Arrefecimento na retórica de guerra pode ser só temporário: Forças Armadas americanas fazem testes conjuntos com Japão e seguem adiante com planos de manobras na Coreia do Sul, consideradas provocação por Kim Jong-un.
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Num momento de aparente arrefecimento nas hostilidades com a Coreia do Norte, os Estados Unidos iniciaram nesta quarta-feira (16/08) um raro exercício militar com o Japão, que coincide com os preparativos para as manobras conjuntas americanas com a Coreia do Sul.
Nos últimos dias, os EUA adotaram um tom mais moderado perante a Coreia do Norte, com o presidente Donald Trump chegando a elogiar a decisão do ditador Kim Jong-um de adiar o lançamento de mísseis perto de Guam, território estratégico dos EUA no Pacífico.
Mas a tendência é que a situação permaneça tensa: a Coreia do Norte já deixou claro que os exercícios conjuntos de sul-coreanos e americanos – que durarão dez dia e envolverão 7 mil soldados – seriam um fator levado em conta para decidir sobre a retomada das ameaças contra Guam.
Em declarações divulgadas pela agência estatal KCNA, Kim disse que pretende "observar um pouco mais" as ações americanas antes de concretizar a ameaça. Ao mesmo tempo, exortou Washington a parar "imediatamente" com as provocações
A referência era aos exercícios militares dos EUA no Pacífico. Nesta quarta-feira, por exemplo, cerca de 300 militares japoneses e americanos realizaram cinco exercícios de artilharia no norte do Japão, como parte de um raro treinamento de 19 dias.
O exercício no mar do Sul da China envolveu dois bombardeiros B-1B Lancer da Força Aérea dos EUA, que decolaram da Base de Andersen, em Guam, e dois caças japoneses F-15.
Quanto aos exercícios militares na Coreia do Sul, a porta-voz do Departamento de Estado americano, Heather Nauert, disse que os planos de iniciá-los na próxima segunda-feira estão mantidos.
"Não há equivalência possível entre o que a Coreia do Norte está fazendo, com seus testes nucleares e de mísseis balísticos intercontinentais, e a atividade legal mantida pelos EUA e a Coreia do Sul", defendeu.
Ela disse ainda que Kim tem que dar "passos sérios" se quiser dialogar com os EUA, algo que não vai ocorrer de "forma imediata".
"Recuar da ameaça de atacar Guam não é o suficiente para obter um diálogo com Washington. Pyongyang tem que fazer muito mais para chegar a esse ponto", disse Nauert.
Os aviões norte-americanos, projetados para transportar bombas nucleares e convertidos para armamentos convencionais, realizaram vários voos no leste asiático nas últimas semanas.
A Coreia do Norte ameaça atacar os EUA e suas bases com frequência. O regime vem ignorando os alertas do Ocidente e até de sua principal aliada, a China, para interromper os testes nucleares e de mísseis, que realiza desafiando resoluções das Nações Unidas e sanções de seus membros.
IP/efe/rtr/afp
Qual o poder de fogo da Coreia do Norte?
Pyongyang prometeu responder a qualquer provocação militar após EUA sinalizarem disposição de agir contra o regime. Qual a real força desse Exército que desafia potências internacionais?
Foto: Reuters/S. Sagolj
Um dos maiores exércitos do mundo
Com 700 mil homens na ativa e outros 4,5 milhões na reserva, a Corea do Norte pode convocar a qualquer momento um quarto de sua população para a guerra. Todos os homens do país devem passar por algum tipo de treinamento militar e estar sempre disponíveis para pegar em armas. Estima-se que as tropas norte-coreanas tenham superioridade de 2 para 1 em relação à Coreia do Sul.
Foto: Getty Images/AFP/E. Jones
Um arsenal de respeito
Segundo o índice Global Firepower de 2016, o país possui 70 submarinos, 4,2 mil tanques, 458 aviões de combate e 572 aeronaves de outros tipos. Um arsenal bastante considerável. Esta imagem de 2013 mostra o líder Kim Jong-un ordenando que os mísseis do país estivessem prontos para atacar os EUA e a Coreia do Sul a qualquer momento.
Foto: picture-alliance/dpa
Poder balístico
Os mísseis aqui mostrados foram exibidos no desfile do dia 15 de abril de 2017, juntamente a outros que passaram sob o olhar do líder Kim Jong-un. Existe, porém, a suspeita de que muitos eram apenas maquetes para impressionar o mundo. Mesmo assim, a capacidade balística do país asiático não deve ser menosprezada.
Foto: Gettty Images/AFP/E. Jones
Coloridas e maciças demonstrações de força
Todos os anos, milhares de soldados e civis desfilam pelas ruas de Pyongyang em paradas militares. A maior destas, no chamado Dia do Sol, honra a memória de Kim Il-sung, patriarca do clã que governa o país desde sua fundação e avô de Kim Jong-un. Os preparativos para os desfiles espetaculares podem levar vários meses.
Foto: picture-alliance/dpa/KCNA
Testes nucleares
Apesar da pressão internacional, a Coreia do Norte não esconde suas ambições nucleares. Além dos testes com mísseis balísticos, Pyongyang realizou em cinco ocasiões os chamados ensaios nucleares, duas vezes apenas em 2016. O país sustenta que a última ogiva a ser testada pode ser lançada de um foguete, algo que especialistas consideram pouco provável. Ao menos até o momento.
Foto: picture-alliance/dpa/KCNA
Unidades femininas
Do contingente militar norte-coreano, 10% é composto por mulheres. Elas servem em unidades especiais diferenciadas e devem prestar serviços ao exército por até sete anos, segundo uma lei aprovada em 2003. É possível ver algumas delas patrulhando as ruas com sapatos de salto alto.
Foto: picture-alliance/AP Photo/W. Maye-E
Os inimigos de Pyongyang
Além dos EUA, a Coreia do Norte também considera como grandes inimigos a Coreia do Sul e o Japão. Pyongyang vê os exercícios militares americanos na Península da Coreia como uma ameaça à sua população, afirmando se tratar de uma preparação para uma iminente invasão de seu território.
Foto: Reuters/K. Hong-Ji
Preparação permanente
As Forças Armadas norte-coreanas treinam permanentemente em frentes distintas para estar prontas para o combate. O legado da Guerra da Coreia, que dividiu a península em dois países ainda unidos por um passado comum, é sentido até os dias de hoje. Na imagem, desembarque de embarcações anfíbias de unidades navais em local desconhecido na Coreia do Norte.
Foto: Reuters/KCNA
Fim da paciência americana?
Em abril de 2017, os Estados Unidos disseram ter enviado o porta-aviões Carl Vinson (foto) à Península da Coreia, sinalizando possíveis medidas contra Pyongyang. A Coreia do Norte afirmou estar pronta para qualquer tipo de guerra. Fontes de serviços de inteligência afirmam que os norte-coreanos estão a menos de dois anos de conseguir obter poder suficiente para lançar mísseis contra os EUA.