1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

EUA e aliados bombardeiam a Síria

14 de abril de 2018

Com apoio de Reino Unido e França, forças americanas disparam mais de cem mísseis, em ataque pontual contra instalações do regime de Assad ligadas a armas químicas. Damasco e aliados reagem com indignação.

Míssil cruza o céu de Damasco na madrugada de 14 de abril de 2018
Míssil cruzou o céu de Damasco na madrugada deste sábadoFoto: picture alliance/AP Photo/H. Ammar

Estados Unidos, França e Reino Unido lançaram na madrugada deste sábado (14/04) bombardeios na Síria, numa retaliação pelo ataque químico na cidade de Duma, que matou mais de 40 pessoas e é atribuído pelo Ocidente ao regime de Bashar al-Assad.

Leia também: O silêncio do mundo árabe sobre a Síria

Leia também: Há tempos a guerra não é mais sobre Assad

O ataque, segundo o Pentágono, foi pontual: durou apenas uma noite e teve como alvo instalações ligadas a armas químicas, como centros de pesquisa e armazenamento. Ao todo, mais de 100 mísseis foram disparados a partir de aviões e destroiers americanos, com apoio das forças francesa e britânica.

“Eu ordenei às Forças Armadas dos EUA que lançassem ataques precisos em alvos associados ao poderio de armas químicas do ditador sírio Bashar al-Assad”, discursou Trump, enquanto os primeiros mísseis caíam em território sírio.

Foram três os alvos atingidos durante a noite de sábado: um centro de pesquisa científica na grande Damasco e duas instalações de armas químicas a oeste de Homs – uma delas, segundo os EUA, usada na produção do agente nervoso sarin, e outra parte de um posto de comando militar.

Embora Trump tenha dito que os EUA estão preparados "para manter essa resposta até o regime sírio parar de usar agentes químicos proibidos", o Pentágono se apressou para deixar claro que não há novos bombardeios programados.

O secretário de Defesa Jim Mattis, que já havia alertado para os riscos de uma intervenção maior no conflito sírio, afirmou que só haverá novos ataques se o regime de Assad voltar a usar armas químicas: "Fomos precisos e proporcionais, mas, ao mesmo tempo, foi um ataque pesado".

Como comparação, segundo Mattis, o bombardeio deste sábado foi duas vezes maior e atingiu dois alvos a mais do que o ataque de abril do ano passado, que mirou uma base aérea síria com mais de 50 mísseis.  A ação, na ocasião, também foi uma retaliação ao uso de armas químicas por Assad.

Em conjunto com Reino Unido e França, o ataque americano é uma demonstração de unidade do Ocidente, após o que os líderes dos três países condenarem como uma consistente violação das leis internacionais.

Apesar da cautela demonstrada pelo Pentágono, o ataque envolve os EUA ainda mais no complexo conflito sírio e abre a possibilidade de confrontação com Rússia e Irã, dois dos pilares de sustentação do regime de Assad.

“Ao Irã e à Rússia, eu pergunto, que tipo de países querem estar associados ao assassinato em massa de homens, mulheres e crianças inocentes?”, disse Trump, que ao longo da semana havia feito uma série de ameaças a Assade seus aliados.

Foram necessários apenas 90 minutos para que o embaixador russo nos EUA alertasse para "consequências" após os ataques aliados. Segundo Moscou, 71 dos 103 mísseis disparados foram interceptados pelo regime sírio. A informação não pôde ser confirmada.

Durante o discurso, que durou oito minutos, Trump deixou claro que é cauteloso quanto a um envolvimento mais profundo na Síria, onde cerca de dois mil soldados americanos foram mobilizados para combater o "Estado Islâmico".

“Os EUA não procuram uma presença indefinida na Síria”, disse.

Ocidente mostra unidade

Logo após o anúncio de Trump, a primeira-ministra britânica, Theresa May, divulgou um comunicado dizendo que ao Reino Unido "não resta alternativa" a não ser o uso da força na Síria. "Nós não podemos permitir a normalização do uso de armas químicas – seja dentro da Síria, seja nas ruas do Reino Unido ou em qualquer outro lugar do mundo", informa o comunicado.

Protesto em Damasco: bandeiras da Rússia e da SíriaFoto: Reuters/O. Sanadiki

May disse que os bombardeios visavam especificamente a destruir a capacidade de Assad de usar armas químicas, e que a coalizão dos três países não tem a intenção de interferir na guerra civil da Síria ou forçar uma mudança de regime. 

O presidente francês Emmanuel Macron disse que a operação conjunta mirou o "arsenal químico clandestino" do governo sírio.

O ataque em Duma na última semana "cruzou a linha vermelha para a França", afirmou Macron. "Nós não podemos tolerar a trivialização do uso de armas químicas que apresentam um perigo imediato para o povo sírio e para nossa segurança coletiva."

Os três aliados ocidentais disseram esta semana ter encontrado evidências de que o governo do presidente Bashar al-Assad foi o responsável pelo ataque do último sábado e que o regime teria que pagar o preço por utilizar armas químicas.

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, classificou o ataque como "apropriado e necessário", embora a Alemanha não tenha tido participação no bombardeio. O presidente da Comissão Europeia, Donald Tusk, afirmou que a "UE está com seus aliados". 

"Trump, Macron e May são criminosos"

O embaixador da Rússia nos Estados Unidos disse que "tais ações não ficarão sem consequências." O ministério russo do Exterior afirmou que o ataque "veio justamente no momento em que o país tinha uma chance de paz."

"Boas almas não serão humilhadas", tuitou a presidência da Síria logo após o início dos bombardeios. A mídia estatal condenou os ataques como "flagrante violação da lei internacional" e "fadados ao fracasso".

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse que o ataque americano foi um crime sem propósitos. "Os EUA e seus aliados não vão conseguir nada com seus crimes na Síria. Atacar a Síria é um crime. O presidente americano, a premiê britânica e o presidente francês são criminosos".

RPR/FF/ap/rtrt/afp/dpa

Pular a seção Mais sobre este assunto