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EUA fazem primeiro ataque contra talibãs após acordo de paz

4 de março de 2020

Porta-voz das forças americanas diz que bombardeio teve como meta defender as forças de segurança afegãs, alvo de agressões. Investida ocorre dias após assinatura de tratado entre insurgentes e Washington.

Caça americano F-16C
Caça americano em voo sobre o AfeganistãoFoto: Imago Images/StockTrek Images

As tropas americanas no Afeganistão bombardearam nesta quarta-feira (04/03) combatentes talibãs para defender as forças de segurança afegãs. Este foi o primeiro ataque desde que o governo dos Estados Unidos e os insurgentes assinaram, no último sábado, um acordo histórico que prevê a retirada das forças americanas do país.

O porta-voz das forças americanas no Afeganistão, coronel Sonny Leggett, informou no Twitter que "os EUA realizaram um bombardeio aos combatentes talibãs que estavam atacando um posto de controle" das forças de segurança afegãs na província de Helmand, no sul do país.

"Este foi nosso primeiro bombardeio contra o Talibã em 11 dias", disse Leggett, enfatizando que foi uma ação "defensiva" para "interromper" o ataque dos insurgentes.

O porta-voz lembrou que "só no dia 3 de março os talibãs realizaram 43 ataques aos postos de controle das forças de segurança afegãs em Helmand". Os insurgentes afirmaram que estavam lutando para "libertar o Afeganistão das tropas internacionais".

"Os líderes talibãs prometeram à comunidade internacional que reduziriam a violência e não aumentariam os ataques. Pedimos aos talibãs para que parem com os ataques desnecessários e honrem os seus compromissos. Como temos demonstrado, defenderemos os nossos parceiros quando necessário", frisou Leggett.

No entanto, o porta-voz amenizou o tom da mensagem em uma nova publicação nas redes sociais. "Para ser claro, estamos comprometidos com a paz, mas temos a responsabilidade de defender os nossos parceiros das forças de segurança afegãs. Os afegãos e os EUA honraram os seus acordos, no entanto, os talibãs parecem estar dispostos a desperdiçar esta oportunidade", argumentou.

O bombardeio ocorre após o presidente dos EUA, Donald Trump, dizer que teve uma "boa conversa" com um dos líderes talibãs, Mullah Abdul Ghani Baradar, na qual ambos concordaram que "não haverá violência" após a assinatura histórica do acordo em Doha, no Catar.

Os talibãs, no entanto, já tinham confirmado nesta terça-feira que o período de redução da violência acertado com os americanos antes da assinatura do acordo em Doha no último fim de semana havia terminado.

A iniciativa pretende por fim a 18 anos de conflito no Afeganistão. Cerca de 3.500 militares dos EUA e de países da coalizão liderada pelos americanos morreram no país desde 2001. O envolvimento americano no país teve início após os atentados de 11 de Setembro, conduzidos pela rede terrorista Al-Qaeda, à época baseada no Afeganistão.

Como parte do acordo, o número de militares estrangeiros no Afeganistão será reduzido de cerca de 14 mil para 8.600 até julho deste ano. O restante da retirada será feito de forma gradual ao longo dos meses seguintes, caso o Talibã cumpra sua parte no acordo.

Os talibãs culparam o governo afegão por esse aumento da violência, referindo-se aos comentários do presidente, Ashraf Ghani, sobre a libertação dos prisioneiros do grupo.

Ghani disse no domingo, um dia após a assinatura do acordo, que seu governo não prometeu libertar 5 mil prisioneiros talibãs, algo que, segundo os insurgentes, havia sido combinado com os americanos.

O governo afegão argumentou que a libertação dos prisioneiros pode ser discutida nas conversas que serão realizadas entre o Talibã e as autoridades.

MD/efe/ap/dpa

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