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Rússia pressionada a se esforçar por distensão na Ucrânia

8 de março de 2014

Tensões aumentam na Crimeia enquanto líderes internacionais buscam solução pacífica para a crise. Acesso de missão internacional à península é barrado a tiros, e avião de observação ucraniano é alvejado.

Foto: Reuters

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e seu homólogo francês, François Hollande, telefonaram neste sábado (08/03) sobre a situação na Ucrânia. Segundo declaração do gabinete da presidência da França, os dois líderes advertiram a Rússia sobre "novas medidas", caso o país não tome iniciativas para aliviar a crise na península da Crimeia.

Hollande e Obama insistiram na "necessidade de a Rússia remover as tropas enviadas à Crimeia desde o final de fevereiro e de tudo fazer para permitir o acesso de observadores internacionais". "Se não houver progresso nessa direção, serão tomadas novas medidas, que afetariam sensivelmente as relações entre a comunidade internacional e a Rússia, e que não seriam do interesse de nenhuma das partes", consta da declaração de Paris.

Também o ministro do Exterior da Rússia, Serguei Lavrov, e o secretário de Estado americano, John Kerry, conversaram ao telefone por iniciativa deste último. Ambos concordaram em "continuar os contatos intensivos com o objetivo de amainar a crise na Ucrânia", segundo breve declaração do Ministério russo das Relações Exteriores, que não forneceu maiores detalhes.

Cerca de 24 horas antes, Lavrov avisara Kerry para evitar ações "precipitadas" dos Estados Unidos contra a Rússia, capazes de prejudicar as relações bilaterais e de "retornar como um bumerangue" contra os americanos.

Tiros de advertência nas fronteiras

Observadores internacionais da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) tiveram o acesso à Crimeia bloqueado neste sábado. Segundo fonte da OSCE, tiros de advertência foram dados pelas forças pró-Rússia que dominam o posto de controleem Armyansk, na estrada oeste que liga a península ao restante do território ucraniano. Os tiros parecem não ter sido disparados diretamente contra o grupo, e não houve feridos.

O intuito dos guardas aparentemente era intimidar o comboio, que inclui um ônibus com os monitores internacionais. Este foi o terceiro dia consecutivo em que a OSCE tenta o acesso à Crimeia, sem sucesso. Na quinta-feira, seus observadores foram proibidos de entrar no mesmo local, Armyansk, e no dia seguinte, barrados em outro posto de controle em Chongar, na estrada leste para a Crimeia.

A missão da OSCE, que visa contribuir para o alívio das tensões na região, envolve 54 integrantes civis e militares, de 29 países. A Ucrânia e a Rússia contam entre os 57 países-membros da organização.

Arseniy Yatsenyuk, premiê interinio da Ucrânia,Foto: SERGEI SUPINSKY/AFP/Getty Images

O governo da Polônia anunciou que seu consulado na cidade de Sevastopol, na Crimeia, foi evacuado devido a "tensões criadas pelas forças armadas da Rússia". O ministro polonês do Exterior, Radoslav Sikorski, declarou através de mensagem na rede social Twitter que "todos os membros do nosso consulado foram retirados e estão atualmente em segurança".

Também neste sábado, guardas de fronteira da Ucrânia denunciaram que um avião de patrulha ucraniano foi alvejado enquanto voava na altitude de mil metros, próximo a divisa com a Crimeia. Ninguém saiu ferido, na aeronave que transportava três membros de uma missão de observação.

Encontro cordial em Moscou

O governo de transição da Ucrânia e os países do Ocidente se opõem com veemência a uma eventual independência da Crimeia em relação a Kiev, e consideram ilegítimo o referendo convocado para 16 de março pelo parlamento da República Autônoma, com o fim de decidir sobre a separação.

Devido ao envio de tropas russas àquela península no Mar Negro, os EUA impuseram proibições de viagem e o congelamento de bens de representantes do governo russo e da Crimeia, e a União Europeia deverá adotar sanções contra a Rússia.

A derrubada do presidente ucraniano Viktor Yanukovytch em fevereiro, após meses de protestos em massa pelo país, é definida pela Rússia como golpe de Estado, e o novo governo interino, considerado "ilegítimo".

Ainda assim, o vice-chanceler russo, Grigory Karasin, também se reuniu com o embaixador ucraniano em Moscou, Vladimir Yelchenko, neste sábado. O Ministério russo do Exterior se limitou a informar que "foram discutidos assuntos russo-ucranianos, em atmosfera cordial".

Missão da OSCE tem bloqueado acesso à CrimeiaFoto: Alexander Nemenov/AFP/Getty Images

O primeiro-ministro interino da Ucrânia, Arseniy Yatsenyuk, declarara na véspera que seu país está pronto a iniciar conversações bilaterais, mas que para tal Moscou deve primeiramente remover suas tropas, aceitar os acordos internacionais e interromper o apoio a "separatistas e terroristas".

Yatsenyuk revelou ter pedido uma nova conversa telefônica com seu homólogo russo, Dmitri Medvedev. Os dois chefes de governo se falaram em 1º de março, no único contato de alto nível entre os dois governos, desde o início da crise na Ucrânia.

RC/rtr/afp

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