Governos se dizem empenhados em trabalhar juntos para enfrentar a crise climática "com a seriedade e a urgência que ela exige". Declaração é divulgada após visita a Xangai do enviado dos EUA para o clima, John Kerry.
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Os EUA e a China, os maiores emissores mundiais de gases de efeito estufa, disseram neste sábado (17/04) que vão cooperar com urgência para combater as mudanças climáticas.
"Os Estados Unidos e a China estão empenhados em cooperar entre si e com outros países para enfrentar a crise climática, que deve ser enfrentada com a seriedade e a urgência que ela exige", afirmaram os países em comunicado conjunto.
A declaração foi divulgada após uma visita a Xangai do enviado dos EUA para o clima, John Kerry. Ele é o primeiro membro do governo Biden a visitar a China.
Processos multilaterais
Os dois países disseram que cooperarão em "processos multilaterais" como a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e o Acordo de Paris e que "aguardam com expectativa" a cúpula virtual do clima patrocinada pelo presidente dos EUA, Joe Biden, agendada para esta quinta e sexta-feira. O encontro reunirá 40 líderes mundiais, incluindo o presidente Jair Bolsonaro.
Os EUA e a China também desenvolverão estratégias de longo prazo para se tornarem neutros em carbono a tempo para a cúpula do clima da ONU em Glasgow, Reino Unido, em novembro. A China já estabeleceu uma meta ambiciosa para se tornar neutra em carbono até 2060.
Os dois países também planejam aumentar o investimento em energia verde nas nações em desenvolvimento também para a eliminação do uso de hidrofluorocarbonos, que são usados em condicionadores de ar e geladeiras.
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EUA sinalizam meta ambiciosa
Os EUA devem anunciar nos próximos dias uma meta nacional ambiciosa para reduzir as emissões de carbono.
Enquanto isso, a China sinalizou que dificilmente declarará novas metas na cúpula do clima virtual nesta semana, organizada pelo presidente dos EUA, Biden.
"Para um país com 1,4 bilhão de habitantes, essas metas não são facilmente alcançadas. Alguns países estão pedindo à China que atinja as metas mais cedo. Receio que isso não seja muito realista", disse Le Yucheng, vice-ministro do Exterior da China, à agência de notícias Associated Press.
O presidente chinês, Xi Jinping, afirmou na sexta-feira que a mudança climática "não deve se tornar moeda de troca geopolítica, um objeto para atacar outros países ou uma desculpa para barreiras comerciais".
Antes de partir para a China, Kerry disse ao canal de notícias americano CNN que os EUA cooperariam com a China, apesar das recentes críticas de Washington às violações aos direitos humanos em Xinjiang e da repressão a ativistas pela democracia em Hong Kong.
md (AP, AFP)
Efeitos da pandemia de coronavírus sobre o meio ambiente
Da rápida queda na poluição do ar a animais selvagens que se atrevem a passear por centros urbanos, a crise do coronavírus teve fortes impactos sobre o meio ambiente.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/I. Aditya
Melhor qualidade do ar
À medida que o mundo está parado, a paralisação repentina da maioria das atividades industriais reduziu drasticamente os níveis de poluição. Imagens de satélite revelam até mesmo uma clara queda nos níveis globais de dióxido de nitrogênio (NO2) - um gás produzido principalmente por veículos e, portanto, responsável pela má qualidade do ar nas grandes cidades.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/I. Aditya
Menos emissões de CO2
Da mesma forma como com o NO2, aconteceu uma redução nas emissões de dióxido de carbono devido à diminuição nas atividades econômicas. A última vez em que isso aconteceu foi durante a crise financeira de 2008-2009. Somente na China, as emissões caíram cerca de 25% quando o país começou com medidas restritivas, de acordo com o Carbon Brief. Mas essa mudança provavelmente será apenas temporária.
Enquanto os seres humanos se isolam em suas casas, alguns animais aproveitam o espaço à disposição. Com o trânsito rodoviário reduzido, bichos menores, como porcos-espinhos saídos da hibernação, têm menos probabilidade de serem atropelados. Outras espécies, como os patos, podem estar se perguntando para onde foram as pessoas que lhes costumavam dar migalhas de pão no parque.
Foto: picture-alliance/R. Bernhardt
Mais atenção para o comércio de vida selvagem
Os conservacionistas esperam que o surto de coronavírus ajude a conter o comércio global de vida selvagem, responsável por deixar várias espécies à beira da extinção. A covid-19 provavelmente se originou em um mercado chinês que vende animais vivos e é um centro de vida selvagem traficada ilegal e ilegalmente. A repressão ao comércio de animais selvagens vivos pode ser um efeito positivo da crise.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Lalit
Águas mais limpas
Logo após a Itália impor o isolamento, imagens de canais cristalinos de Veneza foram compartilhadas em todo o mundo - as águas hoje estão muito longe de sua aparência turva habitual. E com os navios de cruzeiro temporariamente ancorados, os oceanos também experimentam queda na poluição sonora, diminuindo o estresse de animais marinhos, como baleias.
Foto: Reuterts/M. Silvestri
Problema dos plásticos continua
Mas não há só notícias positivas. Um dos piores efeitos colaterais ambientais da pandemia de coronavírus é o rápido aumento no uso de plástico descartável - de equipamentos médicos, como luvas, a embalagens plásticas, à medida que mais pessoas optam por alimentos pré-embalados. Mesmo cafés que continuam abertos não usam mais copos reutilizáveis, na tentativa de impedir a propagação do vírus.
Foto: picture alliance/dpa/P.Pleul
A crise do clima continua
Com o coronavírus dominando o noticiário, o problema do aquecimento global por enquanto parece deixado de lado. Especialistas alertam que decisões importantes sobre o clima não devem ser adiadas - mesmo com a conferência da ONU sobre o clima adiada para 2021. Embora as emissões tenham caído desde o início da pandemia, é improvável que em longo prazo ocorram mudanças generalizadas.