EUA e aliados já bloquearam US$ 330 bilhões da Rússia
29 de junho de 2022
Força-tarefa internacional criada para fazer valer sanções confiscou bilhões em ativos de oligarcas e do Banco Central russo desde o início da guerra de agressão do Kremlin contra a Ucrânia.
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A força-tarefa criada para fazer valer as sanções internacionais contra a Rússia congelou mais de US$ 330 bilhões (em torno de R$ 1.725 trilhão) em recursos financeiros de propriedade de membros da elite russa e do Banco Central de Moscou.
A informação foi dada nesta quarta-feira (29/08) em nota emitida pelo próprio grupo, chamado Força-Tarefa para Elites, Representantes e Oligarcas Russos (Repo, na sigla em inglês), criada pelos principais aliados da Ucrânia.
Segundo o comunicado, foram bloqueados US$ 30 bilhões de oligarcas próximos do Kremlin e autoridades do regime de Vladimir Putin. Outros US$ 300 bilhões do Banco Central russo também foram congelados.
Entre os bens confiscados estão Imóveis e iates de luxo de magnatas. "Juntos, vamos assegurar que nossas sanções continuem a impor custos à Rússia, por sua agressão contínua e não provocada na Ucrânia", afirmou o grupo, na nota divulgada pelo Departamento do Tesouro dos EUA.
A Repo foi formada em 17 de março, três semanas após o início da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, por iniciativa da secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, e do procurador-geral, Merrick Garland, em conjunto com autoridades de finanças e de Justiça da Alemanha, Austrália, França, Canadá, Japão, Itália e Reino Unido.
A Comissão Europeia criou sua própria força-tarefa de confisco e apreensão, de modo a colaborar com a Repo. O objetivo dos aliados é aumentar a pressão econômica sobre Moscou.
A força-tarefa age continuadamente na apreensão de bens luxuosos e mega iates de oligarcas ligados ao líder russo, Vladimir Putin. Ela também trabalha para isolar Moscou do sistema financeiro global, tonando mais difícil para o Kremlin utilizar seu dinheiro no mercado internacional e continuar a financiar a guerra.
Os membros da força-tarefa prometeram continuar seu trabalho, no intuito de "aumentar os custos da guerra para a Rússia". Eles vêm obtendo êxito em restringir a habilidade de Moscou de adquirir tecnologias avançadas.
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Legalidade contestada
Ao mesmo tempo, aumentam nos EUA as preocupações sobre a legalidade dessas ações, uma vez que o confisco de bens de cidadãos não americanos ocorre por fora do sistema judicial. Dessa forma, indivíduos que sofreram consequências graves não têm meios de contestar judicialmente as ações das quais são alvos.
Alguns especialistas advertem que as apreensões podem ter consequências sobre pessoas inocentes que nada têm a ver com a guerra, em razão da grande variedade de alvos. A União Americana das Liberdade Civis (ACLU) chegou a contestar algumas das leis criadas recentemente para facilitar o confisco de bens por parte das autoridades dos EUA.
O governo americano, por sua vez, argumenta que, em meio a um ambiente de guerra que gerou uma crise alimentícia global, é preciso "maximizar o impacto das sanções sobre determinados indivíduos e entidades, enquanto cuidamos para evitar alastramentos que afetem os mercados globais de commodities e o abastecimento de alimentos".
No último domingo, Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Japão anunciaram que vão proibir a compra de ouro russo, de modo a evitar que o país e seus magnatas possam utilizar essa commodity para driblar as sanções.
rc (AFP, AP)
Sanções do Ocidente atingem círculo íntimo de Putin
Em reação à invasão da Ucrânia, UE, EUA e outros países ocidentais impuseram sanções severas à economia russa e aos associados do presidente Vladimir Putin. Quem são os bilionários atingidos?
Foto: Christian Charisius/dpa/picture alliance
Igor Sechin
Sechin é ex-primeiro-ministro da Rússia e diretor executivo da estatal petroleira Rosneft. No documento da União Europeia relativo às sanções, ele é descrito como "um dos assessores mais próximos e amigo pessoal" de Vladimir Putin. Além disso, apoia a consolidação da anexação ilegal da Crimeia à Rússia, sobretudo com o envolvimento da Rosneft no fornecimento de combustível à península.
Foto: Alexei Nikolsky/Russian Presidential Press and Information Office/TASS/picture alliance
Alisher Usmanov
Nascido no Uzbesquistão, Usmanov é magnata de metais e telecomunicação. A UE o cita como um dos oligarcas favoritos de Putin, tendo pago milhões a um de seus principais assessores, hospedado o presidente russo em sua luxuosa residência pessoal, além de atuar em sua "linha de frente" e "resolver seus problemas de negócios". Os EUA e o Reino Unido também o acrescentaram a suas listas negras.
Foto: Alexei Nikolsky/Kremlin/Sputnik/REUTERS
Mikhail Fridman e Petr Aven
A UE descreveu Fridman (c.) como "importante financiador e facilitador do círculo íntimo de Putin". Ele e seu parceiro de longa data Aven (dir.) lucraram bilhões de dólares com petróleo, transações bancárias e comércio de varejo, segundo a agência de notícias Reuters. A UE acrescenta que Aven é um dos homens de negócios russos ricos que se reúnem regularmente com Putin no Kremlin.
Foto: Mikhail Metzel/ITAR-TASS/imago
Negando conexões com Putin e o Kremlin
Numa coletiva de imprensa após o anúncio pela UE, tanto Fridman quanto Aven (dir.) negaram ter qualquer "relação financeira ou política com o presidente ou o Kremlin" e prometeram combater as punições, supostamente sem base, "com todos os meios à disposição". Nascido no oeste da Ucrânia, Fridman é um dos poucos russos submetidos a sanções que se pronunciou publicamente contra a guerra.
Foto: Alexander Nenenov, Pool/AP/picture alliance
Boris e Igor Rotenberg
A família Rotenberg é notória por seus laços estreitos com Putin. Boris é coproprietário do SMP Bank, associado à petroleira Gazprom. Seu irmão Arkady, já sob sanções da UE e dos EUA, praticava judô com Putin desde adolescente. Igor, filho de Arkady, controla a campanha de perfuração Gazprom Bureniye. Após a invasão russa, Boris e Igor entraram para as listas britânica e americana de sancionados.
Foto: Sergey Dolzhenko/epa/dpa/picture-alliance
Gennady Timchenko
Timchenko é um importante acionista do Rossiya Bank – definido no documento da UE como o banco pessoal das autoridades russas, investindo nas emissoras de televisão que apoiam ativamente as medidas do governo russo para desestabilizar a Ucrânia. Além disso, o Rossiya teria aberto sucursais na Crimeia, apoiando sua anexação ilegal.
Foto: Sergei Karpukhin/AFP/Getty Images
Alexei Mordashov
Mordashov investiu seriamente no National Media Group, o maior holding particular de mídia da Rússia, que apoia as medidas estatais de desestabilização da Ucrânia, afirma a UE. Em comunicado, o bilionário asseverou que não tem "nada a ver com a emergência da atual tensão geopolítica" e definiu essa guerra como uma "tragédia de dois povos fraternos".
Foto: Tass Zhukov/TASS/dpa/picture-alliance
Iates confiscados
As novas sanções incluem o congelamento de bens e restrições a viagens. Desde sua imposição, diversos iates de luxo pertencentes à elite russa foram confiscados na Itália, França e Reino Unido. Entre seus proprietários estão Sechin, Usmanov e Timchenko.