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PolíticaCoreia do Norte

EUA-Coreia do Norte: versões conflitantes sobre negociações

5 de outubro de 2019

Segundo negociador norte-coreano, encontro com delegação americana não conduziu a qualquer progresso, devido a atitude de Washington. EUA desmentem. Expectativas são grandes, após suposta aproximação entre Kim e Trump.

Asiáticos ao lado de carro
Negociador norte-coreano Kim Myong Gil (c.) atribui fracasso de negociações exclusivamente a EUAFoto: AFP/J. Nackstrand

O negociador-chefe da Coreia do Norte, Kim Myong Gil, acusou os Estados Unidos pelo fracasso das negociações sobre a desnuclearização iniciadas neste sábado (05/10), em Estocolmo, após meses de impasse e apesar de uma nova escalada dos testes de mísseis de Pyongyang.

"As negociações não corresponderam às nossas expectativas e acabaram por fracassar", disse. Esse resultado "das negociações, que não conduziram a qualquer progresso, deve-se unicamente aos Estados Unidos, que não abandonaram a sua atitude habitual", declarou o enviado norte-coreano aos jornalistas reunidos na embaixada de seu país na capital sueca.

Apesar de sugestões como "abordagem flexível, novos métodos e soluções criativas", os EUA teriam "decepcionado grandemente" e "sufocado o entusiasmo para negociações" da delegação norte-coreana, explicou Kim Myong Gil. Agora, a situação na Península Coreana "se encontra na encruzilhada entre diálogo e confrontação", alertou.

A versão do Departamento de Estado americano, contudo, é diametralmente oposta: "Os comentários precoces da delegação da Coreia do Norte não refletem o conteúdo nem o espírito da discussão de oito horas e meia de hoje", alegou em comunicado a porta-voz do órgão diplomático, Morgan Ortagus.

Ela assegurou que "os EUA trouxeram ideias criativas e tiveram boas discussões com suas contrapartes norte-coreanas". Washington já teria aceitado o convite da anfitriã, Suécia, para retomar a conversa dentro de duas semanas, acrescentou.

Da Grécia, último trecho de seu giro pela Europa, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, disse considerar cedo demais para se saber se as conversas resultarão em progressos, mas ele tem esperanças que sim.

O encontro das duas delegações ocorreu depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, ter anunciado para breve uma nova cúpula com o líder norte-coreano, Kim Jong-un. As negociações entre Washington e Pyongyang ficaram congeladas desde a reunião entre Trump e Kim em fevereiro, apesar de os dois terem tido um "encontro espontâneo" em junho, na zona desmilitarizada na fronteira entre as duas Coreias.

Pyongyang tem pedido a Washington um alívio das sanções impostas por retaliação aos testes com armas nucleares do governo norte-coreano, mas Trump já impusera que qualquer alteração de posição deveria ser antecedida por medidas de desarmamento nuclear.

Após ter atacado Pompeo no fim de agosto, nos últimos dias a diplomacia norte-coreana vinha elogiando a postura de Trump como "corajosa" e "sábia", e insistido na necessidade de Washington aliviar as sanções econômicas para que houvesse avanços nas negociações.

AV/afp,ap,lusa

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