.

Aliado de Trump, o presidente Jair Bolsonaro foi um dos poucos líderes mundiais que seguiram a estratégia do mandatário americano na gestão da pandemia. Ambos promovem a cloroquina no tratamento da covid-19, embora a droga não tenha eficácia e segurança comprovadas, criticam o isolamento social e pedem a retomada das atividades, mesmo em meio a números crescentes.

EK/rtr/ap/ots

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