Obama e Xi Jinping anunciam adesão oficial dos maiores emissores do mundo ao compromisso alcançado na capital francesa para reduzir o aquecimento global. Decisão pode impulsionar outros países a fazerem o mesmo.
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Responsáveis por 38% das emissões de gases do efeito estufa no planeta, China e EUA anunciaram neste sábado (03/09) a ratificação do acordo do clima de Paris. O pacto foi alcançado em dezembro de 2015 na capital francesa e é o maior compromisso mundial conjunto para desacelerar as mudanças climáticas.
O compromisso foi anunciado pelos presidentes Barack Obama e Xi Jinping paralelamente à cúpula do G20 na cidade chinesa de Hangzhou. O aval das duas potências, imprescindível para a implementação do pacto, pode dar o impulso necessário para que outros países façam o mesmo.
"É o momento em que finalmente decidimos salvar o planeta", afirmou Obama, após o anúncio da ratificação do acordo. "Quando há vontade e ambição, e quando há países como China e EUA prontos para mostrar liderança e exemplo, é possível criar um mundo mais próspero."
Destinado a substituir em 2020 o Protocolo de Quioto, o acordo de Paris entra em vigor 30 dias depois de pelo menos 55 países que agrupem 55% das emissões de gases causadores do efeito estufa o ratificarem. Antes de China e EUA, apenas 24 o haviam ratificado – em grande parte nações pequenas do Pacífico e do Caribe.
Um dos entraves é a necessidade, em muitos países, da ratificação pelos Parlamentos nacionais. O chinês o fez na sexta-feira. Já o Congresso americano não precisa se manifestar – basta o aval do presidente. A ratiticação foi entregue ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
Segundo a Casa Branca, mais de 55 países expressaram publicamente o compromisso de ratificar o acordo antes que termine o ano. Entre os que estão finalizando o processo de ratificação se encontram Brasil (Câmara e Senado já aprovaram), Argentina, Coreia do Sul e Japão.
Pelo pacto, os países se comprometem a restringir o aumento global das temperaturas a menos de 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais. Críticos, no entanto, dizem que, mesmo se o acordo for totalmente implementado, os cortes de gases do efeito estufa prometidos serão insuficientes para limitar o aquecimento a um limite máximo acordado.
As temperaturas globais atingiram altas recordes pelo 15º mês seguido em julho. Julho também foi o mês mais quente desde que os registros globais tiveram início em 1880, segundo a agência meteorológica americana.
Pelo acordo de Paris, a China se compromete, até 2030, a aumentar para 20% a proporção de fontes não poluidoras no total de energia gerado no país. Já os EUA têm o compromisso de reduzir até 2025 as emissões de gases de efeito estufa entre 26% e 28%, em relação aos níveis de 2005.
Antes de chegar à China para o ato com Xi e participar da cúpula do G20, que vai até a segunda-feira, Obama realizou várias paradas nos EUA com o objetivo de defender seu legado ambiental e contra a mudança climática. A luta conta o aquecimento global é hoje o principal ponto de interseção diplomática entre os dois países.
RPR/ots
Giro por um mundo transformado pelo clima
As mudanças do clima global estão alterando a face do mundo, do derretimento do gelo polar e elevação do nível do mar à migração da vegetação. Quem quiser mostrar aos filhos como é uma geleira de verdade, que se apresse.
Foto: Reuters/Mariana Bazo
Mundinho pequeno
Mesmo se conseguirmos manter o aquecimento global abaixo de 2°C, 2015 poderá ser o ano mais quente já registrado desde a era pré-industrial. O risco de o nível do mar subir mais de um metro e submergir Amsterdã persiste. Se continuarmos a emitir dióxido de carbono na velocidade atual, até 2100 a Terra terá se aquecido em 4°C – e Nova York estará sob o mar.
Foto: CC BY 2.0 Duncan Hull
Recifes de coral por um fio
Mergulhar na Austrália para admirar os belos recifes de coral pode ser um prazer com dias contados, pois o aquecimento global vai destruindo esses ecossistemas submarinos. As águas cada vez mais quentes causam a descoloração dos corais, e um aumento de 2°C pode dissolvê-los. O acréscimo de CO2 torna a água dos oceanos mais ácida, impedindo o crescimento normal das estruturas calcárias.
Foto: picture-alliance/ dpa
Alpes sem esqui
O aquecimento nos Alpes é "três vezes a média global", segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. O nível de neve diminui a cada ano e a vegetação conquista montanhas mais altas. Estações de esqui nas zonas inferiores estão ameaçadas de falência. Alguns resorts até cobrem a neve com material reflexivo durante os meses mais quentes, na tentativa de deter o derretimento.
Foto: picture-alliance/chromorange
Veneza – beleza submersa?
A italiana Veneza é apenas uma entre as cidades ameaçadas de desaparecer com a subida do nível do mar. Ou de se tornar inabitável, devido a inundações e tempestades cada vez mais fortes. O mesmo medo atinge Miami, Nova York, Santo Domingo, Bangkok, Barranquilla, Hong Kong, Cidade de Ho Chi Minh, Palembang, Tóquio, Mumbai, Alexandria, Amsterdã: todas elas correm risco.
Foto: picture-alliance/dpa
Passagem Noroeste
O derretimento das geleiras está permitindo que navios cortem caminho entre a Europa e a Ásia pela historicamente intransitável Passagem Noroeste. Em 2007, a Agência Espacial Europeia anunciou que o trecho estava "inteiramente navegável". Embora ainda não esteja suficientemente livre para navios de carga, os cruzeiros agora já oferecem uma rota antes reservada aos aventureiros e exploradores.
Foto: DW/I.Quaile
Elefantes em perigo
O aumento populacional e as mudanças climáticas afetam os animais. Eles lutam para se ajustar às secas cada vez mais frequentes e intensas, ondas de calor, tempestades e o aumento do nível do mar. A organização de proteção ambiental WWF incluiu o elefante africano na lista das espécies e lugares atingidas pelas mudanças climáticas, juntamente com as tartarugas, tigres, golfinhos e baleias.
Foto: Reuters/P. Bulawayo
Seca californiana
As mudanças climáticas são claramente visíveis no estado americano da Califórnia, que é afetado por fortes períodos de seca. Os últimos três anos foram os mais quentes de todos os tempos. Quem quiser passear pelas plantações de amêndoas na Califórnia, as de café no Brasil ou os campos de arroz no Vietnã, é agora ou nunca.
Foto: Reuters/L. Nicholson
Escalando as últimas geleiras
A lista do Patrimônio Mundial da Humanidade inclui numerosas belezas naturais, mas com um aquecimento global de 3°C, 136 dessas 700 maravilhas serão afetadas. Entre elas o Glacier National Park, nos EUA, onde os efeitos das mudanças climáticas estão sendo estudados. Das 150 geleiras existentes aqui no século 19, sobravam 24 em 2010. A previsão é que em 2030 o parque estará privado de todas elas.
Foto: gemeinfrei
Mudança climática a domicílio
Se depois de todas essas imagens, você ainda não teve vontade de conhecer nenhum desses lugares, pode ficar onde está. As mudanças climáticas poderão vir bater à sua porta, sem que você sequer precise se levantar do sofá. A Climate Central acredita que mais de 150 milhões de pessoas moram em áreas que serão submersas ou estarão sujeitas a inundações constantes até 2100. Ou mesmo bem antes disso.