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EUA e China acertam trégua na guerra comercial

2 de dezembro de 2018

Trump e Xi Jinping concordam em não elevar taxações a partir de janeiro e esperam chegar a um acordo em 90 dias. Fim aguardado não veio em Buenos Aires, e guerra comercial entre as duas potências continua.

Xi Jinping e Donald Trump
Xi Jinping, ao contrário de Trump, defendeu o livre-comércio na cúpula do G20Foto: Getty Images/AFP/N. Asfouri

As expectativas sobre o encontro entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o chefe de Estado da China, Xi Jinping, na noite deste sábado (01/12), eram grandes. O encontro entre os dois era visto como o mais importante da cúpula do G20 em Buenos Aires.

O próprio Trump elevou ainda mais as expectativas na véspera, ao afirmar que "algo grande pode acontecer". A delegação chinesa, mais cautelosa, falou de aproximação, mas também de diferenças na guerra comercial entre as duas potências econômicas.

Depois de duas horas e meia, o jantar das duas delegações encerrou-se aparentemente sem um grande acerto ou guinada, desejados também pelo assessor econômico de Trump, Larry Kudlow. Trump deixou a Argentina rumo a Washington, sem dar declarações.

Já Kudlow disse que tudo transcorreu "muito bem", mas sem dar mais detalhes. A televisão estatal chinesa CCTV noticiou que ambas as partes pactuaram não aplicar tarifas adicionais, previstas para 1º de janeiro, e continuar as negociações.

Jantar entre as delegações chinesa e americana durou duas horas e meiaFoto: Reuters/K. Lamarque

Por sua vez, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, disse após a reunião que Trump concordou em suspender por 90 dias o seu plano de elevar de 15% para 25% as tarifas americanas a produtos chineses, no valor de 200 bilhões de dólares. Em troca, acrescentou, Xi se comprometeu a aumentar "substancialmente" as compras de "produtos agrícolas, energéticos, industriais e de outro tipo" pela China.

Em setembro, os Estados Unidos impuseram taxas de importação adicionais sobre o equivalente a 200 bilhões de dólares em produtos chineses. Também importações de aço chinês foram fortemente tributadas. A China reagiu com tarifas semelhantes a produtos americanos. Trump quer, por meio das taxas, que a China venda menos produtos para os Estados Unidos, com o objetivo de diminuir o déficit na balança comercial entre os dois países.

Poucos dias antes da cúpula, o presidente americano repetiu sua acusação de que a China, há anos, explora os Estados Unidos. Ele se referiu à acusação de que a China exige transferência de tecnologia de empresas americanas que querem ter acesso ao mercado interno chinês.

Os impostos elevaram os preços finais aos consumidores nos Estados Unidos. Numa entrevista ao jornal Washington Post, Trump declarou que a situação atual lhe agrada, pois ele recolhe bilhões de dólares em taxas de importação.

Porém, até agora a guerra comercial com a China não se refletiu num declínio das importações. Segundo a agência de estatísticas dos EUA, elas aumentaram ao longo do ano. O déficit na balança comercial, que Trump queria combater, subiu mais 1 bilhão de dólares em outubro. Especialistas americanos calculam que, em 2018, o valor será recorde para os últimos dez anos.

Mesmo assim, Kudlow, que participou do jantar em Buenos Aires, ao lado do ministro das Finanças, Steven Mnuchin, quer manter a política atual, e Trump ameaçou, esta semana, ampliar ainda mais as taxas de importação, para mais 267 bilhões de dólares.

Porém, antes do encontro, diante das câmeras, Trump fez elogios efusivos aos chineses. "A relação com o presidente XI é muito especial. Esse poderá ser o principal motivo para que, ao fim, nós cheguemos a um acordo em algo que possa ser bom para a China e para os Estados Unidos", disse Trump.

Este "algo" não ficou claro depois de duas horas e meia de conversa. Xi Jinping declarara antes do encontro que "apenas se nós realmente cooperarmos, poderemos servir mutuamente aos objetivos da paz e prosperidade". Antes da cúpula, Xi, ao contrário de Trump, defendeu o livre-comércio e a solução de problemas de forma multilateral.

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Bernd Riegert Correspondente em Bruxelas, com foco em questões sociais, história e política na União Europeia.
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