EUA dizem que morte de "Jihadi John" é quase certa
13 de novembro de 2015
Pentágono afirma que é praticamente certo que ataque com drone americano na Síria matou jihadista britânico que aparece em vídeos de decapitações do "Estado Islâmico".
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O Pentágono afirmou nesta sexta-feira (13/11) que é "razoavelmente certo" que o britânico Mohammed Emwazi, conhecido como "Jihadi John", foi morto num ataque com drone na Síria. Ele aparece em vários vídeos de decapitações de cidadãos ocidentais pelo "Estado Islâmico" (EI).
"Nós sabemos que o sistema de armas atingiu o alvo programado e que a pessoa que era o alvo de fato está morta", disse o porta-voz do comando militar dos EUA, Steven Warren.
De acordo com Warren, os EUA ainda não puderam verificar a morte de Emwazi, o que demorará um tempo, mas têm "certeza" de que ele está morto com base em informações do serviço de inteligência.
Um motorista e amigo do jihadista também morreu no mesmo ataque, que atingiu um veículo com duas pessoas.
A Casa Branca ressaltou que a ação foi um "importante progresso" no combate aos jihadistas. O porta-voz Josh Earnest disse que o combatente era "um alvo que valia a pena".
Earnest afirmou ainda que o ataque aéreo nos arredores da Raqqa, no norte de Siria, mostrou que os Estados Unidos levam a sério o uso de inteligência para pressionar os líderes do EI e disse que as famílias das vítimas de Emwazi foram contactadas antes de a informação sobre a ação ser divulgada publicamente.
"Jihadi John" aparece nos vídeos do EI que mostram os assassinatos dos jornalistas americanos Steven Sotloff e James Foley, do voluntário americano Abdul-Rahman Kassig, dos voluntários britânicos David Haines e Alan Henning e do jornalista japonês Kenji Goto.
Com 27 anos, "Jihadi John" pertence a uma família de classe média e estudou informática antes de viajar para a Síria, em 2012. Ele nasceu no Kuwait e teria se mudado para Londres aos 6 anos, crescendo no bairro de classe média de North Kensington.
Emwazi foi apelidado de "Jihadi John" numa referência ao beatle John Lennon e por causa de seu sotaque britânico.
Em todos os vídeos de decapitação em que aparece, ele está mascarado, vestido de preto, sendo visíveis apenas os olhos, e segura uma faca enquanto profere ameaças ao Ocidente. Ele é um dos quatro britânicos que vigiam reféns ocidentais do EI e que receberam apelidos com os nomes dos integrantes dos Beatles: John, Paul, George e Ringo.
De acordo com responsáveis dos serviços secretos britânicos, cerca de 500 radicais que cresceram no Reino Unido integram as fileiras do EI na Síria e no Iraque.
CN/rtr/afp/ap
"Estado Islâmico": de militância sunita a califado
Origens do grupo jihadista remontam à invasão do Iraque, em 2003. Nascido como oposição ao domínio xiita e inicialmente um braço da Al Qaeda, EI passou por mudanças e virou uma ameaça internacional.
Foto: picture-alliance/AP Photo
A origem do "Estado Islâmico"
A trajetória do "Estado Islâmico" (EI) começou em 2003, com a derrubada do ditador iraquiano Saddam Hussein pelos EUA. O grupo sunita surgiu a partir da união de diversas organizações extremistas, leais ao antigo regime, que lutavam contra a ocupação americana e contra a ascensão dos xiitas ao governo iraquiano.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Braço da Al Qaeda
A insurreição se tornou cada vez mais radical, à medida que fundamentalistas islâmicos liderados pelo jordaniano Abu Musab al Zarqawi, fundador da Al Qaeda no Iraque (AQI), infiltraram suas alas. Os militantes liderados por Zarqawi eram tão cruéis que tribos sunitas no Iraque ocidental se voltaram contra eles e se aliaram às forças americanas, no que ficou conhecido como "Despertar Sunita".
Foto: AP
Aparente contenção
Em junho de 2006, as Forças Armadas dos EUA mataram Zarqawi numa ofensiva aérea e ele foi sucedido por Abu Ayyub al-Masri e Abu Omar al-Bagdadi. A AQI mudou de nome para Estado Islâmico do Iraque (EII). No ano seguinte, Washington intensificou sua presença militar no país. Masri e Bagdadi foram mortos em 2010.
Foto: AP
Volta dos jihadistas
Após a retirada das tropas dos EUA do Iraque, efetuada entre junho de 2009 e dezembro de 2011, os jihadistas começaram a se reagrupar, tendo como novo líder Abu Bakr al-Bagdadi, que teria convivido e atuado com Zarqawi no Afeganistão. Ele rebatizou o grupo militante sunita como Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL).
Foto: picture alliance/dpa
Ruptura com Al Qaeda
Em 2011, quando a Síria mergulhou na guerra civil, o EIIL atravessou a fronteira para participar da luta contra o presidente Bashar al-Assad. Os jihadistas tentaram se fundir com a Frente Al Nusrah, outro grupo da Síria associado à Al Qaeda. Isso provocou uma ruptura entre o EIIL e a central da Al Qaeda no Paquistão, pois o líder desta, Ayman al-Zawahiri, rejeitou a manobra.
Foto: dapd
Ascensão do "Estado Islâmico"
Apesar do racha com a Al Qaeda, o EIIL fez conquistas significativas na Síria, combatendo tanto as forças de Assad quanto rebeldes moderados. Após estabelecer uma base militar no nordeste do país, lançou uma ofensiva contra o Iraque, tomando sua segunda maior cidade, Mossul, em 10 de junho de 2014. Nesse momento o grupo já havia sido novamente rebatizado, desta vez como "Estado Islâmico".
Foto: picture alliance / AP Photo
Importância de Mossul
A tomada da metrópole iraquiana Mossul foi significativa, tanto do ponto de vista econômico quanto estratégico. Ela é uma importante rota de exportação de petróleo e ponto de convergência dos caminhos para a Síria. Mas a conquista da cidade é vista como apenas uma etapa para os extremistas, que pretenderiam avançar a partir dela.
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Atual abrangência do EI
Além das áreas atingidas pela guerra civil na Síria, o EI avançou continuamente pelo norte e oeste iraquianos, enquanto as forças federais de segurança entravam em colapso. No fim de junho, a organização declarou um "Estado Islâmico" que atravessa a fronteira sírio-iraquiana e tem Abu Bakr al-Bagdadi como "califa".
Foto: Reuters
As leis do "califado"
Abu Bakr al-Bagdadi impôs uma forma implacável da charia, a lei tradicional islâmica, com penas que incluem mutilações e execuções públicas. Membros de minorias religiosas, como cristãos e yazidis, deixaram a região do "califado" após serem colocados diante da opção: converter-se ao islã sunita, pagar um imposto ou serem executados. Os xiitas também eram alvo de perseguição.
Foto: Reuters
Guerra contra o patrimônio histórico
O EI destruiu tesouros arqueológicos milenares em cidades como Palmira (foto), na Síria, ou Mossul, Hatra e Nínive, no Iraque. Eles diziam que esculturas antigas entram em contradição com sua interpretação radical dos princípios do Islã. Especialistas afirmam, porém, que o grupo faturou alto no mercado internacional com a venda ilegal de estátuas menores, enquanto as maiores eram destruídas.
Foto: Fotolia/bbbar
Ameaça terrorista
Durante suas ofensivas armadas, o "Estado Islâmico" saqueou centenas de milhões de dólares em dinheiro e ocupou diversos campos petrolíferos no Iraque e na Síria. Seus militantes também se apossaram do armamento militar de fabricação americana das forças governamentais iraquianas, obtendo, assim, poder de fogo adicional.