Em meio às ameaças nucleares da Coreia do Norte, o presidente dos EUA, Donald Trump, concorda em revisar um tratado de 43 anos que proíbe a Coreia do Sul de desenvolver mísseis com alcance de 800 km e carga de 500 kg.
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Os EUA e a Coreia do Sul concordaram em rever um tratado bilateral de 43 anos que limita o número e alcance dos mísseis balísticos de Seul, afirmou neste sábado (02/09) o gabinete do presidente sul-coreano Moon Jae-in.
"Os dois líderes concordaram com a revisão da diretriz de mísseis para um nível desejado pela Coreia do Sul, partilhando da opinião de que era necessário fortalecer as capacidades de defesa de Seul em resposta às provocações e ameaças da Coreia do Norte", diz o texto.
A nota afirma, ainda, que é importante aplicar sanções e pressão máximas sobre a Coreia do Norte, e que a intenção é fazer com que o país vizinho pare com as provocações e sente à mesa de negociações para tratar do seu programa nuclear.
A Coreia do Sul, que serve de base para 28.500 soldados americanos, foi proibida de construir suas próprias armas nucleares após fechar um acordo de energia atômica, em 1974, com Washington. O tratado foi revisado em 2012.
Segundo o acordo, Seul não poderia desenvolver mísseis com alcance de 800 km e peso de carga de 500 kg. Por sua vez, Washington oferece um "guarda-chuva nuclear" – garantia de um Estado com armas nucleares de defender um país não nuclear aliado – contra possíveis ataques.
As forças dos EUA e da Coreia do Sul estão chegando ao final de exercícios militares conjuntos chamados Ulchi Freedom Guardian, de duração de 10 dias, algo que é visto como provocação por Pyongyang. Os exercícios buscam ensaiar respostas a uma hipotética invasão da Coreia do Sul por parte da Coreia do Norte.
Trump e Moon, que conversaram por telefone nesta sexta-feira, também discutiram o "comportamento desestabilizador e contínuo" da Coreia do Norte, afirmou a Casa Branca em nota.
O presidente americano, que advertiu que o Exército dos EUA está "protegido e abastecido" no caso de uma nova provocação norte-coreana, reagiu com raiva ao mais recente teste de mísseis de Pyongyang.
Na terça-feira, a Coreia do Norte lançou um míssil Hwasong-12, de capacidade nuclear e alcance intermediário, que sobrevoou o território do Japão. Pyongyang desenvolve um míssil nuclear de ponta capaz de atingir os EUA e ameaçou recentemente lançar mísseis contra bases militares americanas na ilha de Guam, no Pacífico Ocidental.
FC/afp/rtr/dpa
Qual o poder de fogo da Coreia do Norte?
Pyongyang prometeu responder a qualquer provocação militar após EUA sinalizarem disposição de agir contra o regime. Qual a real força desse Exército que desafia potências internacionais?
Foto: Reuters/S. Sagolj
Um dos maiores exércitos do mundo
Com 700 mil homens na ativa e outros 4,5 milhões na reserva, a Corea do Norte pode convocar a qualquer momento um quarto de sua população para a guerra. Todos os homens do país devem passar por algum tipo de treinamento militar e estar sempre disponíveis para pegar em armas. Estima-se que as tropas norte-coreanas tenham superioridade de 2 para 1 em relação à Coreia do Sul.
Foto: Getty Images/AFP/E. Jones
Um arsenal de respeito
Segundo o índice Global Firepower de 2016, o país possui 70 submarinos, 4,2 mil tanques, 458 aviões de combate e 572 aeronaves de outros tipos. Um arsenal bastante considerável. Esta imagem de 2013 mostra o líder Kim Jong-un ordenando que os mísseis do país estivessem prontos para atacar os EUA e a Coreia do Sul a qualquer momento.
Foto: picture-alliance/dpa
Poder balístico
Os mísseis aqui mostrados foram exibidos no desfile do dia 15 de abril de 2017, juntamente a outros que passaram sob o olhar do líder Kim Jong-un. Existe, porém, a suspeita de que muitos eram apenas maquetes para impressionar o mundo. Mesmo assim, a capacidade balística do país asiático não deve ser menosprezada.
Foto: Gettty Images/AFP/E. Jones
Coloridas e maciças demonstrações de força
Todos os anos, milhares de soldados e civis desfilam pelas ruas de Pyongyang em paradas militares. A maior destas, no chamado Dia do Sol, honra a memória de Kim Il-sung, patriarca do clã que governa o país desde sua fundação e avô de Kim Jong-un. Os preparativos para os desfiles espetaculares podem levar vários meses.
Foto: picture-alliance/dpa/KCNA
Testes nucleares
Apesar da pressão internacional, a Coreia do Norte não esconde suas ambições nucleares. Além dos testes com mísseis balísticos, Pyongyang realizou em cinco ocasiões os chamados ensaios nucleares, duas vezes apenas em 2016. O país sustenta que a última ogiva a ser testada pode ser lançada de um foguete, algo que especialistas consideram pouco provável. Ao menos até o momento.
Foto: picture-alliance/dpa/KCNA
Unidades femininas
Do contingente militar norte-coreano, 10% é composto por mulheres. Elas servem em unidades especiais diferenciadas e devem prestar serviços ao exército por até sete anos, segundo uma lei aprovada em 2003. É possível ver algumas delas patrulhando as ruas com sapatos de salto alto.
Foto: picture-alliance/AP Photo/W. Maye-E
Os inimigos de Pyongyang
Além dos EUA, a Coreia do Norte também considera como grandes inimigos a Coreia do Sul e o Japão. Pyongyang vê os exercícios militares americanos na Península da Coreia como uma ameaça à sua população, afirmando se tratar de uma preparação para uma iminente invasão de seu território.
Foto: Reuters/K. Hong-Ji
Preparação permanente
As Forças Armadas norte-coreanas treinam permanentemente em frentes distintas para estar prontas para o combate. O legado da Guerra da Coreia, que dividiu a península em dois países ainda unidos por um passado comum, é sentido até os dias de hoje. Na imagem, desembarque de embarcações anfíbias de unidades navais em local desconhecido na Coreia do Norte.
Foto: Reuters/KCNA
Fim da paciência americana?
Em abril de 2017, os Estados Unidos disseram ter enviado o porta-aviões Carl Vinson (foto) à Península da Coreia, sinalizando possíveis medidas contra Pyongyang. A Coreia do Norte afirmou estar pronta para qualquer tipo de guerra. Fontes de serviços de inteligência afirmam que os norte-coreanos estão a menos de dois anos de conseguir obter poder suficiente para lançar mísseis contra os EUA.