EUA e Canadá enfrentam onda de calor e centenas de incêndios
11 de julho de 2021
Altas temperaturas provocaram evacuações, problemas no abastecimento de energia, fechamento de estradas e a diminuição no tráfego de trens. Vale da Morte, na Califórnia, registrou 53°C neste sábado.
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Milhões de pessoas no oeste dos Estados Unidos e do Canadá foram atingidas neste fim de semana por uma nova onda de calor que provocou incêndios florestais, evacuações, problemas no abastecimento de energia, o fechamento de estradas e a diminuição no tráfego de trens.
"Uma perigosa onda de calor afetará grande parte do oeste dos Estados Unidos, com temperaturas provavelmente recordes", escreveu o Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA em seu site neste domingo (11/07).
Os avisos de calor excessivo cobrem a maior parte da Califórnia e partes dos estados de Nevada, Arizona, Utah, Oregon e Idaho.
O Vale da Morte, no deserto do Mojave, na Califórnia, registrou 53°C no sábado e 54°C na sexta-feira. Se forem confirmadas, serão as temperaturas mais altas desde 1913, quando fez 57°C no deserto de Furnace Creek, também na Califórnia, considerada a maior temperatura já medida na Terra.
Palm Springs, no sul da Califórnia, atingiu pela quarta vez neste ano os 48°C.
Limitação nas ferrovias do Canadá
Na província canadense da Colúmbia Britânica, o recorde histórico de temperatura foi quebrado por três dias consecutivos. Na manhã deste domingo, a região registrava 298 incêndios, segundo autoridades locais.
O ministro canadense dos Transportes, Omar Alghabra, anunciou neste domingo medidas de emergência com o objetivo de prevenir novos incêndios.
"As condições meteorológicas sem precedentes na Colúmbia Britânica continuam sendo uma ameaça séria à segurança pública e às operações ferroviárias", disse em comunicado.
Os trens são uma causa comum de incêndios florestais quando seus dispositivos de detenção de faíscas não recebem a manutenção correta. Por essa razão, o governo canadense colocou em vigor até 31 de outubro uma norma que estabelece que nenhuma locomotiva circule nas zonas de risco extremo sem ter sido inspecionada 15 dias antes.
Várias estradas e rodovias foram fechadas em áreas classificadas como de risco e uma dúzia de cidades ou localidades estão sob ordens de evacuação no Canadá. Além disso, os trens devem reduzir a velocidade quando a temperatura ultrapassar 30ºC e quando o nível de perigo de incêndio para a zona for considerado "extremo".
O governo canadense enviou investigadores a Lytton, a cerca de 250 quilômetros de Vancouver, para verificar se um trem de carga pode ter sido a causa de um incêndio no final de junho que destruiu 90% da cidade. No final do mês passado, o local registrou o recorde histórico de temperatura no Canadá, com 49,6ºC.
No norte da Califórnia, na fronteira com o estado de Nevada, os bombeiros continuam combatendo o maior incêndio do ano nos Estados Unidos, causado por dois raios e que duplicou de tamanho entre sexta-feira e sábado, chegando aos 222 quilômetros quadrados. É a terceira onda de calor a varrer a região neste verão.
Também há incêndios nos estados de Washington, Oregon e Arizona, onde uma aeronave de resgate caiu no condado de Mohave, matando dois bombeiros.
Os serviços meteorológicos dos Estados Unidos avisaram que as condições adversas podem causar doenças relacionadas ao calor e os serviços de eletricidade da Califórnia e de Nevada pediram que os cidadãos reduzissem o consumo de energia para evitar possíveis apagões devido a problemas nos sistemas de distribuição causados pelos incêndios e pelo calor excessivo.
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Calor também na Espanha
Além da América do Norte, partes da Europa também enfrentam calor extremo. Na Espanha, a Agência Estatal de Meteorologia emitiu alertas de calor para a maior parte do país, com temperaturas acima de 40ºC em Madri e em Sevilha pelo segundo dia consecutivo.
A primeira onda de calor extremo do ano na Espanha deve se espalhar nesta segunda-feira por quase todo o país, poupando apenas uma porção da costa atlântica.
Para fugir do calor, muitos espanhóis buscaram refúgio em museus com ar-condicionado, como o do Prado, em Madri.
Os ingressos para todas as 19 piscinas externas da capital espanhola ficaram esgotados neste domingo. A capacidade foi limitada devido a medidas de segurança contra o coronavírus.
Bombeiros tiveram que controlar um incêndio que começou na manhã de sexta-feira perto da cidade de Jubrique, na província de Málaga, destruindo 350 hectares de pinheiros, segundo autoridades locais.
le (ap, afp, lusa, ots)
Tesouros culturais e históricos destruídos
Incêndios, guerras, terremotos e enchentes destruíram parte da história da humanidade. Confira algumas perdas das últimas décadas, de museus a catedrais.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Correa
Catedral de Notre-Dame, Paris (2019)
Sobrevivente quase intacta de várias guerras, a Catedral de Notre-Dame, em Paris, foi parcialmente destruída por um incêndio em 15 de abril de 2019. A igreja começou a ser construída em 1163 e só foi concluída em 1345. Segundo o governo francês, o dano só não foi maior porque alguns funcionários colocaram suas vidas em perigo e entraram nas duas torres para combater o incêndio de dentro.
Foto: picture-alliance/dpa/T. Camus
Museu Nacional, Rio de Janeiro (2018)
Um incêndio destruiu cerca de 90% do acervo e boa parte do prédio do Museu Nacional do Rio de Janeiro, em 2 de setembro de 2018. Com 20 milhões de peças e documentos, era o quinto maior museu do mundo em acervo. Lá estavam, por exemplo, o fóssil de mais de 11 mil anos de Luzia, a mulher mais antiga das Américas, e o sarcófago da sacerdotisa Sha-amun-en-su, mumificada há 2.700 anos.
Foto: Reuters/R. Moraes
Museu de História Natural, Nova Déli (2016)
Todo o acervo do Museu de História Natural da Índia, localizado em Nova Déli, foi consumido em um incêndio em 26 de abril de 2016. Entre as perdas incalculáveis, está um osso de dinossauro saurópode, com idade estimada em 160 milhões de anos.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Gupta
Museu da Língua Portuguesa, São Paulo (2015)
Em 21 de dezembro de 2015, o Museu da Língua Portuguesa, localizado na centenária Estação da Luz, em São Paulo, foi destruído por um incêndio, no qual morreu um bombeiro civil. Mais de 100 homens e 60 viaturas trabalharam no local. A maior parte do acervo, no entanto, por ser virtual, pode ser recuperada de cópias de segurança. A previsão é de que ele seja reaberto no primeiro semestre de 2020.
Foto: Getty Images/AFP/M. Schincariol
Hatra, Iraque (2015)
Entre os muitos patrimônios culturais destruídos pelo grupo "Estado Islâmico" está a cidade histórica de Hatra, no Iraque. Em abril de 2015, os extremistas divulgaram um vídeo em que aniquilavam o local (foto). Construída por volta do ano 300 a.C., a cidade foi capital do primeiro reino árabe da região, um dos únicos a resistir à invasão do Império Romano no segundo século depois de Cristo.
Foto: picture-alliance/AP Photo/Militant video
Palmira, Síria (2015)
Em 2015, a organização terrorista Estado Islâmico destruiu várias construções da antiga cidade-oásis de Palmira, na Síria. Entre elas, os templos de Bel e Baalshamin (foto), erguidos há 2 mil anos, e um arco do triunfo construído por volta do ano 200. O EI também executou Khaled al-Assad, que por 50 anos foi chefe de arqueologia de Palmira, por ele ter escondido dos extremistas tesouros culturais.
Foto: picture alliance/AP Photo
Katmandu, Nepal (2015)
Cerca de 60% do patrimônio mundial da Unesco no Nepal foi destruído por um terremoto em 25 de abril de 2015, que também matou pelo menos 8,7 mil pessoas. Nas cidades reais de Bhaktapur, Patan e Katmandu, vários templos e estátuas dos séculos 12 até o 18 foram danificados ou completamente destruídos, entre eles, a Praça de Darbar (foto).
Foto: picture-alliance/dpa/N. Shrestha
Tombuctu, Mali (2012)
Em 2012, as cidades históricas de Tombuctu (foto) e Gao, no Mali, sofreram danos irreparáveis nas mãos de jihadistas. Entre os patrimônios destruídos, estão mausoléus – como o de Sidi Mahmoud Ben Amar –, a porta da mesquita Yahia, de centenas de anos, e milhares de manuscritos dos séculos 14, 15 e 16 sobre islamismo, filosofia, poesia, matemática, astronomia e medicina.
Foto: Getty Images
Áquila, Itália (2009)
Em 2009, uma série de abalos sísmicos (sendo o mais forte no dia 6 de abril) atingiu a região da cidade de Áquila, na Itália, causando a morte de cerca de 300 pessoas e destruindo centenas de prédios históricos. Entre os patrimônios danificados estão a igreja das Almas Santas e a Basílica de Santa Maria di Collemaggio.
Foto: dapd
Catedral de Nossa Senhora da Assunção, Porto Príncipe (2010)
Em janeiro de 2010 um terremoto no Haiti deixou mais de 220 mil mortos e 1,5 milhão de desabrigados. O sismo também destruiu prédios históricos da capital Porto Príncipe, como o Parlamento, o Palácio Nacional, que teve seus escombros implodidos em 2012, e a Catedral de Nossa Senhora da Assunção (foto), construída entre 1884 e 1914.
Foto: AP
Biblioteca e Arquivo Nacional, Bagdá (2003)
No início da ocupação liderada pelos Estados Unidos, em 2003, quando o caos se instaurou na capital, a Biblioteca Nacional de Bagdá (foto) foi incendiada, destruindo cerca de 25% de seus livros e de 60% dos arquivos, incluindo registros otomanos inestimáveis. No mesmo ano, cerca de 15 mil peças foram saqueadas do Museu Nacional de Bagdá. Um terço delas foi recupera e o museu reabriu em 2012.
Foto: cc-by-sa-nd-DAI
Budas de Bamiyan, Afeganistão (2001)
Entalhados em rochas há mais de 1.500 anos, duas estátuas de Buda no vale de Bamiyan, no Afeganistão, foram destruídas pelo Talibã em 2001 por serem consideradas afrontas ao Alcorão. Um dos homens que participou forçado do crime relatou que, primeiro, os Budas foram atingidos com tanques e disparos. Quando viram que não fazia efeito, colocaram explosivos para destruí-los.
Foto: picture-alliance/dpa/N. Ahmed
Capela do Santo Sudário (1997)
A Capela do Santo Sudário, em Turim, na Itália, foi construída no século 17 para abrigar o tecido que teria envolvido o corpo de Jesus após a crucificação. O local foi destruído por um incêndio na madrugada de 11 para 12 de abril de 1997, mas a relíquia religiosa foi salva por bombeiros que entraram no prédio em chamas para resgatá-la. Somente após 21 anos, a capela foi reaberta.
Foto: picture-alliance/dpa/Ansa
Obras de arte, livros e manuscritos, Florença (1966)
Chuvas torrenciais atingiram a Itália e 80 milhões de metros cúbicos de água invadiram Florença em 4 de novembro de 1966, após o rompimento de um dique do rio Arno. Além de deixar dezenas de mortos, a água invadiu igrejas, galerias, museus e bibliotecas. Pelo menos 1.500 obras de arte ficaram danificadas ou se perderam para sempre, assim como milhares de livros, manuscritos e esculturas.