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Defesa

DW (rw)20 de agosto de 2008

Acordo entre Washington e Varsóvia prevê construção de dez bases para mísseis interceptadores na Polônia. Pela primeira vez desde a queda da Cortina de Ferro, país volta a ter unidades militares estrangeiras.

Condoleezza Rice e o presidente polonês, Lech Kaczynski, em VarsóviaFoto: AP

A secretária norte-americana de Estado, Condoleezza Rice, e seu colega polonês de pasta, Radoslaw Sikorski, assinaram em uma cerimônia festiva em Varsóvia, nesta quarta-feira (20/08), o controverso acordo para a instalação de mísseis interceptadores na Polônia. Para apoiar este sistema, em 8 de julho último foi assinada a instalação de radares na República Tcheca.

O sistema é criticado pela Rússia, que interpreta como agressão as instalações norte-americanas em seus antigos países satélites. Moscou ameaça construir um sistema semelhante em parceria com Belarus. Por seu lado, Condoleezza Rice lembrou que os sistemas servem apenas à defesa e que podem evitar ataques do Irã e da Coréia do Norte, por exemplo.

O acordo prevê a instalação, no norte da Polônia, de uma base norte-americana com dez mísseis interceptadores capazes de destruir, em pleno vôo, mísseis balísticos de longo alcance. Em contrapartida, os Estados Unidos se comprometem a instalar mísseis do tipo Patriot perto de Varsóvia, para a defesa do território polonês. Os planos também envolvem a ajuda financeira de Washington às Forças Armadas polonesas.

As negociações para a instalação do sistema duraram vários anos. Elas foram apressadas pela guerra no Cáucaso e pelo conflito na Geórgia. A Polônia e os Estados Unidos chegaram ao consenso sobre detalhes básicos somente nas últimas semanas, depois de apresentadas as posições antagônicas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da Rússia.

Briga entre vizinhos

O acordo assinado nesta quarta-feira é considerado um dos grandes êxitos internacionais da Polônia, desde seu ingresso na Otan e na União Européia. Pela primeira vez desde o final da Segunda Guerra Mundial, serão instaladas bases dos Estados Unidos ao leste do rio Oder, antigamente de domínio do regime soviético. O ministro polonês de Relações Exteriores, Sikorski, salientou que isso não servirá apenas ao seu país, mas a toda a Otan.

Ao mesmo tempo, Varsóvia tenta manter uma política de boa vizinhança com Moscou. Após duras críticas da Rússia, a Polônia está disposta a permitir inspetores russos nas bases norte-americanas. Este aspecto é visto de forma positiva por especialistas em armamentos.

Já o estacionamento de mísseis do tipo Patriot em solo polonês é considerado problemático. O político social-democrata alemão Rolf Mützenich, especialista em relações exteriores, vê nisso uma ameaça às relações entre a União Européia e Moscou. Ao mesmo tempo, ele considera os recentes testes iranianos um sério desafio à política de segurança.

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