Ataque aéreo matou um dos líderes do grupo extremista em Raqqa, na Síria, na semana passada, informa Washington. Segundo Pentágono, Wa'il al-Fayad era responsável pela produção de vídeos que exibiam torturas e execuções.
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Um ataque aéreo da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos na Síria matou na semana passada um dos líderes do grupo extremista "Estado Islâmico" (EI), Wa'il Adil Hasan Salman al-Fayad, segundo comunicou o Departamento de Defesa americano nesta sexta-feira (16/09).
Al-Fayad, conhecido como "Dr. Wa'il", atuava como chefe de propaganda da milícia jihadista e "supervisionava a produção de vídeos de propaganda terrorista que exibem torturas e execuções", informou o porta-voz do Pentágono, Peter Cook, em comunicado.
Cook também destacou que Al-Fayad era "um dos principais líderes" do EI e "membro proeminente da Shura [conselho supremo do grupo]". Segundo o porta-voz, ele era próximo de Abu Mohammed al-Adnani, porta-voz da milícia, morto no último dia 30 de agosto.
De acordo com o Pentágono, o bombardeio aéreo que matou al-Fayad ocorreu nos arredores de Raqqa, reduto do "Estado Islâmico" no país, no último dia 7 de setembro.
Na nota, Cook garantiu que os EUA seguirão apostando na estratégia de atacar figuras de importância dentro do EI, a fim de promover tensões internas e instabilidade dentro da organização.
Trégua na Síria
O anúncio ocorre em meio a um cessar-fogo na Síria, que exclui os grupos terroristas EI e a Frente Fateh al-Sham (Frente para a Conquista do Levante), conhecida como Frente al-Nusra até romper sua fidelidade à Al Qaeda e mudar de nome, no mês passado.
O acordo, intermediado pelos Estados Unidos e Rússia, entrou em vigor na última segunda-feira e tem previsão para durar sete dias. A trégua é a segunda acordada neste ano entre as duas potências e tenta pôr fim aos cinco anos de guerra civil no país do Oriente Médio.
Se o cessar-fogo durar os sete dias previstos, Moscou e Washington anunciaram que iniciarão ataques aéreos conjuntos a forças jihadistas. O combate de grupos extremistas como o EI é um dos objetivos centrais do acordo.
EK/efe/afp/rtr
"Estado Islâmico": de militância sunita a califado
Origens do grupo jihadista remontam à invasão do Iraque, em 2003. Nascido como oposição ao domínio xiita e inicialmente um braço da Al Qaeda, EI passou por mudanças e virou uma ameaça internacional.
Foto: picture-alliance/AP Photo
A origem do "Estado Islâmico"
A trajetória do "Estado Islâmico" (EI) começou em 2003, com a derrubada do ditador iraquiano Saddam Hussein pelos EUA. O grupo sunita surgiu a partir da união de diversas organizações extremistas, leais ao antigo regime, que lutavam contra a ocupação americana e contra a ascensão dos xiitas ao governo iraquiano.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Braço da Al Qaeda
A insurreição se tornou cada vez mais radical, à medida que fundamentalistas islâmicos liderados pelo jordaniano Abu Musab al Zarqawi, fundador da Al Qaeda no Iraque (AQI), infiltraram suas alas. Os militantes liderados por Zarqawi eram tão cruéis que tribos sunitas no Iraque ocidental se voltaram contra eles e se aliaram às forças americanas, no que ficou conhecido como "Despertar Sunita".
Foto: AP
Aparente contenção
Em junho de 2006, as Forças Armadas dos EUA mataram Zarqawi numa ofensiva aérea e ele foi sucedido por Abu Ayyub al-Masri e Abu Omar al-Bagdadi. A AQI mudou de nome para Estado Islâmico do Iraque (EII). No ano seguinte, Washington intensificou sua presença militar no país. Masri e Bagdadi foram mortos em 2010.
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Volta dos jihadistas
Após a retirada das tropas dos EUA do Iraque, efetuada entre junho de 2009 e dezembro de 2011, os jihadistas começaram a se reagrupar, tendo como novo líder Abu Bakr al-Bagdadi, que teria convivido e atuado com Zarqawi no Afeganistão. Ele rebatizou o grupo militante sunita como Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL).
Foto: picture alliance/dpa
Ruptura com Al Qaeda
Em 2011, quando a Síria mergulhou na guerra civil, o EIIL atravessou a fronteira para participar da luta contra o presidente Bashar al-Assad. Os jihadistas tentaram se fundir com a Frente Al Nusrah, outro grupo da Síria associado à Al Qaeda. Isso provocou uma ruptura entre o EIIL e a central da Al Qaeda no Paquistão, pois o líder desta, Ayman al-Zawahiri, rejeitou a manobra.
Foto: dapd
Ascensão do "Estado Islâmico"
Apesar do racha com a Al Qaeda, o EIIL fez conquistas significativas na Síria, combatendo tanto as forças de Assad quanto rebeldes moderados. Após estabelecer uma base militar no nordeste do país, lançou uma ofensiva contra o Iraque, tomando sua segunda maior cidade, Mossul, em 10 de junho de 2014. Nesse momento o grupo já havia sido novamente rebatizado, desta vez como "Estado Islâmico".
Foto: picture alliance / AP Photo
Importância de Mossul
A tomada da metrópole iraquiana Mossul foi significativa, tanto do ponto de vista econômico quanto estratégico. Ela é uma importante rota de exportação de petróleo e ponto de convergência dos caminhos para a Síria. Mas a conquista da cidade é vista como apenas uma etapa para os extremistas, que pretenderiam avançar a partir dela.
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Atual abrangência do EI
Além das áreas atingidas pela guerra civil na Síria, o EI avançou continuamente pelo norte e oeste iraquianos, enquanto as forças federais de segurança entravam em colapso. No fim de junho, a organização declarou um "Estado Islâmico" que atravessa a fronteira sírio-iraquiana e tem Abu Bakr al-Bagdadi como "califa".
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As leis do "califado"
Abu Bakr al-Bagdadi impôs uma forma implacável da charia, a lei tradicional islâmica, com penas que incluem mutilações e execuções públicas. Membros de minorias religiosas, como cristãos e yazidis, deixaram a região do "califado" após serem colocados diante da opção: converter-se ao islã sunita, pagar um imposto ou serem executados. Os xiitas também eram alvo de perseguição.
Foto: Reuters
Guerra contra o patrimônio histórico
O EI destruiu tesouros arqueológicos milenares em cidades como Palmira (foto), na Síria, ou Mossul, Hatra e Nínive, no Iraque. Eles diziam que esculturas antigas entram em contradição com sua interpretação radical dos princípios do Islã. Especialistas afirmam, porém, que o grupo faturou alto no mercado internacional com a venda ilegal de estátuas menores, enquanto as maiores eram destruídas.
Foto: Fotolia/bbbar
Ameaça terrorista
Durante suas ofensivas armadas, o "Estado Islâmico" saqueou centenas de milhões de dólares em dinheiro e ocupou diversos campos petrolíferos no Iraque e na Síria. Seus militantes também se apossaram do armamento militar de fabricação americana das forças governamentais iraquianas, obtendo, assim, poder de fogo adicional.