EUA começam a instalar escudo antimísseis na Coreia do Sul
26 de abril de 2017
Sistema foi projetado para interceptar e abater mísseis norte-coreanos em altitudes elevadas e gerou protestos da China, que teme que balanço de poder regional seja perturbado.
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Em meio ao aumento de tensões na península da Coreia do Norte, os Estados Unidos deram início nesta quarta-feira (26/04) à instalação de um polêmico escudo antimísseis na Coreia do Sul. A operação foi recebida com preocupação em Pequim, o maior aliado de Pyongyang, além de provocar protestos da população local.
Durante a madrugada, caminhões camuflados entraram na região próxima à cidade de Seongju, no centro do país, carregando equipamentos balísticos. A instalação do Terminal de Defesa Aérea para Grandes Altitudes (Thaad) foi acordada no ano passado por EUA e Coreia do Sul, que deixaram claro que seu objetivo é conter ameaças de Pyongyang.
Projetado para interceptar e abater mísseis em altas altitudes, uma bateria do Thaad inclui seis lançadores de autopropulsão (cada um com 50 mísseis interceptores) e uma unidade de controle de lançamento e comunicações conectadas a um potente sistema de radar de longo alcance de banda X.
Um passeio por Pyongyang
01:35
"A Coreia do Sul e os Estados Unidos trabalham para garantir uma capacidade operacional inicial do sistema Thaad em resposta ao avanço da ameaça nuclear e de mísseis da Coreia do Norte", disse o ministério da Defesa sul-coreano em comunicado.
Moradores de Seongju, região agrícola famosa pelo cultivo de melões, temem que o local se transforme em alvo de ataques norte-coreanos, além do possível impacto ambiental decorrente dos radares do Thaad.
Outros acreditam que a instalação deve ser adiada para depois das eleições presidenciais, marcadas para o dia 9 de maio, já que alguns candidatos, como o favorito, o liberal Moon Jae-in, acreditam que a decisão da implantação tem que ser revista pelo Executivo.
Centenas de manifestantes entraram em confronto com a polícia durante a operação, com saldo de 10 feridos, três deles hospitalizados, segundo ativistas.
A China alega que o sistema de defesa antiaéreo pode minar suas próprias capacidades de defesa e perturba o balanço de poder regional. Devido ao projeto, Pequim já havia imposto uma série de medidas – interpretadas como retaliações econômicas – contra a Coreia do Sul, como o banimento de grupos turísticos.
Pequim exibiu nesta quarta-feira o primeiro porta-aviões construído inteiramente na China, no estaleiro de Dalian (noroeste). Ele foi apresentado durante uma cerimônia realizada no estaleiro da empresa China Shipbuilding Industry, numa demonstração do desenvolvimento da indústria de Defesa chinesa.
IP/efe/lusa/afp/ap/dpa
Qual o poder de fogo da Coreia do Norte?
Pyongyang prometeu responder a qualquer provocação militar após EUA sinalizarem disposição de agir contra o regime. Qual a real força desse Exército que desafia potências internacionais?
Foto: Reuters/S. Sagolj
Um dos maiores exércitos do mundo
Com 700 mil homens na ativa e outros 4,5 milhões na reserva, a Corea do Norte pode convocar a qualquer momento um quarto de sua população para a guerra. Todos os homens do país devem passar por algum tipo de treinamento militar e estar sempre disponíveis para pegar em armas. Estima-se que as tropas norte-coreanas tenham superioridade de 2 para 1 em relação à Coreia do Sul.
Foto: Getty Images/AFP/E. Jones
Um arsenal de respeito
Segundo o índice Global Firepower de 2016, o país possui 70 submarinos, 4,2 mil tanques, 458 aviões de combate e 572 aeronaves de outros tipos. Um arsenal bastante considerável. Esta imagem de 2013 mostra o líder Kim Jong-un ordenando que os mísseis do país estivessem prontos para atacar os EUA e a Coreia do Sul a qualquer momento.
Foto: picture-alliance/dpa
Poder balístico
Os mísseis aqui mostrados foram exibidos no desfile do dia 15 de abril de 2017, juntamente a outros que passaram sob o olhar do líder Kim Jong-un. Existe, porém, a suspeita de que muitos eram apenas maquetes para impressionar o mundo. Mesmo assim, a capacidade balística do país asiático não deve ser menosprezada.
Foto: Gettty Images/AFP/E. Jones
Coloridas e maciças demonstrações de força
Todos os anos, milhares de soldados e civis desfilam pelas ruas de Pyongyang em paradas militares. A maior destas, no chamado Dia do Sol, honra a memória de Kim Il-sung, patriarca do clã que governa o país desde sua fundação e avô de Kim Jong-un. Os preparativos para os desfiles espetaculares podem levar vários meses.
Foto: picture-alliance/dpa/KCNA
Testes nucleares
Apesar da pressão internacional, a Coreia do Norte não esconde suas ambições nucleares. Além dos testes com mísseis balísticos, Pyongyang realizou em cinco ocasiões os chamados ensaios nucleares, duas vezes apenas em 2016. O país sustenta que a última ogiva a ser testada pode ser lançada de um foguete, algo que especialistas consideram pouco provável. Ao menos até o momento.
Foto: picture-alliance/dpa/KCNA
Unidades femininas
Do contingente militar norte-coreano, 10% é composto por mulheres. Elas servem em unidades especiais diferenciadas e devem prestar serviços ao exército por até sete anos, segundo uma lei aprovada em 2003. É possível ver algumas delas patrulhando as ruas com sapatos de salto alto.
Foto: picture-alliance/AP Photo/W. Maye-E
Os inimigos de Pyongyang
Além dos EUA, a Coreia do Norte também considera como grandes inimigos a Coreia do Sul e o Japão. Pyongyang vê os exercícios militares americanos na Península da Coreia como uma ameaça à sua população, afirmando se tratar de uma preparação para uma iminente invasão de seu território.
Foto: Reuters/K. Hong-Ji
Preparação permanente
As Forças Armadas norte-coreanas treinam permanentemente em frentes distintas para estar prontas para o combate. O legado da Guerra da Coreia, que dividiu a península em dois países ainda unidos por um passado comum, é sentido até os dias de hoje. Na imagem, desembarque de embarcações anfíbias de unidades navais em local desconhecido na Coreia do Norte.
Foto: Reuters/KCNA
Fim da paciência americana?
Em abril de 2017, os Estados Unidos disseram ter enviado o porta-aviões Carl Vinson (foto) à Península da Coreia, sinalizando possíveis medidas contra Pyongyang. A Coreia do Norte afirmou estar pronta para qualquer tipo de guerra. Fontes de serviços de inteligência afirmam que os norte-coreanos estão a menos de dois anos de conseguir obter poder suficiente para lançar mísseis contra os EUA.