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EUA e Cuba usam Panamá para aprofundar reaproximação

10 de abril de 2015

Telefonema entre Obama e Castro, reunião de chanceleres e indícios de que Washington está perto de retirar Havana da lista de apoiadores do terror reforçam sinais de que cúpula será marco na relação entre os dois países.

Bildergalerie Kuba Bildkombo Barack Obama Raul Castro
Foto: picture-alliance/dpa/Michael Nelson/Alejandro Ernesto

A expectativa a de que a Cúpula das Américas pode se tornar um símbolo de uma guinada nas relações interamericanas cresceu nesta sexta-feira (10/04), com sinais de que Estados Unidos e Cuba vão, de fato, usar o Panamá para avançar em sua reaproximação.

Na noite de quinta-feira, os chefes da diplomacia de Cuba, Bruno Rodríguez, e EUA, John Kerry, se sentaram para conversar, na reunião de mais alto nível entre os dois países desde os primeiros meses da Revolução Cubana há mais de meio século.

John Foster Dulles e Gonzalo Guell foram os últimos chefes da diplomacia dos EUA e de Cuba, respectivamente, a realizar uma reunião formal. Ela aconteceu em Washington, em 22 de setembro de 1958. Em abril do ano seguinte, o então vice-presidente dos EUA, Richard Nixon, e Fidel Castro, na época primeiro-ministro, se reuniram em Havana.

Nesta sexta-feira, foi revelado também que, dois dias antes, o presidente americano, Barack Obama, ligou para o cubano Raúl Castro. Foi apenas a segunda vez que líderes dos dois países se falaram ao telefone em mais de cinco décadas. Embora o conteúdo da conversa não tenha sido divulgado, o gesto por si só já demonstra interesse mútuo em estreitar as relações.

O primeiro telefonema foi em dezembro passado, pouco antes de Obama anunciar uma mudança histórica na política para Cuba, declarando que o embargo econômico se provou uma iniciativa mal-sucedida. Os últimos quatro meses desde então foram marcados por passos de ambos os lados rumo à normalização das relações.

Reunião de mais alto nível entre os dois países desde os primeiros meses da Revolução CubanaFoto: Reuters/U.S. State Department

"As circunstâncias mudaram, e a lista vai mudar"

Um dos pontos-chave para essa normalização é a retirada de Cuba, após quase três décadas, da lista americana de "Estados patrocinadores do terrorismo". Segundo Obama, o Departamento de Estado já completou um estudo recomendando a mudanças.

"Nossa ênfase vem sendo nos fatos", disse Obama, na Jamaica, pouco antes de embarcar para o Panamá. "Queremos ter certeza, levando em conta que essa é uma ferramenta poderosa para isolar países que genuinamente apoiam o terrorismo, de que, quando fizermos essa designação, tenhamos evidência claras de que esse é o caso. As circunstâncias mudaram, e essa lista vai mudar também."

A previsão é de que Obama endosse a recomendação, embora não esteja claro se ele vai anunciar sua decisão durante a cúpula. Também não está certo se ele terá uma reunião privada com Raúl Castro, paralelamente às reuniões oficiais.

A inclusão de Cuba na lista de patrocinadores do terrorismo tem sido um grande obstáculo para o restabelecimento das relações bilaterais. Sua exclusão iria ajudar a aliviar algumas sanções financeiras a Havana e tornar mais fácil para as empresas americanas fazerem negócios na ilha.

A decisão de Obama de avançar em direção à restauração completa dos laços diplomáticos é uma mudança radical nas relações entre os dois países desde a Revolução Cubana, quando o ditador Fulgencio Batista, apoiado pelos Estados Unidos, foi derrubado por Fidel Castro e outros revolucionários.

As relações entre os dois países se deterioraram rapidamente, e os Estados Unidos romperam laços diplomáticos em 1961. Washington impôs um duro embargo comercial à ilha, ao qual Cuba atribui a maior parte de seus problemas econômicos.

Obama já relaxou algumas restrições comerciais e de viagens, mas apenas o Congresso nacional, atualmente controlado pela oposição republicana, pode derrubar o embargo.

RPR/afp/efe/rtr

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